Por Clerisvaldo B.
Chagas, 13 de janeiro de 2015 - 1.344
O sertão
alagoano lutou muito para conseguir dos seus governantes água e luz. Inúmeros
movimentos foram realizados, inclusive, passeatas noturnas à luz de velas. Uma
rádio clandestina foi montada para clamar todos os dias pelos direitos básicos
da população. Com tantos berros assim, principalmente em Santana do Ipanema,
Médio Sertão alagoano, o governador major Luiz Cavalcante resolveu providenciar
ambas as coisas para Santana.
Fot:o
(Jornal Consciência Ambiental).
O sertanejo
bem que possuía suas boas cisternas grandes e pequenas que aliviavam bastante à
sede nos tempos de estiagem. O problema todo era apenas ter cuidado com o
grande depósito caseiro, à base da higiene. Não havia orientação da Saúde em
como armazenar as águas das chuvas nas cisternas, para maior segurança.
Entretanto, o homem da cidade e da roça bebia tranquilamente sua água
cristalina escorrida das chuvas pelos telhados.
Quando o major
Luiz resolveu investir em água para Santana do Ipanema, a maior cidade do
sertão, onde a revolta pacífica iniciara, houve certa esperança popular. E de
fato a água encanada do rio São Francisco espirrou pelo cano no meio da rua de
Santana. Choveu discursos na Praça da Bandeira. O próprio governador,
entusiasmado, mandou que agora o povo quebrasse todas as cisternas que havia,
pois ninguém iria mais precisar desse expediente. A água do São Francisco,
segundo ele, não iria faltar jamais e estariam nas torneiras todos os santos
dias. Inúmeras cisternas foram destruídas motivadas pela conversa mole do
governador.
O resultado é
que a euforia não durou muito. A crise da água começou alguns meses depois e
continua até agora. E o caso abastecimento d’água tomou conta do Brasil inteiro
por falta de investimentos, planejamento e honestidade. Lá vai o governo
mandando construir no semiárido, milhares e milhares de cisternas, fazendo
justamente, o que o sertanejo já fazia desde o início do século XX.
Tem sempre
alguém reinventando a roda.
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