por Ângelo Osmiro Barreto
Silvino em tempos de paz |
O cangaceiro Antônio Silvino não gostava de cobradores de impostos, através de amigos tomou conhecimento que no povoado de Parelhas seria instalado um posto de coleta de impostos.
Não gostou nada da notícia, e logo que pode se dirigiu ao lugar para se inteirar da novidade. Naqueles dias o povoado estava com seu policiamento mais reduzido que o normal, estando no local um cabo e três soldados. Silvino invadiu a cidade e se dirigiu a delegacia, encontrando no local, somente um soldado, que não o conhecia pessoalmente.
Perguntou pelo comandante, o soldado respondeu que seu chefe estava em casa. O cangaceiro mandou chamá-lo, pois quem estava ali era o capitão Antônio Silvino e desejava vê-lo urgentemente.
O soldado tomando conhecimento de quem se tratava, foi correndo chamar seu superior, voltando logo em seguida acompanhado do cabo Alfredo de Souza. Com o militar na sua presença o cangaceiro perguntou áspero e arrogante:
- Não me esperava?
- Não senhor. Respondeu o cabo sem titubear.
- E se soubesse iria me esperar?O cabo demonstrando uma coragem impressionante respondeu:
- Sim, esperaria junto com os meus soldados, porque esse é o meu dever.O Cangaceiro Antônio Silvino gostou da franqueza e coragem do cabo, encerrou a entrevista. Entretanto disse que precisava de dinheiro, conseguisse junto aos comerciantes da localidade uma , determinada quantia.
Não houve alteração no povoado, depois de feita a coleta, o cangaceiro e seu grupo retiraram-se para outras paragens. A coragem do cabo Alfredo, talvez tenha evitado uma tragédia, aquele lugar livrou-se de presenciar atos de barbaridade e violência.
A polícia no sertão também era formada de homens corajosos e valentes.
*Escritor e pesquisador do cangaço, atual Presidente da SBEC (Soc. Bras. Estudos do cangaço).
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