Por João Costa
Entre os anos de 1915 e 1921 uma família tocou o terror no Sertão alagoano ora agindo com independência, ora atuando em confraria com outras quadrilhas, especialmente os bandos de Lampião e Antônio Matilde – Bigode de Ouro, tinha como líder o cangaceiro Antônio Cavalcanti de Lacerda, ou Antônio Porcino.
Tal cangaceiro liderava um bando formado pelos seus irmãos, Manoel, José, Cícero, Raimundo e Pedro Porcino, além de primos e agregados da família.
Lá por volta de 1919, o bando dos Porcino passou a receber a colaboração de dois dos irmãos da Família Ferreira, àquela altura se firmando no cangaço: Antônio e Virgulino Ferreira, e também o consórcio do bando de Bigode de Arame, ou Antônio Matilde, tio de Lampião, surgindo assim, uma confraria criminosa que aterrorizou vilas e fazendas entre os estados de Alagoas e Pernambuco.
O jornal A Província, do Recife, edição de domingo, 29 de maio de 1921, relatando em uma matéria especial a cavalgada de assassinatos e razias dessa constelação de cangaceiros informava.
“Deus os fez com um mau agouro e um dia o diabo os ajuntou em Água Branca. Chamam-nos Antônio Matilde, Antônio Ferreira e Antônio Porcino, três nomes de bandidos perigosos e salteadores inveterados de vilarejos de viajantes indefesos. Cansados de “operar” cada um isoladamente, resolvem eles organizar uma sociedade comercial, sob a razão de Antônio, Antônio & Antônio”.
Desde essa data tem sido trabalho para os destacamentos do interior conter as façanhas dos bandoleiros”. E acrescenta: “ainda há pouco os Antônio incendiaram duas casas comerciais em Pariconha, levando como refém o comissário de polícia dessa povoação”.
Fazendas, vilas e cidades localizadas na divisa entre Pernambuco e Alagoas eram assediadas por hordas de cangaceiros, com pouca reação das autoridades.
Os governos de Pernambuco e Alagoas resolveram recrudescer o combate ao cangaço, enviando para área de atuação da confraria “Antônio, Antônio & Antônio, uma tropa volumosa integrada nada menos por três volantes, envolvendo mais de 120 soldados para localizar, cercar, prender ou eliminar tais cangaceiros.
Não foi tarefa fácil.
A tal supervolante, liderada pelos tenentes José Lucena e Enéias Barros, entra em confronto com os bandos de cangaceiro liderados por Antônio Porcino, Antônio Ferreira e Antônio Matilde na divisa de Pernambuco com Alagoas; escaramuças sem muito resultado.
O Sertão entra em polvorosa, chove telegramas procedentes de delegacias nos dois lados da divisa de Alagoas e Pernambuco, um deles, copidescado pela imprensa relata:
- O doutor chefe de polícia recebeu do delegado de Jatobá o seguinte telegrama:
“Inteirado no telegrama de V. Exa., informo que a força alagoana cercou no dia 20 do corrente, a Antônio Porcino e seu grupo, na fazenda Cruz de Alagoas, havendo tiroteio de ambas as partes, morrendo um soldado e o bandido de alcunha Cavanhaque, saindo gravemente ferido Pedro Porcino, bandido deixou para trás rifle; outros bandidos feridos, grupo evadiu-se”
Esse tiroteio infernal deixou baixas e feridos nos dois lados e relatam que essa sociedade dos Antônio se encerrou aí, porque prevaleceu o ditado popular “dois bicudos não se beijam”: na disputa pela liderança única dos bandos, Antônio Porcino perde a primazia para Virgulino Ferreira, a quem os cangaceiros se reportam e obedecem às ordens – não mais a Antônio Ferreira ou Antônio Matilde.
Com Virgulino no controle das ações e no comando geral dos homens, Antônio Porcino e irmãos tomam outro rumo, acumulam riqueza em decorrência dos saques, extorsões a fazendeiros, momento em que o bando decide abandonar a região de atuação e encerrar carreira no cangaço.
Mas os Porcino não esperavam que um tremendo combate, igual ao que travaram com a supervolante do tenente José Lucena, ocorresse novamente.
Numa madrugada de setembro de 1921, Antônio Porcino tombou crivado de tiros de fuzis em combate simultâneo com três volantes cujos cabecilhas eram o delegado de Jacobina(BA), Pedro Frederico da Costa e os sargentos João Rodrigues e Flávio Campelo.
Com a morte de Antônio Porcino seu bando se desfez, tendo alguns dos irmãos supostamente acompanhado Antônio Matilde rumo à Paraíba quando este também deixou a vida bandoleira.
Fontes de consulta: Lampeão Antes de ser Capitão, de Luiz Ruben F. de A. Bonfim
Cangaceiros de Lampião de A à Z, de Bismarck Martins de Oliveira.
Acesse: blogdojoaocosta.com.br
Foto1. Lampião ainda jovem. Foto 2. Tenente Zé Lucena.
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