Por Rubens Antonio
Depoimento de Rubens Rocha, historiador.
“Percorri os caminhos de Lampião, em Tucano, em setembro de 2007... Ele esteve aqui várias vezes, ma so que eu destaquei foi o que levou ao Mandacaru. Esta antiga fazenda atualmente é um povoado perto da divisa entre os municípios de Tucano e Quijingue... A casa da fazenda em que um vaqueiro coiteiro mentiu ao informar a Geminiano que Lampião não passara por ali ainda está de pé... O local em que Geminiano e os demais caíram está a cerca de 400 metros da povoação de Mandacaru... Ainda é mata... Ao visitar o sítio, só foi identificável o local em que foi enterrado por um menino indicar... A este menino foi solicitado que me acompanhasse e mostrasse onde fora pelo seu Juquinha, então com 92 anos, e que já morava aí na época do combate. Ele disse:
“Quando o tenente foi morto, com o pessoal, Lampião mandou recado dizendo que o pessoal de Tucano podia ir pegar o porquinho... Eu fui ver... Nunca vi nada parecer mesmo mais com banha de porco como a do tenente... que era um moreno muito forte... O sargento teve os olhos arrancados... Ele foi enterrado e no lugar em que ele estava fincaram um pau com o quepe na ponta de cima... no alto.. Depois o povo do governo veio e exumou, pra ver como ele tinha morrido... Levaram todos e enterraram no cemitério de Tucano... No lugar deixamos uma cruz... Depois a cruz caiu e ficou só um pau marcando... Agora, nada mais marca... Quem sabe onde foi fomos só nós...”
Professor Rubens Rocha mostrando o lugar em que caiu morto o tenente Geminiano, em Tucano.
Segui para o cemitério de Tucano e dei busca na sepultura dos militares... Não se acha nada... Foram todas as sepulturas reutilizadas há muito tempo... Perdeu-se tudo...
Os mortos, além do tenente Geminiano, foram um de pré-nome Argemiro... André de Souza e Manoel Aragão, o sargento Miranda...
O Argemiro Reis, que apontaram como morto neste combate não morreu, na verdade, nele... O contratado Manoel Araújo, que foi baleado no braço, foi salvo pelo Argemiro Reis, que o arrastou para o mato... Conheci os dois já com idade avançada, em Tucano...”
Rubens Rocha nasceu em Tucano, em 1939, sendo licenciado em História pela Universidade Católica do Salvador.
José Hermelino, o Seu Juquinha, última testemunha dos eventos, faleceu a 30 de março de 2012.
Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio
Cangaconabahia.blogspot.com
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