O cangaceiro baiano Manoel Pereira de Azevedo, oriundo do lugarejo Salgado do Melão, chegou ao bando de Lampião, com o nome de guerra JURITI, mas LAMPIÃO, de imediato, quer trocá-lo por Maçarico, mas o recém chegado cangaceiro rejeita o novo nome por considerá-lo afeminado e impõe a sua vontade de permancer sendo chamado de JURITI.
O capitão, que sempre admirou homens de personalidade e temperamento fortes, não colocou obstáculo ao preito de seu novo comandado e a partir daquele momento passaria para o esquecimento o nome Manoel Pereira de Azevedo para surgir, com todo fulgor, o perverso JURITI.
Era um rapaz de corpo atlético, esguio, louro, cabelos finos, gestos elegantes, boas maneiras, apesar de genioso e perverso ao extremo. A conta criminosa e maldita do cagaceiro de Salgado do Melão foi vasta e adubada com muito sangue e muitas dores.
Tempos depois, já famoso e comentado, JURITI leva para a sua companhia a jovem
O escritor João de Sousa Lima e Maria de Juriti
Maria, uma filha de Manoel Jerônimo, vaqueiro da fazenda Picos. Vamos encontrar JURITI e sua companheira Maria no coito de Angico, junto com Virgulino Ferreira, no fatídico 28 de julho de 1938. Naquele dantesco acontecimento muitos bandidos, atônitos e sem saber o que estava acontecendo, só pensavam em fugir daquele inferno. Milagrosamente muitos conseguiram sair daquele inesperado abismo que se abateu sobre o grupo bandoleiro. Milagre que não foi possível para onze companheiros, incluindo o maioral, o grande chefe, LAMPIÃO. Do contingente que conseguiu se salvar alguns foram baleados. A luta para transportar os enfermos foi titânica. Os que tinham condições de carregar os feridos não pouparam esforço, mostraram que faziam parte de uma família verdadeiramente unida. Foi com admirável boa vontade e coragem que transportaram seus doentes para locais seguros, onde os mesmos pudessem ser tratados.
ADENDO
José Mendes Pereira
Esse cangaceiro, foi um dos que pagou caro pelas perversidades que praticou contra seres humanos. É claro que não devemos elogiar pessoas que vivem das maldades. Mas também não podemos aceitar que esses cruéis assassinos, sejam maltratados de forma desumana. É o caso do Juriti, um assecla cheio de delinquências. Ninguém sabe o porquê de seu pensamento adverso em fazer somente o mal. Coisa que só o pai celestial é quem sabe explicar.
O perverso não veio ao mundo marginal. Dedicou-se à marginalização por falta de opção: escolas musicais, escolas de teatro, atletismo, cursos profissionalizantes, incentivo à leitura etc. Se isso um dia tiver franco, o jovem que não tem o que fazer, irá procurar participar da sociedade, juntando-se aos demais que pretendem ser alguém na vida.
O escritor Alcindo Alves, afirma em seu livro: "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angicos", que o primeiro cangaceiro conhecido por Juriti, foi o João Soares. Um assecla do bando dos marinheiro, agregado mais ou menos na década de vinte.
Na madrugada do dia 28 de julho de 1938, no momento da chacina lá em Angicos, em Sergipe, Juriti e a sua companheira Maria, tiveram a sorte de se livrarem dos estilhaços de balas, e conseguiram ludibriar o cerco. E sem condições de reagirem contra os policiais, embrenharam-se às matas, para ver se conseguiam uma distância e não serem pegos pelas volantes. Onze cangaceiros foram abatidos, inclusive o rei Lampião e a sua rainha Maria Bonita. Após três meses do combate de Angicos, o cangaço fora enterrado juntamente com o rei Lampião. E cada um tomou o seu destino, e a maioria foi para Jeremoabo, na Bahia, para se entregar às autoridades.
O capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante geral das forças de combate ao banditismo, resolveu o problema dos remanescentes de Lampião com o coração, enterrando a razão juntamente com o cangaço. Ofereceu uma nova vida aos cangaceiros, assinou documentos, dando-lhes garantia de liberdade, encaminhando-os para se incorporarem à sociedade.
Juriti foi um deles, que juntamente com Maria e o cangaceiro Borboleta (este sendo irmão do assecla Sabonete), entregaram-se as autoridades, sendo liberado. Mas o Juriti não sabia que alguém o procurava.
Na década de quarenta, por má sorte de Juriti, o delegado de Canindé era o Amâncio Ferreira da Silva, um militar mais famoso daquela região, o sargento Deluz. Mesmo ele sabendo que o movimento social de cangaceiros havia se acabado, procurava com prazer os remanescentes de Lampião, só para exterminá-los.
Em 1941, Deluz era proprietário de uma fazenda denominada Araticum. E nessa madrugada, Juriti estava em Pedra Dágua de rede armada e cachimbo aceso, na casa de um amigo, o Rosalbo Marinho.
Assim que tomou conhecimento da presença de Juriti em Pedra Dágua, Deluz resolveu ir aprisionar o pássaro humano.
Juriti lhe disse que era um homem já liberado pela justiça, e não podia ser preso, uma vez que o capitão Aníbal havia lhe dado documento de soltura. Mas o delegado Deluz não quis saber disso. Prendeu-o e juntamente com os seus capangas, levaram o assecla com destino a Canindé, nas terras do Estado de Sergipe, arrastando o pássaro humano que logo iria morrer. Juriti sabia que não havia milagre, e não se cansava de chamá-lo de covarde.
Ao chegarem a uma fazenda denominada Cuiabá, Deluz deixou a estrada e entrou na caatinga. Em uma capoeira, chamada Roça da Velhinha, fizeram uma fogueira. Fogo pronto, os perversos jogaram o ex-bandido dentro do língua de fogo. As chamas famintas principiaram pelas vestes. Juriti sentindo as labaredas assando o seu corpo gritava de dor e ódio. Mas continuava dizendo: “Covardee!... Covarde!... Covard...! Cov...!” A sua voz foi sumindo como um eco bem distante. Em pouco tempo, o fogo assou o Juriti consumindo as suas carnes vivas.
Fontes de pesquisas:
Lampião além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico
Alcindo Alves da Costa.
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