Material do
acervo de Antonio Corrêa Sobrinho
AMIGOS, há 57
anos, o coronel JOÃO BEZERRA, comandante das tropas volantes que, no dia 28 de
julho de 1938, executaram a tiros Lampião, sua mulher Maria Bonita, e nove dos
seus companheiros, concedeu a entrevista que trago abaixo, ao “O Globo”, um dos
maiores jornais do Brasil, oportunidade em que este famoso comandante fez
publicada num dos maiores jornais do Brasil, a sua versão sobre os
acontecimentos que culminaram com a morte do mais famoso bandoleiro da história
brasileira.
“O GLOBO” – 26/06/1957
CANGACEIROS
TENTARAM FUGIR, QUANDO AS PRIMEIRAS CABEÇAS ROLARAM
Para
“restabelecer a verdade histórica”, o coronel João Bezerra descreve, quase
vinte anos depois, com detalhes impressionantes, a carnificina que marcou o fim
de Lampião e seu bando sinistro – “suspense” em plena caatinga, numa madrugada
chuvosa de Julho de 1938 – “o degolamento foi uma medida acertada e não me
provocou remorso”, diz a “o Globo” o Oficial da Força Pública de Alagoas, hoje
reformado e fazendeiro.
MACEIÓ, junho
(De Ivan Alves, enviado especial de O GLOBO) – Assegurando que o degolamento de
Lampião foi “uma medida acertada” – pois, se não houvesse ocorrido, muita gente
no sertão não acreditaria que ele tivesse sido eliminado – e que o célebre
cangaceiro não era o “cabra” mais valente e o melhor estrategista do seu grupo,
o coronel João Bezerra, que combateu, também, contra o Sr. Luiz Carlos Prestes
e serviu sob as ordens do general Góis Monteiro e do então major Eduardo Gomes,
encontrando-se, hoje, na reserva da Força Pública do Estado, acedeu em falar a
este repórter, rompendo um silêncio de vários anos, sobre a chacina
desenrolada, sob seu comando, há quase duas décadas, em Angicos, às margens do
São Francisco.
Coronel João Bezerra da Silva comandou a chacina aos cangaceiros
O coronel João
Bezerra, que conta atualmente 52 anos de idade e é um tranquilo fazendeiro no
interior das Alagoas, nega, porém, tenha mandado decapitar o mais famoso chefe
do cangaço, revelando ainda que pretende figurar, em breve, como ator, num
filme do deputado Tenório Cavalcanti, em torno da vida e da morte do homem cuja
série de crimes interrompeu numa manhã chuvosa de outubro de 1938, “para
desafogo e alegria das caatingas nordestinas, que amanheciam e anoiteciam sob a
alça de mira dos trabucos de Virgulino Ferreira”, como hoje relembra,
friamente, ante a memória da sangueira celebrada em prosa e em verso, e em tom
legendário, por todo o Brasil.
CONTINUA...
“O GLOBO” – 26/06/1957
Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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