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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O CANGAÇO E AS HERANÇAS MALDITAS

Por Analucia Gomes

O monopólio da terra e o trabalho servil, heranças das capitanias hereditárias, sempre mantiveram o empobrecimento da população e impediram o desenvolvimento do Nordeste, apesar do empenho de Joaquim Nabuco e da abolição da escravatura. As pessoas continuaram sendo relegadas à condição de objetos, cujo maior dever era servir aos donos de terras. 

Enquanto o capitalismo avançava nos grandes centros urbanos, no meio rural persistia o atraso da grande propriedade: a presença do latifúndio semifeudal, elemento dominador que, da monarquia à república, se mantinha intocável em seus privilégios. Os problemas das famílias abastadas eram resolvidos entre si, sem a intervenção do poder do Estado, mas com a substantiva ajuda de seus fiéis subordinados: policiais, delegados, juízes e políticos. 

No final do século XIX, os engenhos foram tragados pelas usinas, porém as relações pré-capitalistas de produção se conservaram: os trabalhadores rurais se tornaram praticamente servos. 


E o dono da terra - o chamado "coronel" – representava o legítimo árbitro social, mandando em todos (do padre à força policial), com o apoio integral da máquina do Estado. Contrariar o coronel, portanto, seria algo a que ninguém se atreveria. 


É importante registrar também a presença dos jagunços, ou capangas dos "coronéis", aqueles assalariados que trabalhavam como vaqueiros, agricultores ou mesmo assassinos, defendendo com unhas e dentes os interesses do patrão, de sua família e de sua propriedade. No meio dessa realidade surgiu o Cangaço. (João Cândido da Silva Neto).

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