Por Henrique Araujo
A famosa “Ponte de Igapó”, ou “Ponte de Ferro”, ou “Ponte dos
Ingleses”, como você preferir chamar, foi erguida em na pequena Natal-RN
de 1912, numa época em que a cidade nem energia elétrica tinha direito, e foi
um grande marco para a cidade porque foi a responsável pela comunicação,
ampliação e escoamento do comércio na cidade.
Ponte de Igapó antigamente. Foto: Jaeci Galvão
Depois de
décadas servindo à cidade, primeiro só com passagem de trens, depois com a
passagem mista de veículos e trens, ela foi parcialmente desmontada e suas
partes foram vendidas para uma empresa de sucata de Pernambuco. O que
sobrou dela infelizmente está abandonado, e ao lado foi inaugurada em 1970 uma
ponte para carros em funcionamento até hoje.
Mas você sabe
qual foi a primeira locomotiva a atravessar a ponte em toda a história?
Catita Nº 3. Foto: https://fatosefotosdenatalantiga.com/1219-2/
Sim, essa aí
da foto. Essa pequena locomotiva foi fabricada na Inglaterra em 1902, e recebeu
o nome de Catita nº 3. Ela entrou para a história do Rio Grande do Norte
ao fazer a travessia inaugural da antiga Ponte sobre o Potengi no dia 20
de abril de 1916.
Isso mesmo!
Mas quem viajava nela não podia ter pressa de chegar. Ela andava na forma
“devagar e sempre”, isto é, a uma velocidade muito pequena, numa média de
15 km por hora. Catita nº 3 foi aposentada em 1975 quando seguiu para
Pernambuco onde passou 39 anos no museu do trem em Recife, porém sem receber os
devidos cuidados.
A máquina
retornou ao Rio Grande do Norte em 2014 após uma peleja jurídica de onze anos
pelo IAPHACC (Instituto dos Amigos do Patrimônio Histórico e Artístico
Cultural e da Cidadania). Mas, felizmente, hoje ela está no lugar certo:
sendo atração principal do Museu do Trem de Natal.
A locomotiva hoje no Museu do Trem de Natal. Foto: Tribuna do Norte.
Antes de falar
mais sobre a locomotiva é importante dizer que a ideia do “Museu do Trem de
Natal” surgiu de Ricardo Tersuliano, presidente da IAPHACC, quando ele
pesquisava sobre a história da ponte de ferro de Igapó em 2003, acabando por
descobrir a locomotiva Catita Nº 3.
“Ela estava em
Recife, e tomamos a missão de devolvê-la para o RN. Comecei a entrevistar
velhos ferroviários e no processo vi que tínhamos um acervo que merecia ser
recolhido, guardado e exibido. E assim surgiu a ideia do Museu do Trem”, disse
Ricardo ao jornal Tribuna do Norte. O museu hoje se chama ‘Museu do Trem
Manoel Tomé de Souza’, e funciona no prédio da antiga estação de trens, no
bairro das Rocas, local onde as 26 locomotivas que circulavam no Estado
recebiam manutenção.
E sabe quem
foi na primeira viagem?
Na inauguração
Ponte de Igapó, em 1916, a “Catita Nº 3” carregou personalidades potiguares
famosas como o então governador Joaquim Ferreira Chavez, o médico Januário
Cicco, o escritor Henrique Castriciano, o advogado caicoense José Augusto, e
ainda: Juvenal Lamartine, ex governador do RN que instituiu o voto feminino no
estado, o historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo (ainda criança)
acompanhado do seu pai, o jornalista Elói de Souza, entre outros nomes da
história do Rio Grande do Norte.
Quer dar uma
passada nesse importante museu natalense quando a pandemia passar? O Museu do
Trem Manoel Tomé de Souza fica no campus do IFRN, Unidade Rocas. Consulte
horários de visitações pelo telefone 4005-0967.
Vi no Fatos e
Fotos de Natal Antiga. Fontes: “Pelos Trilhos do Passado” (Tribuna do Norte), No Minuto e
Blog Patrulha Rocas.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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