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quinta-feira, 21 de julho de 2016

GENTE DAS RUAS DE POMBAL: DÉCADA DE 1970 - SEU JOÃO LINDOLFO

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Seu João Lindolfo era baixinho, gordo, usava chapéu, gostava de camisas alguns números maiores do que o recomendado e sempre aberta pela metade, deixando escapar sua imensa barriga.

Era visto atravessando às ruas de Pombal: seja conduzindo um porco para engorda, uma balde de leite para entrega a freguesia, ou entregando uma buchada de encomenda. Ele era de um mau humor espartano.

Gostávamos de fazer perguntas sem sentido ou óbvias, só para ouvirmos uma resposta engraçada.

- Seu João, o que tem neste balde é leite?

- Não. É areia. Se sua mãe quiser eu tô fazendo entrega

- E o senhor agora ta vendendo areia? Insiste para irritá-lo mais.

- Tô. Vou fazer essa entrega a sua égua da sua mãe.

- eu num acredito que o senhor ta vendendo areia?

Irritado ele abre o balde, joga o leite na cara chato e grita:

-Olhe ai se num é areia, seu fi de uma égua.

Certa vez ele foi entregar uma buchada, e o cliente que, sem nenhuma maldade, só querendo saber se a buchada era fresca, perguntou inocentemente:


- seu João, o senhor mesmo matou esse bode?

Ele respondeu:

-não: eu tirei as tripas dele enquanto ele tava dormindo.

Seu João adorava política. Quando seu candidato ganhava as eleições ele não perdia a oportunidade de ir à forra com os adversários.

Umas das suas vitimas preferidas era dona Zulima, na Rua do Comércio. Ele costumava passar de frente da casa, cantando as parodias dos candidatos para irritá-la.

Certa vez ele passou a caminho da SEDE (local onde se apuravam os votos) certo de que o seu candidato seria vitorioso, só que houve uma reviravolta e o candidato dele acabou perdendo o pleito. De volta para casa, de cabeça baixa, ele passava de frente a casa de dona Zulima, quando esta foi à forra:

- seu João quem ta na frente? Perguntou com sarcasmo.

E com sua voz grossa seu João respondeu:

- é minha Pica: num tá vendo não?

De imediato todas as janelas da Rua se fecharam

Seu João engordava porcos que matava e vendia a carne

Outra vez ele tangia pelas ruas de Pombal um bacurim, desses que dá bastante trabalho para se conduzir, quando mais uma vez surge no eu caminho aquele gaiato de plantão:

- seu João isso é um porco?

E vem a resposta:

- é a sua mãe! Você não conhece mais a égua da sua mãe, não?

No velório da sua esposa alguém foi dá os pêsames:

- seu João, ela era uma boa mulher. Vai fazer muita falta.

E a resposta:

- principalmente á noite, quando as muriçocas que iam para rede dela agora vão vir pra minha

Esse é um resumo de seu João Lindolfo que entre lendas e verdades fez muita gente ri nas ruas de Pombal das décadas de 1960 e 1970.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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