Por: José Cícero
A sociedade moderna encontra-se completamente envolvida pela vontade incontrolável de consumir sempre mais e mais... Os governos, inclusive, injetam invariavelmente grandes somas de recursos públicos na política de incentivo à produção de bens de consumo duráveis e não-duráveis como forma de aquecer sua economia e assim, produzirem divisas na geração e manutenção de empregos à população. De forma que, nos últimos anos este tipo de iniciativa governamental tem se transformado numa verdadeira panacéia.
Do ponto de vista econômico, este tipo de intervenção tendo sido considerada algo positivo pelos arautos do grande capital. Uma medida das mais ortodoxas, contudo sob o prisma ambiental seus efeitos a longo prazo serão simplesmente desastrosos, para não dizer, devastadores no tocante aos recursos naturais do planeta. Os grandes investimentos na estrutura produtiva de qualquer país tem significado um aumento na utilização dos recursos naturais, além de um fator gerador de resíduos – o lixo industrial e doméstico que também vem se configurando como um problema dos mais complicados em todo o mundo.
Todavia, este tem sido, via de regra, um mecanismo econômico que por seus resultados aparentemente animadores postos em prática por quase todas as nações industrializadas, especialmente quando se avizinha um momento de crise e recessão. Um expediente em voga nos países que adotaram a chamada economia de mercado. Os que abraçaram o sistema capitalista globalizante que, aliás, compõem a maioria das nações do planeta.
E, diga-se de passagem, este modelo vem fazendo dos seres humanos verdadeiros cupins dos recursos naturais da biosfera, tanto os renováveis quanto o não-renováveis.
A febre do consumo é por assim dizer, uma bola de neve. Uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento. Para o qual a globalização tem contribuído e muito para um possível acirramento dos seus efeitos, daqui para frente num tempo recorde
O chamado sonho de consumo passou a ser quase uma regra de etiqueta, de vez que cada indivíduo (independente de classe social) terá que ter não apenas um, mas vários. Movidos que são cada vez mais pelas campanhas publicitárias, tanto quanto pelos incentivos governamentais e as facilidades oferecidas pelo mercado no quesito compras a prazo. Para piorar, tais consumidores estão sendo cada vez mais ousados e exigentes em suas preferências. Quem antes queria uma casa simples agora quer, se possível uma mansão. Quem pensava na adolescência numa bicicleta, agora deseja uma moto e, logo em seguida um carrão. E, mais recentemente tudo em duplicata. Hoje quando se planeja comprar ou mesmo construir uma casa, não se pensa primeiro na sala de visitar, mas na garagem do automóvel. O veículo automotor passou de vez a fazer parte da família como um ente dos mais queridos e desejados.
Há quem sinta inclusive amor e ciúme do seu carro. Pessoas que se apegaram tanto a este monte de metal que não conseguem fazer mais nada longe do mesmo. A ponto do carro ou a moto terem literalmente se transformado num verdadeiro membro do seu próprio corpo físico. Conheço quem não consiga ir a padaria ao lado que não seja montado em sua motocicleta. Alguém que há anos não anda com seus próprios pés pelas ruas e calçadas da sua cidade. Aliás, não existe cena mais triste (sobretudo para os sertanejos) do que agora enxergar pseudovaqueiros a tanger seu gado sobre uma moto e por aí vão as aberrações...
No entanto, ninguém ao que parece não está muito lá preocupado com o debate acerca destas questões. Ou seja, das suas possíveis implicações sobre a natureza e a vida do planeta daqui para frente.
Ninguém parece querer saber sequer de onde é que vem toda esta parafernália de insumos a confecção dos produtos destinados à formatação de todos os bens que ora são colocados a nossa disposição. Nem tampouco, para onde retornarão todo o lixo resultante da fabricação e depois, do próprio consumismo exacerbado e incontrolável a que todos estamos de algum modo protagonizando.
Mas, nenhum produto de consumo surge do nada como num passe de mágica. Tudo é retirado do meio ambiente, dos ecossistemas, portanto são recursos naturais na sua grande maioria esgotáveis a exemplo da nossa principal base energética – o petróleo, de quebra, o grande vilão das emissões gás carbônico para o aquecimento global.
Porém, como a retirada e o descarte estão sendo, cada dia mais acelerados, a natureza já começa a dá os primeiros sinais do seu esgotamento total. A mãe Terra não está conseguindo fazer a reposição de tudo aquilo que vem sendo extraído numa rapidez absurda. O que deve ser igualmente acrescido a esta conta, o incontrolável crescimento do número de habitantes da Terra, que agora já extrapola a casa dos 7 bilhões de pessoas. E estas, todos os dias terão que suprir suas necessidades básicas.
Por isso é urgente que a sociedade planetária, sobretudo os grandes líderes mundiais, os cientistas, a mídia, os formadores de opinião comecem sem mais delongas, a instigar suas populações a consumir menos e de forma racional, como também a repensar seus antigos e atuais modos de atuação, suas atividades diárias, melhorando assim sua convivência em relação ao meio ambiente. Do contrário, em pouquíssimos anos o mundo entrará num caminho sem volta - o colapso total dos seus recursos naturais. Algo sem nenhum paralelo na história humana e das espécies de um modo geral.
Não há meio-termo. Teremos que parar agora. Visto que já estamos nos aproximando do ponto crítico como bem alertara o cientista James Lovelock. Estamos no ponto limite e daqui a pouco, tudo o mais será um caminho sem nenhuma possibilidade de retorno. Será o fim de uma era que culminará fatalmente com a catástrofe – a destruição em massa de todas as espécies biológicas da terra. E nós estamos fatalmente no centro desta extinção. Haveremos de conhecer o mesmo fim que tiveram os dinossauros há 65 milhões de anos.
Portanto, você, por exemplo, que nunca está satisfeito com o que possui agora. Que sonhou a vida inteira com a compra de um carro zero; que deseja uma casa nova e espaçosa toda na cerâmica, que aspira só vestir roupas de marca, juntar dinheiro na conta bancária, beber água mineral, lavar sempre o rosto com águia de coco, colocar uma TV em cada quarto e encher sua casa de eletrodomésticos de última geração. Você que só tem sonho de grandeza...
Já se perguntou por acaso, de onde é que vem tudo isso? Já pensou um pouco sobre a queima dos combustíveis fósseis? Sobre a sua parcela de contribuição para o aquecimento global, a poluição e a destruição dos ecossistemas terrestres? Já tentou se imaginar sem o seu bioma, na fome da África e nos primeiros refugiados ecológicos da história? Já tentou pelo menos refletir acerca das suas ações diante da perspectiva ambiental? Da necessidade de uma convivência responsável e harmoniosa com a natureza, assim como da importância da chamada sustentabilidade ambiental? Não custará nada ao seu bolso pensar um pouco sobre tudo isso.
Pois saiba que o pouco que se alerta hoje acerca da problemática ambiental, ainda não é nem um quarto do que realmente está por acontecer. A situação é muito mais dramática do que você possa imaginar. Estamos falando do fim do planeta Terra - nossa única morada disponível no universo. Portanto, da extinção das nossas vidas. E você acaso ainda acha pouco?
Contudo, se ainda acha que haverá tempo, eu pergunto: afinal de contas, que tipo de planeta você pensa em deixar para os seus filhos e netos? Pelo mínimo de coerência moral, teríamos que deixá-lo pelos menos como o recebemos um dia dos nossos ancestrais...
Sei bem que a falta de conhecimento, como a mãe de toda ignorância, tem provocado uma grande cegueira na maioria dos seres humanos. Tanto os ricos, quantos os pobres. No entanto, já estamos começando a sentir na própria pele os efeitos práticos do desequilíbrio climático, resultantes das nossas próprias atividades antrópicas.
Então, por que será que mesmo assim, você e a maioria dos seres humanos ainda permanecem indiferentes e anestesiados diante da iminência de todo este caos?
Por favor, pense nisso antes de terminar seu dia...
LEIA MAIS EM:
Nenhum comentário:
Postar um comentário