Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.254
SERRA DOS MACACOS, 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230). |
O seu nome de batismo se perde no tempo. Vem desde a conquista da região por sertanistas que iam denominando os acidentes geográficos e repassando esse conhecimento. Portanto, serra dos Macacos, era sem dúvidas, uma faixa de terras em que proliferavam os símios. Os termos indígenas de outras serras vizinhas, só perguntando aos das tribos remanescentes dos índios Fulni-ô ou Carnijós de Águas Belas: Gugi e Camonga.
É costume no sertão o recebimento de convites assim: “Apareça no sítio para comer uma galinha de capoeira”. Mas também para comer um preá, uma buchada, um guiné... Foi assim, através de terceiros, que recebi um desses convites para comer um preá na serra dos Macacos.
Não tem cabimento subir uma serra para comer um cavídeo. Porém, interessado em conhecer o lugar e a paisagem serrana, marchei para o cimo da serra com o companheiro. Não vi o cenário que almejava. Andamos por uma trilha carroçável ladeada por exuberante vegetação de caatinga, no lombo da montanha. A casa não ficava tão longe, fomos bem recebidos e saiu o almoço. A carne era preá mesmo. Quando meti os dentes no danado, fiz um esforço medonho para não passar vergonha. Não comi e disfarcei as náuseas nem sei como. Mais tarde desci a montanha arrependido e faminto. Nunca mais subi a serra dos Macacos. Não foi pelo preá bruto, mas por falta de outras oportunidades...
Mesmo assim nunca a chamei de serra dos Preás.
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