Por: Ângelo Osmiro
“A meu ver, o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira [...] Já pertenci ao grupo de Sinhô Pereira, a quem acompanhei durante dois anos. Muito me afeiçoei a esse meu chefe, porque é leal e valente batalhador. Se um dia voltasse ao cangaço, iria ser seu soldado”.
Depoimento de Lampião em entrevista dada ao médico cratense Dr. Otacílio Macedo para o jornal O Ceará em Juazeiro no ano de 1926.
Dr. Octacílio de Macedo
Sebastião Pereira da Silva nasceu em Vila Bela, atual Serra Talhada em 20 de janeiro de 1896, filho de Manoel Pereira da Silva e Constância Pereira da Silva.
Sinhô Pereira
O estopim para entrada de Sebastião Pereira na vida das armas deu-se com o assassinato de seu irmão Né Pereira ou Né Dadu como era mais conhecido.
Após o crime, Sebastião resolveu tomar as dores da família, por ser solteiro, ficando os irmãos com as responsabilidades de cuidar do patrimônio e dos demais familiares. Arregimentou com o
Coronel Isaias Arruda do Ceará, vários cabras para dar início à vingança. Isaias era um coronel radicado do sul do estado alencarino, bastante conhecido pelo seu envolvimento com cangaceiros.
Sinhô Pereira - sentado, e Luiz Padre
O primo e fiel companheiro de Sinhô Pereira, Luis Padre o acompanhou nessa empreitada a pedido de sua mãe Dona Chiquinha Pereira, com ordens de ajudar o parente em tudo que fosse preciso.
Na Passagem dos Brejos as margens do riacho Pajeú, no ano de 1920 os irmãos Ferreira, Virgulino, Antônio e Levino acompanhados de mais quatro companheiros, entre eles Antônio Rosa, se juntaram ao grupo de Sinhô Pereira. Logo após a adesão dos irmãos Ferreira ao bando de Sinhô, o grupo tem uma refrega violenta com a volante comandada pelo Capitão José Caetano, na fazenda Carnaúba, no município de Vila Bela, atual Serra Talhada, morrendo na ocasião Luis Macário, cabra o qual o chefe muito estimava. Sinhô Pereira e o grupo foram obrigados a deixar o campo de luta, pois levavam nítida desvantagem. Sebastião Pereira voltou depois ao local da batalha e não permitiu que seu companheiro fosse enterrado, enquanto não “encomendasse” outro para ir junto com ele. Encontrou na estrada o jovem João Bezerra, matando-o, o rapaz inclusive ainda era aparentado seu, por entrelaçamento familiar, coisa muito comum no sertão, e nada tinha com as brigas entre Pereiras e Carvalhos.
Em 1972 quando Sebastião Pereira visitou Serra Talhada, depois de meio século de ausência, confessou ter se arrependido amargamente daquele ato de loucura e que foi aquele um fato determinante para abandonar o cangaço. Ainda em Serra Talhada o ex-cangaceiro da família Pereira foi entrevistado pelo seu parente Luis Lorena. Quando dentre outras indagações, o entrevistador perguntou: - Você convidou Virgulino, posteriormente, para refugiar-se em Goiás? Respondeu Sebastião Pereira: - “Mandei um convite em correspondência que lhe foi entregue em Macapá (hoje Jati, no Estado do Ceará). Não recebi resposta”. Uma outra declaração prestada por Sinhô Pereira a seu parente Luiz Lorena, quando o primeiro esteve em Serra Talhada após cinquenta anos de ausência, traduz o quanto era valente este sertanejo.
Perguntou Lorena: - Você reconhece o que os seus contemporâneos dizem sobre seu espírito guerreiro, e de ser você o mais valentes entre eles? Respondeu Sinhô Pereira: - Do outro lado havia homens valentes, até a quase loucura, entretanto brigavam para matar. Na hora de morrer fugiam do campo de luta. Naquelas circunstâncias, matar ou morrer para mim seria a mesma coisa. O dia 20 de janeiro foi um dia muito marcante na vida de Sinhô Pereira, senão vejamos: 20 de Janeiro de 1919, próximo a Milagres no sertão do Ceará, Sinhô Pereira assaltou a viúva do coronel Domingos Leite Furtado, em conluio com o Major José Inácio do Barro. Em 20 de janeiro de 1920 foi saqueada pelo bando de Sebastião a fazenda Nascença de propriedade do Coronel Basílio Gomes da Silva, em Brejo Santo, Ceará. Em 20 de janeiro de 1922 o ataque à fazenda Coité do famoso padre Lacerda, onde ocorreu ferrenho combate. 20 de Janeiro, dia de São Sebastião e do nascimento de Sebastião Pereira da Silva, o Sinhô Pereira.
Ângelo Osmiro Barreto
Da Sociedade Cearense de Geografia e História
Enviado pelo Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe, escritor e pesquisador do cangaço: Dr. Archimedes Marques
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