Por Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Seu João
Lindolfo era baixinho, gordo, usava chapéu, gostava de camisas alguns números
maiores do que o recomendado e sempre aberta pela metade, deixando escapar sua
imensa barriga.
Era visto
atravessando às ruas de Pombal: seja conduzindo um porco para engorda, uma
balde de leite para entrega a freguesia, ou entregando uma buchada de
encomenda. Ele era de um mau humor espartano.
Gostávamos de
fazer perguntas sem sentido ou óbvias, só para ouvirmos uma resposta
engraçada.
- Seu João, o
que tem neste balde é leite?
- Não. É
areia. Se sua mãe quiser eu tô fazendo entrega
- E o senhor
agora ta vendendo areia? Insiste para irritá-lo mais.
- Tô. Vou
fazer essa entrega a sua égua da sua mãe.
- eu num
acredito que o senhor ta vendendo areia?
Irritado ele
abre o balde, joga o leite na cara chato e grita:
-Olhe ai se
num é areia, seu fi de uma égua.
Certa vez ele
foi entregar uma buchada, e o cliente que, sem nenhuma maldade, só querendo
saber se a buchada era fresca, perguntou inocentemente:
- seu João, o
senhor mesmo matou esse bode?
Ele respondeu:
-não: eu tirei
as tripas dele enquanto ele tava dormindo.
Seu João
adorava política. Quando seu candidato ganhava as eleições ele não perdia a
oportunidade de ir à forra com os adversários.
Umas das suas
vitimas preferidas era dona Zulima, na Rua do Comércio. Ele costumava passar de
frente da casa, cantando as parodias dos candidatos para irritá-la.
Certa vez ele
passou a caminho da SEDE (local onde se apuravam os votos) certo de que o seu
candidato seria vitorioso, só que houve uma reviravolta e o candidato dele
acabou perdendo o pleito. De volta para casa, de cabeça baixa, ele passava de
frente a casa de dona Zulima, quando esta foi à forra:
- seu João quem
ta na frente? Perguntou com sarcasmo.
E com sua voz
grossa seu João respondeu:
- é minha
Pica: num tá vendo não?
De imediato
todas as janelas da Rua se fecharam
Seu João
engordava porcos que matava e vendia a carne
Outra vez ele
tangia pelas ruas de Pombal um bacurim, desses que dá bastante trabalho para se
conduzir, quando mais uma vez surge no eu caminho aquele gaiato de plantão:
- seu João
isso é um porco?
E vem a
resposta:
- é a sua mãe!
Você não conhece mais a égua da sua mãe, não?
No velório da
sua esposa alguém foi dá os pêsames:
- seu João,
ela era uma boa mulher. Vai fazer muita falta.
E a resposta:
-
principalmente á noite, quando as muriçocas que iam para rede dela agora vão
vir pra minha
Esse é um
resumo de seu João Lindolfo que entre lendas e verdades fez muita gente ri nas
ruas de Pombal das décadas de 1960 e 1970.
Enviado
pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano
José Romero de Araújo Cardoso.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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