Por Gilberto Costa
Lampião devia
uma promessa feita a São Sebastião, na cidade de Caicó. Incomodava-o essa
dívida e a dificuldade em sempre adiar o seu pagamento. Até que chega o momento
de honrar seu compromisso, conforme acordado em seu juramento numa noite no
matagal de Sergipe. E partem Lampião e Maria Bonita num helicóptero patrocinado
pelo Padre Cícero, numa noite de janeiro, com destino à Capelinha de São Sebastião,
no Serrote da Cruz. A estadia de um dia do casal se dera no mais absoluto
anonimato.
No sábado,
arrancham-se na Casa de Pedra de Elias de Zé do Padre e ao finalzinho da tarde
decidem banhar-se nas águas do Poço de Sant’Ana. São recepcionados pela sereia
que não disfarça sua afeição pelo Rei do Cangaço, dando-lhe todo o gás e
isolando Maria Bonita. A companheira de Lampião, incomodada com o assédio ao
seu amado, promove uma cena de ciúmes tão forte que desperta o touro bravio que
se encontrava adormecido nos mofumbais. Se não fosse a intervenção do vaqueiro
com sua prece, as águas do poço teriam se tingido de vermelho.
Pacificados os
ânimos, retornam ao à Casa de Pedra onde lhes é oferecido um jantar. Comem
carne-de-sol! Arroz de Leite! Feijão Macassar! Queijo de Coalho! Filós de
Batata com Mel de Rapadura, Coalhada de Leite de Cabra, enfim banqueteiam-se
fartamente da hospitalidade. Após a ceia, é-lhes oferecido duas redes para
descansarem da viagem. Lampião, como de costume, puxa um fole e toca até por
volta das 22h00mm, quando lembra aos donos da casa do compromisso motivador do
casal se encontrar ali.
Peregrinam
rumo ao Serrote da Cruz, observados à distância por João de Ananias e Pinguim,
sem serem notados. Chegando lá, ficam a admirar a cidade do alto da Capelinha
de São Sebastião até serem surpreendidos por um forte vento vindo da Muriçoca.
O vento apaga a chama de Lampião e a escuridão toma conta do santuário.
Atordoado, o casal se vê indefeso e um medo até então nunca sentido toma conta
dos aguerridos cangaceiros. Pensando tratar-se de uma emboscada, correm em
busca da aeronave que se encontrava no Estádio Boca Quente e retornam ao
Juazeiro, em busca da proteção do Padim Padre Cícero.
Aquele
ocorrido passa a perseguir Lampião. Ele começa a ter sonhos indecifráveis e uma
inquietude cotidiana rouba-lhe a paz. Resolve confessar-se com seu Padim Padre
Cícero e um encontro é marcado para agosto. Em julho as forças volantes de
Alagoas impedem que esse desejo se concretize.
E assim não
sabe do porquê de Lampião ter feito uma promessa a São Sebastião, no Alto da
Capela do Serrote da Cruz!
Por Gilberto Costa - pesquisador da história caicoense.
http://tudodecaico.blogspot.com.br/2014/12/a-promessa-de-lampiao-sao-sebastiao-em.html
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