Por José Gonçalves do Nascimento
“Relicário” é
o belo título do mais recente livro do jovem e tarimbado escritor bonfinense
Edvan Cajuhy, atual presidente da Academia de Letras de Bonfim.
Versátil, dono
de estilo próprio, o autor sabe transitar entre prosa e poesia com a mesma
desenvoltura, tendo já comprovado seu talento em obras de reconhecido valor
literário. Assim tem sido desde seu primeiro trabalho, “Palavras, simplesmente
palavras” (em poesia), seguido de “Balaio de gatos” (em prosa), e agora
“Relicário”, (novamente em poesia).
“Relicário” é
tudo que se espera de uma boa obra de arte. Tem beleza e originalidade. É leve,
porém profundo. Cada uma de suas páginas é um mundo novo que se apresenta,
revelando um eu lírico que pulsa com a máxima intensidade. Nele vê-se o poeta
por inteiro, desnudo, livre de qualquer amarra, como que a abarcar de um só
trago toda a imensidão do seu universo subjetivo.
Palavras e
versos vibram e passeiam de um canto a outro, emprestando o tom da obra e
repercutindo o canto do vate (tal qual passarinho), que quer falar de si, do
mundo, das coisas, das pessoas; que quer externar suas paixões, seus amores,
seus dissabores; que quer transformar em realidade sonhos aparentemente
impossíveis; que quer colorir o mundo todo, cobrindo-o de flores e sentido; que
quer proclamar aos quatro ventos que só a beleza é capaz de salvar.
“Relicário” é,
todo ele, inspirado em experiências vividas, cenas do cotidiano, gente do povo,
paisagens inóspitas, pingos de chuva, borboletas azuis, folhas secas,
fotografias amareladas, montes solitários, diários de bordo, noites de
estrelas, velhas e pacatas cidades, tudo coisa à primeira vista trivial, mas
que no olhar do poeta se avoluma e ganha significado.
Dividido por
temas, o livro parece refletir o mesmo itinerário do autor, situando-o entre
dois polos definidores: o sentimental e o espiritual. É assim que na intimidade
do seu eu profundo, vemos o poeta buscar o consolo de eros, admirando o
crepúsculo sobre as águas silenciosas do tempo; ou percorrer mundos distantes,
escalando montanhas até matar a sede de infinito; ou ainda correr ao encontro
do abraço amigo, como que a procurar no rosto do homem o rosto luminoso de
Deus.
Mais do que de
tinta e papel, “Relicário” é feito de corpo, de alma e sentimento. Antes de ser
livro, foi amor, foi dor e foi paixão. Tamanha grandeza e originalidade, só
podem ter surgido do sopro vital do poeta, tal qual aquele fiat divino que deu
origem à criação do mundo.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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