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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

UM INTERESSANTE LIVRO SOBRE AS ANTIGAS FAMÍLIAS DO SERTÃO NORDESTINO E O CANGAÇO

Por Rostand Medeiros

Recebi o livro O patriarca Crispim Pereira De Araújo “Ioiô Maroto”, de autoria do cearense Venício Feitosa Neves. É um trabalho simples na sua feitura, mas que contém em suas 710 páginas muitas histórias de várias famílias e de pessoas que ajudaram a colonizar e forjar uma parte do sertão nordestino.


Apesar do título da obra trazer em destaque o nome de Crispim Pereira De Araújo, conhecido como Ioiô Maroto, um personagem muito lembrado por aqueles que já leram algum livro sério sobre a história de Lampião, a obra de Venício Feitosa traz muito mais no seu conteúdo.

Em termos genealógicos a família mais focada é a dos Pereira, da região do Pajeú de Pernambuco, mas o autor busca também as raízes de outras famílias que deixaram seu suor e sangue em outras áreas do Nordeste e possuem relação direta e indireta com a história de Ioiô Maroto e a sua família, de quem o autor é neto.

Crispim Pereira De Araújo, o Ioiô Maroto

Entre as histórias de famílias abordadas, algumas com maior profundida, outras em textos mais curtos, constam os Cavalcante e os Feitosa da região do Sertão de Inhamuns, no Ceará. Temos também os Souza, os Montes, os Gadelha, os Carneiro, os Neves e outras. O autor buscou notícias de fatos ligados a algumas destas famílias até mesmo nas suas origens em Portugal.

Este livro traz igualmente vários relatos sobre pessoas que participaram de ações durante o período de colonização do sertão nordestino, com uma plêiade de histórias muito interessantes, passando por outros fatos da história regional, como a Guerra dos Mascates, e o envolvimento de membros das famílias pesquisadas nestes fatos históricos.

Noutra parte o autor começa a focar com maior força a história da cidade de São José de Belmonte e a presença da família Pereira na região do Pajeú pernambucano, bem como a luta terrível que envolveu as famílias Carvalho e Pereira. Desta guerra em meio à caatinga sertaneja surgiu ninguém menos que Sebastião Pereira da Silva, o conhecido chefe cangaceiro Sinhô Pereira, que o autor define como “O comandante de Lampião”. Este valente, junto ao seu primo Luiz Pereira da Silva Jacobina, o Luiz Padre, incendiaram os sertões nordestinos nas primeiras décadas do século XX.

Segundo Valdenor Neves Feitosa, neto de Crispim Pereira de Araújo, o Ioiô Maroto, quem está a direita de seu avô é Raimundo Neves Pereira, nascido em 12 de setembro de 1935, em Parambu-CE, conhecido como “Edmundo” e filho de Ioiô. Sentado no seu colo está o seu neto Dario, e a sua esquerda se encontra a sua filha caçula, Francisca Neves Pereira (Santinha). Esta foto foi tirada, na década de 40, do século XX, na fazenda Malhada, Município de Parambu, nos sertões dos Inhamuns, Estado do Ceará, próximo a fronteira com o Piauí. Agradeço a Valdenor Neves Feitosa pela informação.

Crispim Pereira de Araújo, o Ioiô Maroto, era primo de Sinhô Pereira e teve participação na história do cangaço por um fato que o autor aponta como sendo a necessidade de perpetrar uma vingança, após este ter sido ofendido em sua residência na presença da esposa e dos filhos.

O fato ocorreu porque se descobriu que o comerciante Luiz Gonzaga Ferraz, de São José de Belmonte, mesmo sem ser membro das famílias Carvalho e Pereira e compadre de Ioiô Maroto, estava ajudando à polícia na perseguição a Sinhô Pereira. Evidentemente que este fato abalou a amizade entre os compadres.


Venício Feitosa narra então com riqueza de detalhes que na sequência deste desentendimento, em uma ocasião que marcaria profundamente a vida do sertanejo Ioiô Maroto, uma volante policial foi até a sua residência e ele acabou submetido a enormes vexações, sendo até surrado diante de seus familiares.

O fato se deu na fazenda Cristóvão, zona rural de São José do Belmonte e durante as sevícias Maroto soube através do comandante da volante que o mandante daquela ação era o comerciante Gonzaga. 

Algum tempo depois deste triste episódio o primo Sinhô Pereira entregou o comando do seu grupo de cangaceiros a Lampião e seguiu para Goiás. Mas deixou uma ordem ao seu antigo comandado: apoiar seu primo na sua vingança, a sacrossanta ação dos desrespeitados pelo sertão nordestino na busca de lavar a honra ferida.

E como já havia dito o espanhol Miguel de Cervantes que “Pela liberdade, assim como pela honra, pode-se e deve-se arriscar a vida”, Ioiô Maroto partiu para cumprir sua sina. E assim foi feito (sobre mais detalhes referentes a este episódio clique neste link do nosso blog TOK DE HISTÒRIA –https://tokdehistoria.com.br/2011/06/05/o-ataque-de-lampiao-a-belmonte/).

Depois deste episódio Maroto decidiu seguir para o Ceará, na região dos Inhamuns, onde ficou sob a proteção de Leandro Custódio de Oliveira e Castro, rico coronel, dono da fazenda Barra, localizada em Tauá e mais conhecido como Leandro da Barra.

Nessa região o sertanejo Maroto passou a ser conhecido por outro nome, adquiriu propriedades e viveu tranquilamente com sua família, vindo a falecer no dia 19 de maio de 1953, aos 65 anos de idade.

Sobre o autor – Venício Feitosa Neves é um orgulhoso sertanejo nascido na fazenda Várzea do Bogó, no Sopé da Serra do Ibiapaba, próximo a nascente do Rio Jucá, distrito de Conocí, município de Parambu, no sertão dos Inhamuns, no Ceará. Durante muitos anos foi militar e atualmente trabalha no comércio na cidade mineira de Juiz de Fora, onde reside.

Serviço – O livro “O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto” será lançado em no próximo dia 4 de setembro, às 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada, Pernambuco.

Você já pode adquirir este livro através do  amigo Professor Pereira, da cidade de Cajazeiras (PB) ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: 
franpelima@bol.com.br / fplima1956@gmail.com


https://tokdehistoria.com.br/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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