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quarta-feira, 5 de julho de 2017

INVASÃO E RESISTÊNCIA - OS 90 ANOS DA DERROTA DE LAMPIÃO NO CONFRONTO COM O POVO DE MOSSORÓ – “PERFIS DOS CANGACEIROS” – “d”- MASSILON LEITE E ISAÍAS ARRUDA - PARTE XV

Por Honório de Medeiros Pesquisador e advogado

Passados noventa anos da invasão de Mossoró pelo bando de Lampião, ainda não foi suficientemente escrita a história de dois personagens secundários que participaram direta e ativamente do episódio; refiro-me a Isaías Arruda e Massilon. 

Isaías Arruda de Figueiredo

Há outros, que o tempo se encarrega, lentamente, de jogar no esquecimento. Não, entretanto, com a dimensão do ex-chefe Político do Cariri, Delegado e Prefeito de Missão Velha, e o ex-cangaceiro cuja família deitou raízes sólidas no chão sertanejo da aba da Serra de Luiz Gomes, no Sítio Japão.

O cangaceiro Massilon - http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2011/05/isaias-arruda-e-massilon.html

Isaías é uma figura maior, historicamente falando. Pertence ao ciclo áureo dos barões feudais nordestinos que usavam o título de Coronel. Sua vida, os episódios por ele vividos no Cariri, tudo quanto acontecido nas primeiras décadas do século XX nesse Sertão dos coronéis, do cangaço, do misticismo, está sendo contado muito devagar, no mesmo ritmo dos seus mistérios e segredos, aguardando o somatório dos talentos passados, presentes e futuros de homens contadores de estórias e histórias, repentistas, cordelistas, declamadores, ratos-de-biblioteca, fuçadores de papel, escrevinhadores agalardoados ou não, enfim, dessa imensa fauna que constrói, aos poucos e sempre, o espírito de uma época.

Massilon poi sua vez, historicamente é uma figura menor. Até por que sua vida no cangaço foi muito curta. Um nonada. Algo da qual ele se afastou logo, queixando-se da sorte, indo à busca dos "eldorados" do Norte. Foi, pois tinha encontro marcado com a morte. Tivesse ficado, sendo filho de sua época e averso, por fim, ao cangaço que abraçara cavalgando as circunstâncias, teria, talvez, morrido cedo e da mesma forma, violentamente: era de praxe acontecer com tantos e tantos por aqueles dias. 

Lampião e seu bando em Limoeiro do Norte em 1927

Mesmo assim deixou sua marca. Gravou seu nome na nossa história de forma definitiva. Não há como se falar em Lampião, Mossoró. 1927, sem que seu nome seja trazido à baila. Sempre é, aliás, embora não com a devida importância. Importância esta que aparece tão logo alguém se faz a seguinte pergunta: teria havido Mossoró sem Massilon?

Com o fracasso do ataque a Mossoró, Massilon foi embora para o Piauí no início de 1928 e dele nunca mais a história ouviu falar. 

Continuaremos amanhã com o título:
"LITERATURA DA RESISTÊNCIA"

Fonte: Jornal De Fato
Revista: Contexto Especial
Nº: 8
Páginas: 48
Ano: 6
Cidade: Mossoró-RN
Editor: José de Paiva Rebouças
E-mail: josedepaivareboucas@gmail.com
Ilustrado por: José Mendes Pereira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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