Por Sálvio
Siqueira
Dando prosseguimento aos nossos
estudos, nos defrontamos com mais uma, das outras partes que compõem os(a)
personagens que fizerem parte da saga cangaceira, aqueles(a) que fizeram parte
das volantes.
Tentamos detalhar, em outro
texto, como se portavam aqueles que ‘mandavam’ e os que eram, sempre, submissos
as suas ordens. A maioria dos homens que fizeram parte das tropas perseguidoras
aos bandos de cangaceiros, também eram filhos da terra. Roceiros, tropeiros,
‘moradores’, em fim, filhos do sertão. Pessoas que não tinham muita opção para
viverem, não tinham liberdade de escolha, ou melhor, não os deixavam ter
escolha.
Além das arbitrariedades dos
mandantes, havia as intempéries climáticas do semiárido nordestino, tirando a
forma de como o agricultor usava para manter-se durante o ano. Nos dias de
‘inverno’, inverno para o sertanejo é a estação, época, das chuvas. Sabedor,
mais ou menos, de quando se inicia, o roceiro prepara a terra, seu roçado,
meses antes. De machado e foices nas mãos calejadas, ele cortava a mata da
caatinga em determinado local, a madeira serviria para ‘remontar’ cercas caídas
ou na elevação de novas, outra parte servira como combustível do fogão, fogão a
lenha, por fim, fazia o ‘aceiro da broca’ e colocava fogo no mato derrubado e
seco em suas terras, isso era raro, e em terras de latifundiários, tendo a
obrigação daquilo que colhesse entregar parte de tudo ao patrão. O restante
ficaria para manter sua família durante os longos meses de estiagem, até
aproximar-se o novo ciclo chuvoso.
Pois bem, nos anos em que não
havia ‘inverno’, a coisa ficava pior. O agricultor não tinha de onde retirar o
seu sustento. A ‘dispensa’ do roceiro não era grande devido à quantidade que
lhe tocava da colheita do seu roçado ser bastante pequena. Isso obrigava alguns
jovens se mandarem para outros lugares, longe do seu rincão, a fim de
conseguirem sobreviver. Outros ficavam a vagar pelas terras dos proprietários
mendigando algum serviço, ou mesmo algum alimento. Como não havia tido chuva na
época certa, não tinha muito que fazer. Alguns sertanejos, por incrível que
pareça, procuraram entrar nas hastes do cangaço, vendo nela uma saída para seu
sofrimento. Os bandos passavam em Vilas, Povoados e pequenas cidades com seus
trajes extravagantes, esbanjando dinheiro, sem respeitar ninguém, sem temer a
ninguém, e isso era, ou seria, uma cobiça para os adolescentes.
A VOLANTE
Foram grupos, ou grupamento, de
soldados e/ou contratados que percorriam as caatingas em busca de bandos de
cangaceiros.
Naqueles idos, os comandos gerais
das Forças Públicas por onde a saga passou, enviara tropas formadas nas
capitais dos Estados para o interior a fim de combatê-la. Esse contingente
tinha vários obstáculos a romperem além do inimigo propriamente dito, os
cangaceiros. O primeiro inimigo a se mostrar perante a coluna era o terreno, a
arborização e o clima, semiárido.
A caatinga é um bioma único no planeta, e para estar com ele, e nele, se faz necessário que se conheça, o respeitando devidamente, com isso sobrevive-se, pois o mesmo lhe fornece o necessário. Se assim não se portar aquela pessoa que nele penetrar, só lhe restará a morte.
Pois bem, os grupamentos de
soldados vindos das capitais, não eram conhecedores das caatingas do sertão, e,
no início da coisa, resultou em desastrosas campanhas, havendo, em demasia,
várias baixas, não por terem enfrentado os bandoleiros, mas, por não serem
adaptados para sobreviverem no desconhecido campo de batalha, o bioma caatinga.
Além da falta de conhecimento do terreno, a vestimenta, os calçados e o
equipamento, ração, água, munição e as armas, pesavam em demasia, porém, seu
maior incômodo era por terem que carregar tudo nas costas. Vejam que, sem haver
estradas, caminhos e/ou veredas, a tropa tinha que caminhar dentro da mata com
todo aquele peso e a mochila nas costas, além do fuzil em uma das mãos, pois
tinham que movimentarem-se agachados, muitas das vezes tiveram que se
arrastarem para livrarem de serem atingidos por algum espinho, ou galho
espinhoso. O calçado, sendo o coturno, bota de cano longo fechada, era outro
grande desprazer. O calor sendo em demasia, não havia como ter circulação de
ar, fazendo com que muitos soldados ficassem sem terem condições de caminharem.
No desenrolar do tempo, que tudo
nos ensina, os comandantes, dirigentes, das Forças Públicas começam a recrutar
o próprio sertanejo. Aquele nativo que nasceu, criou-se e desenvolveu seus
conhecimentos naturais na própria região, passando a serem como os cangaceiros,
que eram sertanejos, roceiros natos, os novos grupamentos de soldados volantes,
sendo estes incorporados, contratados ou mesmo voluntários como se deu com os
Nazarenos e outros.
“(...) Ferraz, com muita
propriedade, atesta que, quando vindo ocasionalmente da capital, as verdadeiras
forças volantes "encontravam, apesar de seus esforços, grandes
dificuldades no desempenho de sua missão: a primeira delas era constituída pela
imensidão da caatinga desconhecida e habitada por uma população reduzida,
emudecida e temerosa de represálias. (...) Era a velha história: as forças
volantes chegavam e partiam, mas os cangaceiros permaneciam para a cobrança
(...)." (1985 - p. 221).
Na verdade, para se colocar um
bornal nos ombros, um punhal na cintura, uma xô-boi nos pés e um fuzil nas
mãos, para ir à procura de cangaceiros dentro da caatinga, se faziam
necessários o ‘cabra’ ter sangue no olho, ser tão, ou mesmo mais, muito mais,
valente do que aqueles que teriam que perseguir. O ‘desconhecido’ estava ao
longo da trilha, na próxima moita, por trás de um lajedo ou no topo de uma
árvore. A morte rondava constantemente aqueles grupos de soldados, que sem
temerem, passaram a dedicar sua vida na busca de foragidos. Se os familiares
dos cangaceiros sofriam, os dos volantes também sofriam, pois não sabiam se
tornariam a vê-los novamente.
A necessidade obrigou as
autoridades consentirem que todo e qualquer homem, sendo ele quem fosse: um
assassino, um ladrão, um bandido comum ou mesmo um ex-cangaceiro, fizesse parte
das tropas formadas para darem combate ao banditismo no interior de seus
Estados. Essa atitude teve resultados, em muitos e muitos lugares,
catastróficos. O ‘cara’ já tinha o dom de praticar perversidades ao praticar
seus crimes e agora acobertado pela farda, elas ficaram mais intensas. Chegando
ao ponto de alguns roceiros, dizerem abertamente, que preferiam serem
‘visitados’ por Lampião e seu grupo em vez de terem uma ‘visita’ de alguma
tropa volante.
“(...) Recrutados - entre os
etno-nativos da região: curibocas, mulatos e cafusos - esses grupos de
policiais-militares, percorriam equipados e a pé, grandes distâncias em
perseguição aos malfazejos foras-da-lei, muitas vezes, mantendo um combate
desigual, pois os chamados cangaceiros estavam melhor municiados, com armamento
mais moderno e em melhores condições, diante das facilidades que estes tinham
em conseguir recursos e alimentos, bastando para isso mandar pedir um salvador
"óbolo", através de bilhetes a qualquer fazendeiro ou político.
Estes, para não enfrentarem a ira daqueles facínoras - que com uma possível
recusa, estariam na mira de uma próxima incursão, com a visita indesejada,
inesperada, desmoralizante e de funestas consequências, viam-se forçados a
atendê-los em todas as suas "justas" demandas (...)”.
Um sobrinho do primeiro inimigo,
Zé Saturnino, de Lampião, segundo a história, disse em depoimento gravado em
vídeo, que certa vez Lampião e seu bando chegaram a suas terras, no terreiro da
sua casa. Lampião, sabedor que Luiz de Cazuza era produtor de rapadura, ou
revendedor, manda que sejam colocados vários ‘costais’ nos lombos dos animais.
A ordem é cumprida pelo próprio Luiz. Após serem colocados nas cangalhas e
amarrados, Lampião manda que o cangaceiro Sabino das Abóbodas, seu ‘lugar
tenente’ pague a mercadoria. O valor pago, a mando do chefe, segundo o próprio
Cazuza, era muito acima daquele que valia a mercadoria.
Após esse ocorrido, chega à mesma
fazenda uma volante. O comandante da volante tudo cheio de direito e
autoridade, ordena que peguem uma criação, um bode no dizer do Sr. Luiz, e o
matem para que a tropa pudesse se alimentar. Imediatamente a ordem é executada
por dois soldados Demorando um pouco em seus ‘afazeres’ diante da soldadesca e
querendo receber o valor da sua criação, Luiz Cazuza é ameaçado de ir para
debaixo do cacete pelo comandante. Só escapou de levar uma sova devido um de
seus soldados saberem de quem se tratava e conhecia a fama de seu tio, Zé
Saturnino, que na época era sargento e comandante de uma volante pernambucana.
Ao saber quem era seu tio, o comandante ainda se ralha por não ter dito que era
parente de Saturnino. Lampião, ao pagar a mercadoria foi bonzinho, não. Foi
inteligente e esperto, pois, pagando, sempre tinha alguma coisa para nutrir sua
cabroeira.
(...) A bem da verdade, devemos
colocar que algumas forças denominadas "volantes", se utilizavam dos
mesmos métodos que os cangaceiros. A esse respeito Torres, observa que
"tardiamente, a polícia se organizava em 'volantes', com o mesmo jeito dos
facínoras, tomando também dinheiro dos coronéis e demonstrando, com forrós e
alegria, quando um combate os afastava para as brenhas." (1994 p. 47) Já
Carvalho nos passa que "Eram inomináveis as violências e arbitrariedades
praticadas pelas forças volantes que transitavam pelo interior dos Estados,
contra os direitos dos particulares. (...) Qualquer futilidade servia de
pretexto para esculachos desumanos. (...) A integridade física e moral dos
sertanejos não existia para aqueles que por dever de ofício estão na obrigação
de respeitar e proteger." (1974 p. 91) (...).”
Depois do que ocorreu em Canudos,
o maior morticínio causado pelo Exército brasileiro, as autoridades começam a
desarmar os ‘coronéis’ de linha por todo o interior dos Estados do Nordeste.
Outras medidas foram tomadas como, na sequência, a extinção da Guarda Nacional
e outras providências.
“(...) “O Exército, ainda, sob o
"diáfano" manto da doutrina positivista era um verdadeiro
"exército de papel". Porém, com a campanha cívico-patriótica
bilaqueana pela escola popular e pelo serviço militar obrigatório(em 1915) e a
desativação definitiva da Guarda Nacional (em 1918), abriu-se um novo horizonte
para a Corporação e houve - então - um absoluto controle militar interno,
desarmando-se as oligarquias coronelistas locais. Trevisan, nos lega que com
"a chegada da Missão Militar Francesa, em 1920, completa-se o quadro das
mudanças internas da instituição. Começava a delinear-se as mudanças
'externas', fruto das alterações até então técnicas da instituição
militar" (...).” (1987 p. 50)
“(...) Por outro lado, os governos
estaduais nordestinos, vendo-se agravar o banditismo nas regiões interioranas
do agreste e do sertão, viram-se na contingência de criar forças
policiais-militares de emprego rápido e que teriam - inclusive - nativos
recrutados dessas regiões. Surgindo daí as verdadeiras volantes que eram
grupamentos, destacamentos ou patrulhas tático-móveis, compostas essencialmente
por militares (policiais das Forças Públicas estaduais ou militares do Exército
nacional, devidamente comissionados para este fim), comandadas -
preferencialmente - por um oficial (tenente ou capitão). A esse respeito,
Rangel de Farias alude que "era muito comum acontecer que os oficiais do
Exército, quando chamados a comandar polícias, trouxessem a idéia de que as
mencionadas corporações fossem compostas por uma maioria de homens ignorantes e
indisciplinados" (...).” (1995 p. 8)
Como exemplo, citaremos dois
nordestino, o primeiro trata-se do Sr. Pompeu Aristides de Moura, jovem que em
determinada época, no município de Rio Branco, atual Arcoverde, PE, ao se
defrontar com o bando de Lampião, comunica que quer fazer parte do mesmo.
Devido seu porte físico, era pequeno e franzino, na ocasião, justamente devido
a isso, um dos cangaceiros, ao avalia-lo, o dispensa. Na sequência, pouco tempo
depois, Pompeu consegue entrar na Força pernambucana, e passa a ser perseguidor
de cangaceiros. Seu destacamento é tido como aquele que se confrontou com o
grupo comandado por Virgínio, o cangaceiro “Moderno”, cunhado de Lampião, e o
mesmo vem a ser abatido. Alguns escritores citam como sendo ele, o então
tenente Pompeu, a ter sido quem eliminou “Moderno”, no entanto, ele mesmo
refere que não se sabe quem fora aquele que acertou o tiro no cangaceiro, pois
todos estavam na tocaia e atiraram simultaneamente de ponto.
Já o outro, referimo-nos ao jovem
João Torquato. Outra coisa que levava jovens para as fileiras das colunas
volantes era o motivo da vingança. Assim como alguns, para não morrerem, após
alguma morte praticada, procuravam entrar no cangaço, com ou tendo a ilusão que
escapariam da morte, outros, que sua família tinha sido desonrada, alguém fora
morto, estuprada, extorquida, etc., por algum grupo de cangaceiros, procuravam
entrar na Força Pública para, de farda no corpo, poder matar cangaceiros
legalmente.
Tentaremos mostrar como ocorreu o
fato, ou os fatos sobre a saga desse jovem sertanejo, João Torquato, citando,
como exemplo parte da história de um dos homens mais valentes que fizera parte
das volantes. Que fora, exatamente o soldado volante João Torquato dos Santos.
Como tantos outros sertanejos, tivera sua infância ao lado da família, de seus
pais, tendo orientações como lidar nas tarefas diárias, calejando o saber para
exercê-lo num futuro próximo. As coisas às vezes, por ironia do destino,
ocorrem de forma que jamais se tenha imaginado.
Na primeira metade do ano de
1937, chega de surpresa na casa do velho Torquato, na fazenda Pia Nova uma
caterva de cangaceiros comandados pelos subchefes Zé Sereno e Mané Moreno.
Chefes cruéis e comandados piores fazem o maior escarcéu naquela moradia.
Terminam por assassinar o patriarca da família e seu genro Firmino. Não se sabe
por que, o restante da família, a esposa e os filhos não são mortos, são
poupados. Dentre a prole do velho Torquato há um rapazinho, que a partir
daquele instante só tem uma vontade na vida, a de perseguir e matar cangaceiro,
vingando a morte do pai e do cunhado. Logo começa a fazer parte da Força
Pública baiana, começando a servir sob o comando do tenente José Osório de
Farias, o tenente Zé Rufino. Sempre atento aos ensinos do ‘velho caçador de
cangaceiros’, João torna-se um exemplar soldado, aprendendo a rastrear os
poucos e difíceis sinais deixados pelos cangaceiros. Não se demora naquela
volante. Logo vai fazer parte daquela em que seu comandante “é o temido Antônio
Recruta”.
Os dias passam, os meses mudam e
os anos se sucedem. Para o jovem volante João Torquato a cada dia, mês e ano
que se passa, aumenta mais a vontade de perseguir e matar cangaceiros. Já
bastante experiente no combate por entre as moitas, vales, serras e grotões da
caatinga, logo o jovem seria colocado à prova pelo destino: enfrentaria,
sozinho, um bando de cangaceiros comandados por, nada mais, nada menos, que o
famosíssimo Cristino Gomes, o cangaceiro “Corisco”.
Em determinada data, a volante ao
qual o soldado João Torquato fazia parte, estava descansando das duras e
terríveis caminhadas por dentro da caatinga em busca de cangaceiros, em terras
de um simples agricultor, quando o mesmo ‘oferecer’ uma farta refeição para a
tropa. A buchada que fora servida aos homens da tropa, no início fora vista
como sendo comida para cangaceiro, devido à quantidade. Os soldados caem em
cima da ‘boia’, da comida, como se nunca tivesse comido tamanha era a
voracidade empregada. Enquanto todos se fartam, João Torquato e o soldado, seu
compadre, Chico Amaral, saem para darem uma volta pelas redondezas. Esquecem
que estão em busca dos sinais de cangaceiros e que os mesmos poderiam estar
mais perto do que pensavam. Caminham bastante até terem que pararem e ficarem
descansando na sombra de uma frondosa árvore. Esse local, segundo algumas
literaturas, citando o soldado João como fonte, era uma fazendola denominada
“Queimada do Luis”. Já outras, que citam a cangaceira Dadá como fonte, referem
que o sítio se chamava “Lagoa da Serra”.
Estavam os dois a descansarem
quando, de repente, aprecem a silhueta de vários homens usando grandes chapéus
com abas quebradas na testa, andando em fila indiana e todos armadas, eram
cangaceiros. O tronco da árvore em estava embaixo impede que sejam vistos pelos
‘cabras’ do bando.
Aproveitam um minuto e se
escondem mais ainda. Já sabedores que tratava-se de cangaceiros, o soldado
Amaral confidencia que vão morrer ao compadre João.
Torquato parece não ter escutado nada do que Chico disse. Não retirava os olhos dos homens que caminhavam despreocupados e puxando conversa um com o outro. Nota que quem encabeçava a fila era um cangaceiro bastante alto, destacando-se dos outros. Mais tarde diria que pensava ser Corisco. Então, calmamente, leva sua arma ao ombro e abre fogo. O projétil se aloja no tórax do cangaceiro que ‘dá de lapada no chão’. Quando toca no chão duro e seco, o corpo já estava sem vida. O tiroteio tem início. Gritos e palavrões são abafados pelo som estridente dos disparos das armas de fogo.
“(...) Chico Amaral se acovarda.
Implora para que se afastem daquele perigoso lugar. Ficar parado naquele local
seria morte certa. João Torquato está resolvido. Vai enfrentar os cangaceiros.
Alerta o companheiro. Chico não acredita que aquela loucura possa acontecer.
Estonteado, ver seu parceiro , com a arma engatilhada, fazendo mira no peito do
cangaceiro aloirado (...).” (Alcino. p.277, 2011)
O cangaceiro que caminhava na
frente dos companheiros não era o chefe, Cristino Gomes, o Corisco, mas o
cangaceiro de alcunha “Guerreiro”. Após o primeiro disparo, os cangaceiros,
meio tontos sem saberem de onde partira, exatamente o tiro, começam a entrar no
mato, procurando algum anteparo para esconder-se. Entre o bando e o soldado
volante tinha um largo tanque. De um lado, em seu paredão escondem-se alguns
homens grupo, inclusive o chefe e sua companheira, a cangaceira Dadá. João, ao
escutar o vozeirão de Corisco, fica sabendo que o ‘cabra’ que derrubou não fora
o “Diabo Louro”.
Os cangaceiros não sabiam que se tratava de um só inimigo a enfrenta-los, pois o compadre de João dera no pé, pensavam eles que se tratava de uma volante completa. Chico Amaral Foge e deixa o amigo sozinho na briga contra os cangaceiros.
Torquato usa como abrigo o paredão
do tanque do lado oposto onde encontravam-se os cangaceiros. De repente ele
nota um vulto dentro da mata querendo pegá-lo pelo flanco. Nota que era um
cangaceiro a rastejar, procurando uma posição para enchê-lo de chumbo. João
atira sem nem mesmo fazer pontaria. O ‘cabra’ dá um grito e, de onde está, rola
ladeira abaixo em direção o local onde se encontra homem que atirou nele.
Quando pára, o soldado ver que se tratava de um adolescente, um jovem, uma
criança. No entanto, esse jovem começa a tentar empunhar sua arma para atirar
nele. Perto estando, Torquato não gasta uma bala para acabar de matar aquele
jovem. Amassa seu crânio com o coice do mosquetão.
Naquele interim, Corisco sai de
onde estava escondido e começa a empreender uma corrida na direção da mata
alta, grande e fechada, onde poderia esconder-se e sumir do mapa. Esse
movimento é notado por Torquato, que grita, o provocando. Ao ser provocado,
Corisco estanca, dar meia volta e começa a tirotear com seu provocador. Nesse
momento o chefe cangaceiro percebeu que não se tratava de uma volante, mas de
um só inimigo enfrentando seu bando. Talvez tenha sido essa surpresa que tenha
feito o alagoano ficar parado poucos segundos, porem, foi o tempo suficiente
para que fosse atingido nos dois braços simultaneamente. O projétil entra no
vasto lateral de um braço, na altura do cotovelo e sai em seu meado, penetra no
meado do outro braço e sai pela lateral do mesmo. O cangaceiro está perdido.
Não consegue mais segurar sua arma. O fuzil do chefe cangaceiro solta-se das
suas mãos e cai no chão. Sua companheira, a cangaceira Dadá, vendo o que
poderia acontecer, parte a fim de salvar a vida de seu amado.
“(...) A surpresa lhe foi fatal.
Havia perdido precioso tempo. O tempo necessário de João Torquato disparar a
sua arma e atingi-lo, com incrível sorte, justamente nos dois braços do
lendário cangaceiro. Corisco acusou a seriedade do ferimento. Seu mosquetão
caiu. Não tinha forças para segura-lo (...).” (Alcino p 278, 2011)
Sacando de uma pequena pistola,
Dadá inicia uma série de disparos na direção do soldado Torquato, que,
automaticamente, procura proteger-se. Acabando-se a munição da pequena arma de
fogo, e não tendo mais, ou não podendo, pelo momento ser inapropriado, Dadá
agacha-se, cata algumas pedras pelo chão e começa a atacar o inimigo com elas.
Jogava as pedras e empurrava Corisco para que esse saísse da linha de fogo,
entrando no mato.
“(...) Dadá atira sem parar.
Atira e empurra o companheiro para uma baixada ali perto. As balas de sua arma
se acabaram e a cangaceira, como se fosse uma suçuarana defendendo os seus
filhotes se vale de um novo e inesperado armamento: pedras (...).” (Alcino, p.
278, 2011)
Salvaram-se os dois naquele dia. Mais tarde, Dadá relata, em um vídeo/depoimento, que os ferimentos infeccionaram. Ela fora a médica, a enfermeira, a pessoa que cuidou, fazendo curativos, desbridamento e tudo o mais nos braços de seu companheiro.
Salvaram-se os dois naquele dia. Mais tarde, Dadá relata, em um vídeo/depoimento, que os ferimentos infeccionaram. Ela fora a médica, a enfermeira, a pessoa que cuidou, fazendo curativos, desbridamento e tudo o mais nos braços de seu companheiro.
João Torquato mostrou para que
viera. Exatamente para brigar, digladiando-se contra qualquer cangaceiro, sem
medo de morrer para isso. Um pequeno relato de um dos mais valentes soldados
que fizera parte das volantes... nas quebradas do sertão baiano.
Fonte etalasquera.ueuo.com
MELLO, Dante de. A Verdade sobre "Os Sertões":
Análise reivindicatória da campanha de Canudos.
Rio de Janeiro: BExE, 1958.
RANGEL DE FARIAS, Edésio. Cangaço e polícia:
Fatos e feitos paraibanos.
Recife: REPROART, 1995.
TORRES, Luiz W. Lampião e o cangaço.
São Paulo: EDICON, 1994.
CARVALHO, Rodrigues de. Serrote Preto:
Lampião e seus sequazes.
Rio de Janeiro: SEDEGRA, 1974.
FERRAZ, Marilourdes. O Canto do acauã.
Recife: Rodovalho, 1985.
BRITTO, Paulo. Op. cit.
BEZERRA, João (Cap). Como dei cabo de Lampeão.
Rio de Janeiro: Do Autor, 1940 1ª ed.
COSTA, Alcino Alves. Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de
Angico. Cajazeira – PB. 3ª edição
MELLO, Dante de. A Verdade sobre "Os Sertões":
Análise reivindicatória da campanha de Canudos.
Rio de Janeiro: BExE, 1958.
RANGEL DE FARIAS, Edésio. Cangaço e polícia:
Fatos e feitos paraibanos.
Recife: REPROART, 1995.
TORRES, Luiz W. Lampião e o cangaço.
São Paulo: EDICON, 1994.
CARVALHO, Rodrigues de. Serrote Preto:
Lampião e seus sequazes.
Rio de Janeiro: SEDEGRA, 1974.
FERRAZ, Marilourdes. O Canto do acauã.
Recife: Rodovalho, 1985.
BRITTO, Paulo. Op. cit.
BEZERRA, João (Cap). Como dei cabo de Lampeão.
Rio de Janeiro: Do Autor, 1940 1ª ed.
COSTA, Alcino Alves. Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de
Angico. Cajazeira – PB. 3ª edição
Foto Lampião Além da Versão –
Mentiras e Mistérios de Angico.
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