Por: Samuel Albuquerque
Os sergipanos do Sertão do São Francisco conhecem e admiram Alcino Alves Costa. Desde 1992, esse poço-redondense tornou-se frequentador assíduo das casas de muitas famílias que sintonizam seus rádios na Xingó FM. Ao cair da tarde, essas pessoas rememoram suas vivências, embaladas por antigas canções sertanejas selecionadas cuidadosamente por Alcino, em seu programa “Sertão, Viola e Amor”.
Alcino Alves Costa e Aderbal Nogueira
Os demais sergipanos, ao menos aqueles que costumam ler jornais e acompanhar publicações de livros, conhecem Alcino através dos seus textos. Ele frequenta as páginas dos jornais locais e os recentes títulos publicados pela Editora Diário Oficial, escrevendo sobre um universo que é pouco estudado e compreendido: o Sertão. Desde Felisbelo Freire, autor da primeira grande obra de História de Sergipe, muito pouco se estudou sobre o nosso Sertão. Alcino Alves Costa não é historiador de formação, mas como um competente escritor, vem registrando e interpretando com sensibilidade a memória do Sertão Sergipano.
Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino nasceu no dia 17 de junho em 1940, em Poço Redondo, no seio de uma família que contava com mais quatro irmãos e duas irmãs. Muito jovem, enfronhou-se na política local. Foi prefeito por três vezes, entre meados da década de 1960 e fins da década de 1980. No entanto, abandonou essa paixão cheia de sobressaltos por outras que lhe eram mais caras: a família, os livros, a música e, como não podia deixar de ser, o Sertão.
Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino nasceu no dia 17 de junho em 1940, em Poço Redondo, no seio de uma família que contava com mais quatro irmãos e duas irmãs. Muito jovem, enfronhou-se na política local. Foi prefeito por três vezes, entre meados da década de 1960 e fins da década de 1980. No entanto, abandonou essa paixão cheia de sobressaltos por outras que lhe eram mais caras: a família, os livros, a música e, como não podia deixar de ser, o Sertão.
Caipira de Poço Redondo ao lado do casal Pedro Luiz
Ao longo de sua vida, constituiu três famílias. Teve muitos filhos e esforçou-se para formar médicos, advogados, engenheiros, professores... Maria do Perpétuo, carinhosamente conhecida como Peta, sua primeira companheira de jornada, deixou-nos recentemente. Ela foi uma grande esposa, uma mãe abnegada, uma mulher generosa como poucas.
Entre 2000 e 2009, publicou mais cinco livros: “Preces ao Velho Chico”; “Sertão, viola e amor”; “Canindé do São Francisco, seu povo e sua história”; “O sertão de Lampião”; e “Poço Redondo, a saga de um povo”. Entretanto, não sou a pessoa adequada para avaliar a obra que vem sendo construída por Alcino. Desde os quatro anos de idade, quando minha mãe, deixando para traz o velho Pernambuco, tomou aquele sergipano como novo companheiro, Alcino tornou-se uma das pessoas mais queridas e importantes para mim. Cresci ouvindo e vendo esse homem escrever sobre as belezas do seu Sertão e sobre as pessoas valentes e, ao mesmo tempo, sensíveis que lá viveram. Para mim, ele também foi o transmissor das lendas que alimentam o imaginário do povo sertanejo; contadas em noites chuvosas, quando a luz elétrica teimava em desaparecer. Perto dele, cresci ouvindo vozes clássicas que cantam o universo sertanejo e caipira:
Os livros e manuscritos espalhados pela casa, a barulhenta máquina de datilografar, as centenas de vinis e a radiola que não tinha descanso contaram favoravelmente para que eu tomasse gosto pelos estudos e pelas coisas de Sergipe.
Certamente, em alguns anos, o legado que vem sendo construído por Alcino será investigado por algum estudioso do pensamento sergipano e nordestino. Não tenho dúvidas de que sua obra é reveladora do universo mental de uma das “nações” que compõe o Brasil. Afinal, o sertão nordestino estudado por Alcino representa outro Brasil. Não o Brasil do litoral, capturado em sua alma pelos escritos de
e dezenas de outros cientistas sociais e literatos. Falo do Brasil dos sertões nordestinos, o “outro Nordeste”, como diria Djacir Menezes. Alcino faz parte de um seleto grupo que teima em desvendar a história e a cultura desses recônditos do Brasil. Mas para não deixar exclusivamente às gerações futuras o reconhecimento da importância de sua obra, tomo a palavra para dizer que, mesmo preferindo viver isolado em Poço Redondo, longe dos ciclos que legitimam os intelectuais da província, Alcino vem engrandecendo a nossa “Republica das Letras”. Seus livros, seus artigos, seu programa de rádio têm muito a dizer sobre os homens e as mulheres do Sertão. Aliás, o nome com o qual batizou seu programa de rádio é o que melhor traduz o seu legado. Alcino vem dedicando sua vida “ao sertão, à viola e ao amor”. Saudações ao “Caipira de Poço Redondo”.
Os livros de Alcino começaram a aparecer em 1996, quando foi publicado o “Lampião além da versão”, obra que já está em sua terceira edição e vem sendo lida e comentada em vários lugares do país.
Entre 2000 e 2009, publicou mais cinco livros: “Preces ao Velho Chico”; “Sertão, viola e amor”; “Canindé do São Francisco, seu povo e sua história”; “O sertão de Lampião”; e “Poço Redondo, a saga de um povo”. Entretanto, não sou a pessoa adequada para avaliar a obra que vem sendo construída por Alcino. Desde os quatro anos de idade, quando minha mãe, deixando para traz o velho Pernambuco, tomou aquele sergipano como novo companheiro, Alcino tornou-se uma das pessoas mais queridas e importantes para mim. Cresci ouvindo e vendo esse homem escrever sobre as belezas do seu Sertão e sobre as pessoas valentes e, ao mesmo tempo, sensíveis que lá viveram. Para mim, ele também foi o transmissor das lendas que alimentam o imaginário do povo sertanejo; contadas em noites chuvosas, quando a luz elétrica teimava em desaparecer. Perto dele, cresci ouvindo vozes clássicas que cantam o universo sertanejo e caipira:
Tonico e Tinoco,
Cascatinha e Inhana,
Luiz Gonzaga,
Marinês, entre tantos outros.
Os livros e manuscritos espalhados pela casa, a barulhenta máquina de datilografar, as centenas de vinis e a radiola que não tinha descanso contaram favoravelmente para que eu tomasse gosto pelos estudos e pelas coisas de Sergipe.
Certamente, em alguns anos, o legado que vem sendo construído por Alcino será investigado por algum estudioso do pensamento sergipano e nordestino. Não tenho dúvidas de que sua obra é reveladora do universo mental de uma das “nações” que compõe o Brasil. Afinal, o sertão nordestino estudado por Alcino representa outro Brasil. Não o Brasil do litoral, capturado em sua alma pelos escritos de
Gilberto Freyre,
José Lins do Rego
e dezenas de outros cientistas sociais e literatos. Falo do Brasil dos sertões nordestinos, o “outro Nordeste”, como diria Djacir Menezes. Alcino faz parte de um seleto grupo que teima em desvendar a história e a cultura desses recônditos do Brasil. Mas para não deixar exclusivamente às gerações futuras o reconhecimento da importância de sua obra, tomo a palavra para dizer que, mesmo preferindo viver isolado em Poço Redondo, longe dos ciclos que legitimam os intelectuais da província, Alcino vem engrandecendo a nossa “Republica das Letras”. Seus livros, seus artigos, seu programa de rádio têm muito a dizer sobre os homens e as mulheres do Sertão. Aliás, o nome com o qual batizou seu programa de rádio é o que melhor traduz o seu legado. Alcino vem dedicando sua vida “ao sertão, à viola e ao amor”. Saudações ao “Caipira de Poço Redondo”.
Samuel Barros de Medeiros Albuquerque
Professor da Universidade Federal de Sergipe
E-mail: samuelalbuquerque@ufs.br
Trasladado do Blog: "Cariri Cangaço"
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