Por Marilourdes Ferraz
Após receber a
patente de capitão em Juazeiro do Norte, Lampião queria saber como as forças
policiais de seu estado o receberiam, retornou a Pernambuco e penetrou em
Cabrobó, onde a população lhe entregou dinheiro e objetos. Os três soldados do
destacamento local foram aconselhados a permanecer distante dos cangaceiros,
conselho aceito de boa vontade e até com certo alívio. Saindo pacificamente de
Cabrobó, Lampião seguiu para Belém do são Francisco, onde também pretendia
ingressar. Nas proximidades, Lampião precavido como sempre, mandou um
mensageiro avisar as autoridades. Na ocasião, o coronel João Nunes, que
organizava a defesa regional com o objetivo de repelir a Coluna Prestes, estava
em Belém e recebeu a comunicação, a qual respondeu incisivamente: “Diga a
Lampião que não o conheço como capitão e que, se vier, eu o recebo a bala”. Com
a reação do coronel, Lampião foi para Salgueiro e dali, seguiu para sua região
preferida, São Francisco no município de Vila Bela. Após a chegada de Virgulino
a São Francisco, Emiliano Novais, comerciante local e de prestigio na região,
apresentou-se voluntariamente para integrar o bando. Depois de uma curiosa
polêmica entre o chefe e o aspirante, o comerciante aceitou as condições
impostas e foi admitido no grupo. Seu ingresso tornou-se valioso para os
cangaceiros, pois reforçou o bando com rapazes, bravos e aguerridos, da Serra
do Umã, da Serra do Arapuá e de outras ribeiras, empregando o engenhoso
expediente de que, Virgulino recebeu a patente de “capitão” e necessitava de
homens para combater os revoltosos. Em 1926, a impressão que se tinha era que,
no Sertão, não havia lugar para se exercer outras atividades que não de
cangaceiro, soldado das volantes e informantes de uma ou outra facção.
Os versos que
se cantavam naquele ano deixava clara a situação:
Minha mãe, me
dê dinheiro
Pra comprá um
cinturão
Pra vivê de
cartuchêra
No grupo de
Lampião
Minha mãe, me
dê dinheiro
Pra comprá um
cinturão
Qui a vida
milho do mundo
É andá mais
Lampião.
Fonte: O CANTO
DO ACAUÃ
De: Marilourdes
Ferraz
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