Por José Mendes Pereira
Meu amigo leitor,
é apenas uma brincadeirinha com o capitão Lampião. Não use na literatura
lampiônica. É mais para quem gosta de ler atê o que está escrito em bula de medicamento.
Depois do
coito pronto, que possivelmente a cangaceirada iria passar de 6 a 10 dias para
descansar um pouco os seus corpos de alguns combates, que fazia a turba, lá na
central administrativa o capitão Lampião arrumou as suas riquezas e disse à
Maria Bonita, que precisava enterrá-las por não confiar em alguns dos seus
facínoras. E apoderando-se delas, de um facão rabo de galo e de seu inseparável
mosquetão, foi à procura de um lugar seguro para ocultá-las das vistas daqueles
que se "os olhos vissem, as mãos pegavam". Era costume do rei sempre que chegava a
um novo coito, enterrava as suas jóias e valores, pelo menos até o último dia da
sua permanência naquela região.
Distante do
coito, mais ou menos um quilômetro de caminho percorrido em uma mata fechada, o
capitão encontrou um pé de Aroeira, e lá, abancou-se para fazer a escavação no
chão com o facão. Encostou o mosquetão por trás da árvore. Cavou o buraco, e em
seguida, cuidadosamente, colocou algumas jóias dentro sem cobrir com barro,
porque ainda tinha uma porção de notas que ele precisava selecioná-las.
Sentou-se numa pedra e pôs-se a separar uma por uma. Cédula de maior valor
colocava sob o seu pé direito, e cédula de menor valor, prendia-a com seu pé
esquerdo.
Despreocupado
e sem perceber o perigo que estava correndo, naquele lugar, vinha se
aproximando um homem, conduzindo uma espingarda de vareta em uma das mãos. O
visitante ficou espiando e reconhecendo que era o capitão Lampião, por ter
visto o anúncio do governo que a sua cabeça estava valendo uma boa nota, caiu
no interesse de ver a possibilidade de ali mesmo assassiná-lo, com a sua
espingarda, e em seguida, degolar a cabeça e fazer carreira atrás das
autoridades para pagar-lhe o combinado no anúncio. Viu de cara que o capitão
não dispunha de nenhuma arma de fogo, porque o seu mosquetão estava encostado
por trás da árvore. Foi-se aproximando cautelosamente. E já quase em cima do
capitão, perguntou-lhe:
- O senhor é o
capitão Lampião?
O capitão
Lampião assustou-se um pouco, mas viu que aquele homem raquítico mais parecendo
um tuberculoso, não lhe fazia nenhum medo. E educadamente disse:
- De carne e
osso! É ele mesmo o capitão Lampião.
O homem na
ambição do dinheiro que valia a cabeça do cangaceiro, disse-lhe:
- O senhor se
apronte que vai morrer!
Lampião pôs-se
a imaginar um bom tempo e se perguntando: “- já fui baleado com armas de grande
porte e não morri, agora estou nestas condições, talvez morrer com um tiro de
uma espingarda velha e enferrujada de vareta, e além do mais, atirada por um Zé
ninguém que mal sabe manusear uma carabina".
Ficou usando o
tempo para ver se conseguia que aquele maluco, desistisse daquela ideia absurda, de atirar nele com a
arma enferrujada. E usando a sua inteligência, disse-lhe:
- Agradeço ao
senhor querer me matar, porque eu há dias que venho procurando me suicidar, mas
me lembro que quem mata a si próprio, não tem salvação. Já matei tanta gente, e
hoje me arrependo das crueldades que fiz com várias pessoas sertanejas, e
muitas delas, estavam pagando um preço caro, e nem mereciam passar pelas minhas
mãos vingativas, ou pelas mãos dos meus comandados. E antes que o senhor me
mate, aqui está uma quantia em dinheiro, e lá na frente, dizia ele apontando
para o buraco onde estava o ouro, naquele buraco tem ouro. Mas só pegue quando
me matar. Esse seu gesto é nobre. Só preciso de um tempinho para me aprontar
aqui no chão.
Como já tinha
separado as notas, o capitão pegou os dois pacotes, enrolou-os no seu lenço e
jogou o embrulho A intenção de Lampião era ganhar tempo para apanhar o
mosquetão que estava por trás da aroeira. Em seguida, pediu que o sujeito
caminhasse um pouco à frente, para quando se virasse, já atirar, arrebentando a
sua cara. E assim foi feito. Enquanto o maluco caminhava de costas Lampião
apanhou o seu mosquetão, e em voz alta, ordenou:
- Pronto! Pode
se virar e atirar.
E assim que o
homem se virou em sua direção, Lampião mirou mesmo no meio da barriga e estampou
um tiro certeiro. O homem caiu dando um grito dos diabos. "-Tome, seu
coronavírus!!
Homem no chão, Lampião foi-se embora para o coito. E ao chegar, já encontrou Maria Bonita
feita uma jararaca, acusando-o de ter ido procurar capivaras nos arrabaldes do
coito. Capivara eram mulheres da vida.
Lampião se
defendia, mas as suas desculpas não serviram para amenizar o ódio da rainha. De
repente, lembrou-se que tinha deixado por lá o seu ouro e as suas cédulas nas
mãos do morto. E se mandou para buscá-los. E ao chegar, viu que o homem tinha
fugido com o dinheiro e seu ouro.
Como assim? Se
ele tinha atirado mesmo no meio do estômago, fazendo-o cair ao chão, já morto e
como ele tinha fugido dali levando as suas riquezas?
Mas o rei não
sabia que o último pente de balas que tinha comprado a um policial, era bala de
festim. O homem caiu assustado com o tiro em sua direção. E ao tornar, viu que
não tinha morrido, e se mandou com o ouro e as cédulas do capitão.
O capitão
Lampião perdeu-se totalmente. Perdeu um pouco das suas riquezas. E ainda por
cima, ao chegar novamente no coito, Maria Bonita não era mais uma cobra jararaca, e sim uma cobra naja.
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