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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

EM MEIO À FUGA O PADRE QUE CASOU DULCE E 'CRIANÇA' E BATIZOU 'BALÃO'

 Padre Lima

Gonçalo de Souza Lima, popularmente conhecido por Padre Lima, nasceu em Porto da Folha aos 27 de julho de 1900, filho de Pedro de Souza Rito e Josefa Maria dos Prazeres. Nessa época Porto da Folha passava por significativa mudança no que se refere ao fim da escravidão à cerca de 20 anos, algo que havia deixado por lá a ferrenha marca do preconceito racial.

A primeira missa celebrada pelo Padre Lima aconteceu dia 01 de Dezembro de 1929 na terra natal. No ano seguinte foi designado a substituir o Padre Arthur Passos em Porto da Folha, permanecendo até 1931, quando foi transferido para a paróquia de Pacatuba, onde ficou até 1937, ocasião em que passou a ser o pároco de Aquidabã.

O Padre Lima esteve por diversas vezes a celebrar missas, casamentos e batizados em Porto da Folha, embora sendo o pároco oficial de Aquidabã. Este compromisso espontâneo se deu pelo fato de sua terra natal haver ficado longo período sem Padre.

 Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no município de Porto da Folha/SE

Após a chacina de Angico, em 28 de Julho de 1938, quando morreram Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, chegou a Porto da Folha um grupo de 17 cangaceiros para se entregar, três deles foram à casa do Pe. Lima a procura dos sacramentos. 

Entre estes, o casal Criança e Dulce e o cabra Balão.

João Alves da Silva "o Criança" e Dulce Menezes pediram para se casar e Guilherme Alves dos Santos "o Balão", para ser batizado. O Padre, então vigário de Aquidabã, encontrando-se na terra natal não se opôs ao pedido de Criança. Quanto ao pedido de Balão, disse com seu vozeirão:

“Eu não acredito que um homem na sua idade seja pagão!”

E o cangaceiro respondeu: “Eu sou”. A minha família é crente. O Capitão só me aceitou porque prometi que tão logo encontrasse um Padre, pediria pra me batizar.”

O Padre Lima retrucou: “Lampião já morreu!”

Balão justificou: “Mas eu estou devendo e quero pagar.”

O Padre achando bonito o gesto do cangaceiro, lhe disse: “Então vá procurar um padrinho”.

Ele foi direto a “seu” Manezinho Delegado, mas este recusou o convite.

O cangaceiro voltou triste e o Padre Lima perguntou: “Já tem padrinho?”

Balão: “Eu convidei seu irmão e ele não aceitou”.

O Padre mandou chamar o irmão e disse: “Aceite, que é para fazer dele um cristão”.

O casamento e o batizado foram realizados perto do meio dia, na presença de muitos curiosos, principalmente meninos, tendo por padrinhos o Sr. Manoel de Souza Lima, "Manezinho delegado" e sua esposa Dona Estefânia Poderoso a Dona Ester.

Manoel de Souza Lima, o 'Manezinho delegado'. (1910 - 2012)

A partir deste e de outros acontecimentos marcantes, o Padre Lima foi se tornando cada vez mais conhecido no sertão de Sergipe. O religioso faleceu no dia 28/01/1980, em sua residência na capital sergipana.

Trecho da biografia composta por Joaquim Santana Neto, de acordo com informações da família em conjunto com os dados contidos no livro “Porto DA Folha, fragmentos da história e esboços biográficos” de Manoel Alves de Souza.

Pescado em http://www.joaquimsantana.net/galeria/padre-lima/

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Crian%C3%A7a

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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