Por Rubens Antonio
Raimundo Batista Pinto
1929
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Em 1929, Lampião chegou na Fazenda Desterro... que fica em Monte Santo... Não
sei de onde e por onde veio... Então, mandou a carta ao coronel Aristides,
pedindo três contos de réis, pelo vaqueiro Zezinho, de Licuri Torto...
Aristides, não mandando os três contos de réis. E o Lampião não escreveu na carta, mas disse ao vaqueiro que ia, se não recebesse o dinheiro, invadir Itiúba... Foi a hora que Aristides botou as trincheiras... Ele botou quarenta homens no trecho da Calçada de Pedra,,, e quarenta homens na Cambeca, que eram as entradas da cidade... Sustentou esses oitenta homens por três meses, com cachaça, rapadura e comida...
Teve ajuda de muitas pessoas que chegavam vindos de Chorrochó, especialmente a família Rodrigues de Souza...
Inclusive, teve a participação, com clavinote, de Cipriano e Bertolino
Rodrigues de Souza... Um irmão também deles, por nome Carrinho, que chegou aqui
na terra com fama de matador... E este esteve na frente das trincheiras da
Cambeca... Esse era mesmo pistoleiro matador... Aquela coisa de Lampeão acender
vela para saber se entrava em Itiúba é invenção... Disseram, na época, que ele
mandou um jagunço disfarçado, que sondou e viu as duas entradas com defesa
muito boa... e resolveu não entrar...
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1931
Em 1931, Lampião estava vindo da região da Canoa, em Bonfim. Seguia pela
estrada de ferro, acompanhando. Passou perto de Quicé e a chegada foi pela
Fazenda Vasa da Água... Foi a primeira que ele penetrou, quando veio de Quicé.
Pegou como primeiro guia um vaqueiro que dava água ao gado. Era o Antônio Gama.
Pediu que mostrasse uma vereda que desviasse de Itiúba. O vaqueiro disse que tinha que seguir para a direção da Várzea da Roça e daí chegar até a Fazenda Umbuzeiro.
Mais um pouco e ali ele despachou o guia... e pegou outro chamado Galdino de Leotério... Era filho de Leotério... que era fazendeiro. Seguiram então para a Fazenda Varzinha, a cinco quilômetros de Itiúba. Nisto, encontraram com um casamento, no topo da serra... O homem do casamento chamava-se Barão.
Continuaram, então, para a Fazenda Varzinha da Olaria.
A primeira casa que encontraram na Varzinha foi a de Totonho do Cori... Coriolando Coelho Goes... Eram seis e meia da tarde, e Lampião perguntou ao guia Galdino de Leotério se Totonho era valente. O Galdino, então, respondeu que ele era muito valente.
Então o capitão bateu na porta do Totonho, gritando que era Lampião, e que ele se preparasse para morrer.
Totonho pediu que esperasse, que ia abrir a porta, e mexeu, fazendo barulho, como quem está tentando usar a chave. Então, correu para a porta de trás. Antes de abrir, olhou por um buraco e viu dois canos de arma longa. Ele voltou para a porta da frente, quado Lampião bateu de novo, com força, gritando:
- Totonho do Cori! Abra a porta pra morrer!
E ele voltou a fingir que estava abrindo o ferrolho, e que tinha enganchado. E disse alto:
- Pronto, capitão! Vou abrir agora! Estou abrindo!
Na casa tinha ele e cinco mulheres, uma sendo a esposa dele que tinha 12 anos de idade, a Santinha, que estava grávida já no nono mês.
A porta de Totonho era daquela que tem duas partes, uma em cima e uma embaixo. Então, ele destrancou mesmo a parte de baixo e empurrou com tal força e velocidade que arrancou as bizagra. Na hora, bateu a pancada num cangaceiro e Lampião atirou no susto e a bala pegou na parede de frente. Foi na hora que Totonho do Cori avançou, correndo de quatro pés, e se atirou por baixo entre as pernas de Lampião, que pulou tentando atirar. Mas ele avançou correndo abaixado, ainda de quatro pés, passando entre as pernas dos cangaceiros.
Lampião gritou, na hora:
- Eta, homem liso!
É que ele estava todo suado, pois estava fazendo uma mesa... Ele era marceneiro... E eles tentavam acertar ele, mas ele foi muito rápido.
O primeiro alívio foi quando ele, tendo passado o grupo, se jogou por baixo dos burros e cavalos deles... Então, ele conseguiu correr pra mata, mesmo levando muito tiros, mas não foi baleado...
Lampião então entrou na casa de Totonho do Cori e perguntou quem era a mulher
dele.
Ela disse:
- Sou eu!
Ele então falou:
- Me dê um copo de água a bem da morte do seu marido!
E ela deu a água.
Nisto, a sogra de Totonho, dona Mariinha, começou a xingar o grupo.
Eles pegaram a velha e entregaram o mocotó na mão do Volta-Seca, que arrastou a velha umas sessenta braças toda descomposta.
Jogou ela numa moita de xique-xique e disse:
- Eita, velha ruim danada!
Seguiram para a Fazenda Maté, com uns quinze homens mais o guia, somando dezesseis.
Aquela conversa de que acendeu uma vela para ver se entrava em Itiúba é mentira...
Não acendeu vela nenhuma... Ele queria mesmo era contornar a cidade...
Chegaram na casa de Pedro de Souza Góes. Não buliram com nada nem ninguém., por ter uma mulher doente com febre.
Da Fazenda Maté seguiram para a Fazenda Poço do Cachorro... Encontraram um senhor por nome Isidoro Cardoso, que vinha cortado de machado... Perguntaram como ele se cortou e não fizeram nada com ele...
Amanheceram o dia já na Fazenda Desterro, que pertencia ao coronel Aristides... Lá dormiram... Comeram um bode... E mandaram o guia Galdino embora com um burro selado e um facão...
Pegaram um terceiro guia... o Delfino, da Tapera do Rocha... Seguiram em direção a Cansanção e Monte Santo, deixando em paz o terceiro guia...
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