Em Alagoa Nova
havia um Cruzeiro, pequeno monumento com uma cruz e uma janelinha. Em seu
interior eram colocadas velas acesas, protegendo-as do vento, e também,
“objetos de promessas” - próteses, réplicas de mão, braço, pé e cabeça –, tudo
aquilo que simbolizasse uma cura naquela parte do corpo. Ele situava-se junto à
Lagoa Velha, entre esta e a Lagoa Nova.
Lampião havia
passado algumas vezes ao lado Cruzeiro, quando viajava utilizando esse caminho
que incluía o Pau Ferro, passando pela lagoa, em direção ao Constantino, para
chegar a outras localidades. O mesmo se dava no retorno. Em uma dessas
passagens, fez uma promessa diante do Cruzeiro.
Em 1924, no
final do mês de julho, Lampião envia seus cangaceiros, comandados por seu irmão
Livino e por Chico Pereira, que também tinha um bando. Com eles foram alguns da
região dos Patos de Princesa.
Sousa era uma
cidade grande, e os roubos, maltratos à população e a suas autoridades, tiveram
uma grande repercussão na Paraíba, motivando severas críticas a José Pereira, de
Princesa, porque se comentava que ele protegia os cangaceiros. Revoltado com as
críticas e com o propósito de provar que não estava de acordo com isso, José
Pereira organiza as tropas policiais da região e um grupo de seus comandados
para expulsar Lampião, que estava em terras de seu município.
O coronel
envia uma mensagem, por Manoel Lopes, para o chefe dos bandoleiros, dando-lhe o
prazo de 24 horas para desocupar o Saco dos Caçulas. Isso causou grande
revolta no cangaceiro, contra o coronel.
Lampião lembrou-se
do compromisso religioso feito no Cruzeiro de Alagoa Nova e não queria partir
antes de pagar a promessa. Ele também tinha seus momentos de religiosidade
e combinou a ida com o irmão, possivelmente o Antônio e o cangaceiro Tocha.
Seguiu para São José, onde comunicou a Doca: “Tenho uma promessa pra pagá no
cuzero de Lagoa Nova”. Dali seguiram com Doca. Os quatro passaram pelo arruado
no final da tarde e foram até o Cruzeiro fazer suas orações. Após pagar a
promessa, Lampião disse: “Vamo simbora”. Ele teria deixado dinheiro com alguém
para pintar o cruzeiro. Voltaram à “boca da noite”, sem serem reconhecidos,
deixaram Doca em São José e se transferiram do Saco dos Caçulas para o Alto do
Pau Ferrado, onde tinham o apoio do fazendeiro Antônio Né, da família
Marcelino.
CONTINUA...
http://www.manaira.net/canga%C3%A7o.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário