Zé Wellington e Manoel Severo
"Cangaço Overdrive" é a mais nova e festejada obra desse cearense de Sobral, nascido em 1984, José Wellington Alves Granjeiro Filho. Administrador, escritor e roteirista de história em quadrinho, Zé Wellington já vem se destacando há algum tempo no universo dos gibis de vanguarda. Foi indicado dois anos consecutivos ao Troféu HQMIX na categoria "Novos Talentos", nos anos de 2015 e 2016 tendo sido vencedor no ano de 2016 e com seu trabalho Cangaço Overdrive foi indicado para o Prêmio Jabuti 2019.
O cordel se une à batalhas cibernéticas no universo futurista para trazer a obra cyberpunk genuinamente nordestino em quadrinhos, Cangaço Overdrive justamente com o roteiro de Zé Wellington, que já havia produzido; Quem Matou João Ninguém? e Steampunk Ladies: Vingança a vapor; os desenhos são de Walter Geovani (Red Sonja, Sala Imaculada) e Luiz Carlos B. Freitas e cores ficaram a cargo de Dika Araújo (Quimera) e Tiago Barsa (The few and the cursed).
Se nas terras áridas das caatingas sertanejas os protagonistas principais eram Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião e Maria Bonita, nas ousadas e inéditas páginas de Cangaço Overdrive o principal personagem é Capitão Cotiara seguido de sua amada Flor de Lis. O cenário do cangaço real se passa no sertão dos sete estados nordestinos, já o cyberpunk se passa no nosso Ceará, num futuro próximo e num cenário de seca das mais terríveis, onde vão se enfrentar novamente os lendários cangaceiros e os coronéis do futuro, representados pelos grandes conglomerados empresariais.
"O cangaço é um destes exemplos que chegam a ser paradoxais. A partir de uma história de deslocamento, imaginando um cangaceiro reanimado num futuro distópico, Cangaço Overdrive quer mostrar como o contraste social pode também tornar frágeis os limites entre bem e mal. Como dizia Chico Science: o medo dá origem ao mal" revela Zé Wellington ao portal judao.com e continua o portal, o Nordeste possibilitou alguns paralelos interessantes. Por exemplo, qual é o cenário comum das histórias cyberpunks? Cidades sem vida e interesses das grandes corporações sobrepujando interesses sociais, com ricos muito ricos e pobres em situação de extrema pobreza. E conclui Zé Wellington “veja só, foi num cenário parecido com esse que surgiu o cangaço, no século XIX. O produto final é um legítimo cyberpunk, mas sem perder a regionalidade. Os cangaceiros, um dos assuntos preferidos dos cordelistas, viviam em seu próprio mundo pós-apocalíptico — e aí eu penso agora que esse apocalipse começou para o Nordeste quando o Brasil foi descoberto, a luta de classes que representa o PUNK do cyberpunk possibilitou alguma relações interessantes com o banditismo social".
Zé Wellington recebe Comenda do Cariri Cangaço das mãos de Manoel Severo
O Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo confirma, "para nós que fazemos o Cariri Cangaço foi uma grande honra poder homenagear na noite de hoje o talento, a arte, e principalmente a determinação e perseverança deste que sem dúvidas é um dos maiores roteiristas de quadrinhos do Brasil, Zé Wellington Filho". Em suas palavras o festejado roteirista confessa: "A honra é inteiramente nossa, sua fã do Cariri Cangaço e do trabalho do Severo há muito tempo e quis o destino que hoje nos encontrássemos nessa noite muito importante para mim"encerra Zé Wellington.
Por fim mais um trecho da entrevista de Zé Wellington ao portal judao.com de Thiago Cardim: "Mesmo depois de ler romances como Grande Sertão: Veredas, Vidas Secas e Os Sertões, ainda sentia um certo formalismo na minha escrita: ainda parecia um cyberpunk escrito fora do país, dai dei de frente com alguns experimentos do cordelista e quadrinista Klévisson Viana, entre eles adaptações de cordéis clássicos para quadrinhos, respeitando integralmente o texto original. Funcionava muito bem. Já havia na história uma personagem no futuro que tinha uma forte relação com a cultura popular e pensei: e se ela fosse a narradora da história e o fizesse como cordel?" E assim nasceu Cangaço Overdrive.
Por fim mais um trecho da entrevista de Zé Wellington ao portal judao.com de Thiago Cardim: "Mesmo depois de ler romances como Grande Sertão: Veredas, Vidas Secas e Os Sertões, ainda sentia um certo formalismo na minha escrita: ainda parecia um cyberpunk escrito fora do país, dai dei de frente com alguns experimentos do cordelista e quadrinista Klévisson Viana, entre eles adaptações de cordéis clássicos para quadrinhos, respeitando integralmente o texto original. Funcionava muito bem. Já havia na história uma personagem no futuro que tinha uma forte relação com a cultura popular e pensei: e se ela fosse a narradora da história e o fizesse como cordel?" E assim nasceu Cangaço Overdrive.
Por Manoel Severo
Homenagem a Zé Wellington e Cangaço Overdrive
Shopping Benfica - Fliace 2019 - Fortaleza,CE
29 de Novembro de 2019
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