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sexta-feira, 30 de março de 2012

Mulheres Mossoroenses III - 25 de Março de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento


 
Hoje traçaremos o perfil de mais uma mulher mossoroenses que, por seus atos, por sua luta, por sua coragem, permanece nos anais da história de Mossoró. Trataremos hoje de Ana Rodrigues Braga, ou Ana Floriano, como ficou sendo conhecida e do se protesto contra a obrigatoriedade do alistamento militar para o exército e armada. Vamos aos fatos:

Mulheres Mossoroenses - III
Geraldo Maia do Nascimento
Gemaia1@gmail.com 



 
Em 30 de agosto de 1875, numa Segunda-feira, Mossoró viveu o mais esdrúxulo de seus movimentos libertatórios que foi “O Motim das Mulheres”. Naquela data, cerca de trezentas mulheres saíram pelas ruas em passeata, com o objetivo de protestar contra a obrigatoriedade do alistamento militar. 
Tudo começou quando o Gabinete do Visconde do Rio Branco aprovou o regulamento do recrutamento para o Exército e Armada. Esse regulamento teve repercussão desfavorável na Província do Rio Grande do Norte, onde várias comunidades se levantaram em sinal de protesto. Ninguém desejava que seus filhos fossem apanhados para o serviço militar, notadamente quando era sabido das intenções dos chefes políticos dominantes em darem sua preferência a filhos de adversários, como estava acontecendo em Mossoró. Desse modo, tomando conhecimento de levantes que estavam acontecendo em outros municípios, as mulheres mossoroenses promoveram uma manifestação e conseqüente passeata pelas ruas da cidade, rasgando os editais afixados na Igreja Matriz de Santa Luzia e dirigindo-se a casa do escrivão do Juiz de Paz de quem tomaram e rasgaram o livro e papéis relativos ao alistamento. Partiram depois para à redação do jornal “O Mossoroense”, onde destruíram cópias dos mesmos que ali estavam para serem publicadas. Concluída a tarefa da destruição dos editais, as revoltosas partiram para a Praça da Liberdade, onde entraram em choque corporal com um grupo de soldados da Força Pública que ali estavam para dominar a rebelião. Algumas saíram feridas, não se agravando mais o movimento, graças à interferência de pessoas neutras que foram ajudar a acabar com a confusão. 

Encabeçando o movimento estava Ana Floriano, uma mulher forte, de olhos azuis, cabelos louros e estatura considerada acima do normal para o seu sexo, juntamente com D. Maria Filgueira, esposa do Cap. Antônio Secundes Filgueira e D. Joaquina Maria de Góis, genitora do historiador Francisco Fausto de Souza. 
Logo após o movimento, o Juiz de Direito, Dr. João Antônio Rodrigues comunicou o fato ao Presidente da Província, Bacharel João Bernardo Galvão Alcanforado Júnior, que mandou instaurar inquérito contra a promotora do Motim das Mulheres, cuja peça processual desapareceu do arquivo do Departamento de Segurança Pública.
               
Em seu depoimento, o Dr. João Antônio Rodrigues afirma que o movimento contou com um número de cinqüenta a cem mulheres e que as mesmas eram lideradas por D. Maria Filgueira, mulher do capitão Antônio Filgueira Secundes, 3º suplente de Juiz Municipal deste Termo, juntamente com D. Joaquina de Tal e D. Ana de Tal, que mal aconselhadas por seus maridos e parentes cometeram o criminoso ato. O referido Juiz não admitia que o movimento tivesse partido das mulheres e sim do capitão Antônio Filgueira Secundes, seu adversário político, que assim procedera para lhe prejudicar. Quanto ao número das revoltosas? “De cinqüenta a cem mulheres”, foi o que ele disse para diminuir a gravidade do movimento. E quanto a D. Ana de Tal, tratava-se de D. Ana Rodrigues Braga, ou Ana Floriano, assim chamada por ser esposa de Floriano da Rocha Nogueira, pais do jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, Diretor proprietário do jornal “O Mossoroense”.
               
Francisco Romão Filgueira, prócer abolicionista de 1883, falecido a 7 de setembro de 1958, deu depoimento ao historiador Vingt-un Rosado sobre o fato por ele presenciado. Segundo o mesmo, o movimento teria contado realmente com cerca de trezentas mulheres e que as mesmas eram chefiadas por D. Ana Floriano.
               
O historiador Raimundo Nonato registra que “ao tempo, Romão Filgueira era um jovem impetuoso, rapaz de boa família, exaltado, que devia se encontrar no meio da rebelião, agarrado no cós de sua mãe, Dona Maria Filgueira, esposa do capitão Antônio Filgueira Secundes, figura de prestígio do município. O jovem Romão Filgueira corria pela casa dos 16 anos fogoso e turbulento”./
Geraldo Maia do Nascimento

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