Por: João de Sousa Lima
“UM NOVO OLHAR SOBRE UM FATO SEM O RESPEITO MERECIDO E A HOMENAGEM ATRAVÉS DE UMA LEMBRANÇA QUE FALTAVA”.
Dia 1º de abril de 2012, um domingo de Ramos, dia de oração para muitos fieis e por outro lado o que em nossa cultura comemora-se “Dia da Mentira” serviu para tornar verdadeira a história, sendo reconhecido um capítulo que por muito tempo se manteve sem o seu devido valor.
Lembro que tudo começou em 2008 quando Eu, Vilela e a equipe jornalística do Diário do Pernambuco, em visita para gravar uma entrevista com Antonio Vieira, soldado de volante e que residia na cidade alagoana de Delmiro Gouveia, prometemos ao velho combatente que iríamos realizar uma homenagem ao seu amigo de farda e companheiro de batalha, o soldado Adrião Pedro de Souza, que foi o único policial que morreu quando do confronto que matou o cangaceiro Lampião e mais dez companheiros incluindo sua mulher, a famosa Maria Bonita.
Em março de 2011 durante o evento do Centenário de Maria Bonita acontecido também na cidade alagoana de Piranhas, quando lá chegou o grupo de pesquisadores, escritores e estudiosos do tema cangaço oriundos de Paulo Afonso, fomos apresentados a Décio Canuto, neto do soldado Adrião e que tinha vindo de Maceió pra participar do evento e falar da possibilidade dos escritores realizarem a homenagem ao seu avô. Falamos para Décio que esse era um projeto meu e de Vilela e que vínhamos amadurecendo desde 2008, falando inclusive da promessa feita a Antonio Vieira.
Vilela ficou encarregado de colher mais informações com os familiares de Adrião e que ainda residiam próximos a sua cidade Garanhuns.
Depois de quatro anos do compromisso firmado com Antonio Vieira a promessa foi cumprida. Dia 1º de abril de 2012 saímos de Paulo Afonso, Eu, Jadilson Ferraz, Edson Barreto, Elaide Barreto e Evelin Barreto. De Garanhuns veio Vilela, sua esposa Da Paz, seu filho Hans Lincoln, a nora Soraya Crystina e o pesquisador de São Bento do Una, Edvaldo Primo.
Chegamos ao porto de Piranhas, embarcamos na canoa “O Cangaceiro”, comandada por Célio e descemos o Rio São Francisco até a Grota do Angico.
Na Grota, lateral a pedra onde se situa a homenagem aos cangaceiros escolhemos uma pedra e fixamos a cruz e a placa com o seguinte texto:
ADRIÃO PEDRO DE SOUZA
01.01.1915 28.07.1938
“Neste chão, no cumprimento do
Dever caiu por terra o
Soldado Adrião Pedro de Souza
A quem reverenciamos
Nesta oportunidade”.
Grota do Angico, 01 de março de 2012
Desempenhamos nossa obrigação e retornamos com a confiança do dever exercido e com a certeza da reparação histórica que por tantos e tantos anos ficou como lacuna sobre o capítulo acontecido naquela manhã fria de 28 de julho de 1938.
Agora descanse em paz Adrião Pedro de Souza, descanse em paz Antonio Vieira.
Que os remanescentes de Adrião possam se orgulhar dos atos de suas últimas horas de vida, que a policia em seus arquivos resguarde o mérito desse brioso guerreiro, que a história lhe atribua o respeito merecido informando pontualmente que na Grota do Angico doze pessoas (e não onze) tombaram sem vida naquele fatídico dia frio.
João de Sousa Lima
Historiador e escritor.
Paulo Afonso, 01 de abril de 2012.
Edvaldo Primo, João Lima, Vilela e Edson Barreto exibindo a placa na chegada a Piranhas.
A placa em hoemangem a Adrião.
A cruz que faltava
Edson Barreto transporta a cruz
Jadilson "Bin Laden” descansa na sombra de uma árvore, olhos fixos na cruz
A placa pesada espera o transportador restabelecer suas forças.
Edson, João e Jadilson Ferraz fixam a placa e a cruz
Vilela, João e Lincoln dando o acabamento nas homenagens.
Promessa paga: a cruz e a placa enfim marcam mais um capitulo da história do cangaço.
Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço: João de Sousa Lima
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