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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

O CACHIMBINHO DA MINHA AVÓ HERCULANA MARIA DA CONCEIÇÃO. Só para arquivar no blog.

Por José Mendes Pereira

Noutros tempos, geralmente, quando uma pessoa que era fumante e passava dos 50 anos nada melhor do que fumar num cachimbinho, porque muitas delas (homens ou mulheres) achavam que ficava mais legal o uso do cachimbo, vez que era muito mais prático colocar fumo nele e acendê-lo apenas com uma brasa, em vez de ficar riscando fósforos e o vento os apagando. Claro que não era em todo lugar que tinha brasa, mas se estivesse em casa era muito mais prático acender o seu cachimbinho com ela.

Minha avó Herculana Maria da Conceição da gema Xaxá e Galdino

Como a minha avó Mamãenana (Herculana Maria da Conceição) era uma viciada no uso do seu cachimbinho e eu ainda criança, com menos de 12 anos, e ninguém tem ideia o mal que faz o fumo, seja cigarro, cachimbo ou charuto, e morava bem pertinho dela, e quando eu me encontrava lá, sempre ela solicitava que eu abastecesse o seu cachimbinho com fumo, e posteriormente o acendesse. E assim eu fazia. Findei me viciando no maldito vício. Cada vez que eu chegava lá, já perguntava a ela:

- Mamãenana, era assim que nós netos a chamávamos, quer que eu ponha fumo no seu cachimbinho?

E ela que geralmente estava sentada usando os bilros fazendo algumas rendas, alegremente me respondia:

- Prepare meu filho, ele com o fumo e depois acenda...

Rendeira

E assim eu fazia. Colocava o fumo no cachimbinho e em seguida, eu ia até ao fogão feito de forquilhas, mais tijolos comuns e acabamento com barro de várzea, e lá eu iniciava a acendida.

Fogão que queima lenha

Minha mãe nunca fumou, mas o meu pai era fumante, e felizmente aos 40 anos de idade resolveu abandonar o vício. Mesmo ele sendo fumante, jamais admitiu que nós, filhos, pegássemos numa lata que ele guardava seu fumo e papel para a fabricação de cigarros.

Lata para guardar fumo

Mas todos sabem que avó é avó, e faz tudo para agradar os seus netos, e muita vezes nem sabe o que poderá acontecer com aquele tipo de ajuda que fez para um neto. E como não era diferente, assim também fazia a minha avó.

Geralmente quando eu começava a preparar o seu cachimbinho o meu medo era que o meu pai aparecesse por ali, e se ele me visse com fumo nas mãos e cachimbo, com certeza, iria me dá uma bronca das maiores.

Aconteceu que em uma tarde já passando das 4:00 horas eu fui até a casa da minha avó, e era coisa de rotina mesmo, mas o meu maior interesse era dá umas baforadas no cachimbinho. Ao chegar lá, ela estava cuidando de um milho para ser passado no moinho. E eu já um pouco viciado perguntei se ela queria que eu preparasse o seu cachimbinho. Ordenou o preparo do fumo e acendesse. Só que, quando eu tentava acendê-lo com uma brasa que tirei do fogão, e forçando ela ficar sobre ele, mas a brasa não me obedecia. Então a minha avó me disse:

- Pega aqui a minha chinela e com ela, leve a brasa para o final do fogão e com a ajuda dela, coloque-a no cachimbo e em seguida, pressione a brasa para que ela fique sobre todo o fumo. Dê uma puxadinha de fumaça no cachimbo, que aos poucos, o fumo pegará fogo.

Meu pai Pedro Nél Pereira

E assim fiz. Mas quando eu me preparava para puxar a fumaça do cachimbo ouvi a voz do meu pai já quase dentro da cozinha. Minha avó e eu ficamos aperreados, porque, com certeza, ele iria me dá uma bronca. E minha avó ao ouvir a fala do meu pai, disse:

- Jogue-a dentro do fogo meu filho, se não teu pai irá ver você acendendo o cachimbo.

Aconselhava-me a minha avó, mas que eu jogasse a brasa e soltasse o cachimbo. Eu, nervoso, em vez de colocar a brasa dentro do fogo, joguei foi a chinela, e peguei o cachimbo fiquei com ele na boca, tentando acendê-lo.

O meu pai quando viu esta arrumação, isto é, o cachimbo na minha boca, esbravejou:

- Sim! É por isso que você vez em quando vem aqui na casa de mamãe, é?

Eu em vez de ficar calado, mas o nervosismo me fez piorar a situação e me obrigou dizer:

- Venho tomar um traguinho no cachimbinho de mamãenana.

Parece que o meu pai percebeu o meu nervosismo e não foi tão ignorante comigo. E sem olhar para mim, disse:

- Dê-me, que eu acendo o cachimbinho de mamãe.

E assim ele fez. Pegou a brasa, levou ao cachimbo e entregou à Mamãenana, dizendo-lhe:

- Pega, mamãe, não sei o porquê da senhora pedir a José que acenda o seu cachimbo. Ele não sabe acender cachimbo.

Ora não sabe! Eu já era quase um profissional fumante de cachimbo.

Pouco tempo depois o cheiro de couro de animal queimando era grande. Nada mais  do que a chinela que eu havia jogado sem querer dentro do fogo.

Minhas Simples Histórias

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Ficou falha ao digitar. Duas ou três palavras faltam letras. Desculpem-me, às vezes aperto tão lento as teclas que finda não aparecendo.

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