Material do acervo do pesquisador Virgulino Ferreira da Silva
Maria Bonita e Dadá
As mulheres
que viviam no bando, cujos companheiros morriam em combate deveriam ser
sacrificadas como "queima de arquivo", visto que, como conhecedoras
das minúcias da vida do bando, elas o deixariam em permanente risco. Mediante
tortura sempre praticada pela polícia com supostos protetores ou coiteiros de
Lampião, com certeza as viúvas de volta às suas famílias tudo revelariam. Narra
o autor em fls. 180 a 182 as mortes em combate com a tropa volante de Zé Rufino
dos cangaceiros Mariano, Pai Veio e Pavão, ocorridas no município de Porto da
Folha e, em decorrência da viuvez de Rosinha, companheira de Mariano, casal
amigo de Lampião, que por sinal sentiu muito a morte desse seu comandado,
apesar de ter aberto uma exceção deixando que a cangaceira Rosinha fosse
visitar os seus pais, quando da sua volta, resolveu para o bem do bando,
matá-la.
Zé Sereno e Pó Corante foram os cangaceiros encarregados da execução da morte de Rosinha e, assim, sob o falso pretexto de realizarem uma viagem, seguiram os três com destino ignorado. Mais adiante, longe do bando, a cangaceira soube da verdade e, apesar dos seus apelos, pânico, choro e total desespero, Pó Corante desfechou um tiro de misericórdia no seu ouvido, para em seguida os dois executores cavarem a sua sepultura em cova rasa, terminando assim, a existência daquela que um dia fora uma brava guerreira, punida pelo infortúnio de ter ficado viúva, conforme bem explicita o autor no final desse capítulo: “Era a dura lei imposta por Lampião: cangaceira que tivesse o companheiro morto e não encontrasse outro como substituto seria de logo eliminada, para evitar deserção ou traição ao grupo, detalhando à polícia fatos considerados sigilosos pelo capitão Virgulino.”
Nota-se perfeitamente no decorrer da leitura do presente livro que foi Lampião o iniciador da fase do "cangaço sem ética". No seu reinado, dependendo da situação, valia tudo, inclusive o assassinato de mulheres, velhos e crianças, seqüestros, extorsões, torturas, castrações, estupros, saques e destruição de propriedades alheias. E de fato, os episódios relatados ao longo do livro, todos confirmados através da extensa pesquisa e relatos de pessoas, familiares ou amigos das vítimas, são de arrepiar os cabelos. Como primeiro exemplo cito o caso ocorrido no povoado Oiteiro Alto em Capela, quando Lampião espancou e estuprou uma mulher e em seguida mandou que todos os cangaceiros presentes fizessem o mesmo. A vítima por estar sofrendo grande hemorragia na sua vagina após a selvageria sexual do bando, ainda teve o seu órgão entupido de areia, socado com o cabo do punhal de um dos cangaceiros, por ordem do próprio Lampião, em desdém e pouco caso ao sofrimento alheio, com pretexto de estancar o sangramento. A indefesa vítima, com pouco tempo de casada, entrou em profunda depressão, não mais saindo de dentro do seu quarto, logo apresentando evidentes sinais de desequilíbrio mental e, enfim chegando a morte prematura por conta da maldade sofrida.
Zé Baiano
Caso não menos chocante é a comprovação do sadismo de Zé Baiano ocorrido no Sítio Maranduba em Canindé do São Francisco em 1932, quando duas mulheres por ele foram ferradas como se gado fossem. Olindina Marques, mulher de um sargento que pouco antes tinha sido sangrado por Lampião, assim como, Antonia Marques, que além de sofrerem atroz e intensa dor, viveram o resto das suas vidas com as iniciais JB nos seus rostos.
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Zé Baiano (?
— 7
de julho de 1936) foi um cangaceiro que
integrou o bando de Lampião. Conhecido por sua crueldade,
tinha o costume de marcar com um ferro em brasa as iniciais "JB" no rosto ou no púbis de
mulheres de cabelo curto ou por estarem usando vestidos cujo comprimento ele
considerava inconveniente, passando a ser conhecido por isso como o
"ferrador de gente". Devido à cor de sua pele, foi apelidado também
de "pantera negra dos sertões".[1] Liderou
seu próprio bando, em companhia do qual foi morto em 1936 após uma emboscada em
Alagadiço, povoado do
município de Frei Paulo.[2]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Lampião e seu
bando invadiram Alagadiço pela primeira vez em 1930, arrombando casas
e roubando pertences dos moradores. Pelo povoado estar em uma posição
estrategicamente privilegiada, e por não contar com destacamento reforçado de polícia, os
cangaceiros transitavam livremente pela região. Lampião voltou mais três vezes
à Alagadiço; na segunda ocasião, procurou o coiteiro Antônio
de Chiquinho, querendo informações sobre um destacamento policial que perseguia
seu bando.[3]
A última
visita de Lampião ao povoado foi em 1934, quando deixou Zé
Baiano no comando da região. Acompanhado de seus comparsas Demudado, Chico
Peste e Acelino, ele aterrorizou a localidade, cometendo atrocidades, saqueando
e impondo sua própria lei em Frei Paulo e vizinhanças. O bando costumava
esconder-se da polícia nas casas de fazendeiros, ou então na mata, mas foi o
coiteiro Antônio de Chiquinho que acabou pondo um fim ao reinado de
criminalidade de Zé Baiano.[3]
Cansado de ser
perseguido pelos policiais devido ao envolvimento com o cangaço, o comerciante
armou uma emboscada aos criminosos. Durante uma entrega de alimentos em 7 de
julho de 1936, acompanhado dos conterrâneos Pedro Sebastião de Oliveira (Pedro
Guedes), Pedro Francisco (Pedro de Nica), Antônio de Souza Passos (Toinho),
José Francisco Pereira (Dedé) e José Francisco de Souza (Biridin), Antônio deu
fim a Zé Baiano e seu bando. Manteve segredo do fato durante quinze dias,
temendo represálias de Lampião. O cangaceiro, contudo, decidiu não se vingar
após ser convencido por Maria
Bonita que o empreendimento poderia ser perigoso, pois o povoado
contava com a presença de um canhão.[3]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Z%C3%A9_Baiano
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