Não são poucos os que vêem em Lampião um Robin Hood nordestino. "Ele foi bandido, mas também teve atitudes de distribuir o que tomava", diz o pesquisador Antonio Amaury C. de Araújo, de São Paulo, que escreveu seis livros sobre o cangaço.
É, houve passagens assim. Em 1927, o bando entrou em Limoeiro do Norte (CE), jogando moedas para as crianças. Cena semelhante acontecera em Juazeiro, quando, num dos mais absurdos episódios da história brasileira, o bandido foi convocado para combater a Coluna Prestes.
"Mas Lampião nunca escolheu aliados em função da classe social", diz o antropólogo Vilela. "Pobres e ricos, oprimidos e opressores, todos Hobswram bons, desde que satisfizessem suas exigências. Todos eram inimigos desde que se opusessem a seus propósitos".
O escritor inglês Eric Hobsbawm chegou a classificá-lo como um "bandido social", exatamente um Robin Hood, mas um tipo vingador. "Sua justiça social consiste na destruição", disse Hobsbawm, que foi criticado pela avaliação.
Billy Chandler, por exemplo, acha que Lampião só poderia ser considerado um bandido social por ter raízes em um ambiente injusto, nunca por se preocupar com a justiça social. Vilela concorda. Para ele, Lampião resistiu a um tipo de migração vergonhosa, a migração do medo, que empurrava para longe gente ameaçada por inimigos ou pela polícia. Para não passar por covarde, assumiu o nomadismo e a violência. As boas ações seriam um "escudo ético", na opinião de
Frederico Pernambucano de Melo, superintendente de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco, de Recife. Lampião, apesar de perverso, queria ser visto como um homem. bom.
Artigo extraído da Revista:
Super Interessante
Ano: 11
N º 6
Junho de 1997
Nenhum comentário:
Postar um comentário