Por Geraldo Maia do Nascimento
Segundo
a Wikipédia, a enciclopédia livre da Internet, a palavra
\\\"cemitério\\\" (do latim tardio coemeterium, derivado do grego
κοιμητήριον [kimitírion], a partir do verbo κοιμάω [kimáo] \\\"pôr a
jazer\\\" ou \\\"fazer deitar\\\") foi dada pelos primeiros
cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos.
Por
volta da segunda metade do século XIX o Capuchinho Frei Agostinho andava pelo
Nordeste do Brasil em sua missão evangelizadora. Chegou a Mossoró em 1863 e
aqui permaneceu por algum tempo. Percebendo que a cidade ainda não tinha um
lugar próprio para enterrar os seus mortos, tratou de separar um terreno e nele
edificar um pequeno cemitério, com cerca de madeira e um portão simples, como
nos informa o historiador Francisco Fausto de Souza. E por algum tempo, ali
foram enterrados os que morriam na cidade.
Afirma
a tradição que antes de 1772, os habitantes da Ribeira do Mossoró, quando
faleciam, eram sepultados na Igreja da Mata Fresca. Depois da construção da
capela de Santa Luzia, passaram a ser enterrados nessa ou em lugares próximos a
capela. Por essa razão, o local escolhido por Frei Agostinho para a construção
do pequeno cemitério foi exatamente os fundos da capela, próximo a onde se
encontra hoje o Mercado Público Central.
Já
em 1869 o vigário Antônio Rodrigues de Carvalho, que era o pároco local,
entendeu que apesar da boa intenção do seu irmão Frei Agostinho, o local não
era muito adequado para servir de cemitério, pois ficava muito próximo das
casas e o terreno era úmido. E contando com a ajuda de algumas pessoas locais,
escolheu outro local, mais afastado das casas, mais elevado e plano, bem mais
coerente para ali descansarem aqueles que dormissem no Senhor. Ali foi feita a
cerca delimitando o local, igual ao que existia anteriormente, e colocado um
portão simples na entrada. E para lá foram removidos os restos mortais dos que
já haviam sido enterrados por trás da capela.
No
ano de 1877 outro frade capuchinho pregava por esta região, que era frei
Fidellis. Este, por iniciativa própria e com a ajuda do vigário Antônio Joaquim
e do povo local, substituiu a cerca de madeira do cemitério por um muro de
tijolos, que por sinal ficou muito bem construído, segundo a opinião das
pessoas da época. E no cemitério foi construída ainda uma capelinha para
celebração de missas e cultos de corpo presente.
Os
anos que se seguiram foram de seca (1877 a 1880). Foi a maior seca que se tem
notícia no Sertão nordestino. E milhares de pessoas, vindas não só do Oeste
potiguar, mas também da Paraíba e do Ceará, flageladas pela seca, migraram para
Mossoró em busca de salvação. Muitos não conseguiram chegar: morreram pelo
caminho. Mas os que chegavam, famintos e doentes, se arranchavam debaixo das
árvores, sem nenhum cuidado, sem nada que pudesse amenizar o sofrimento,
comendo de esmolas, quando conseguiam alguma. E a mortandade foi muito alta.
Morriam a míngua. Há depoimentos que toda manhã, a prefeitura mandava recolher
os cadáveres que se espalhavam pela cidade. E eram tantos que não havia tempo
para cavar covas individuais. A solução encontrada foi a de se cavar valas no
fundo do cemitério onde eram depositados os cadáveres que iam chegando. Sobre
esses era jogada uma fina camada de areia onde seriam depositados os próximos,
até que a vala fosse totalmente preenchida. Não havia identificação de ninguém.
Homens, mulheres e crianças eram enterrados na mesma vala. Foram tantas valas
abertas que o pequeno cemitério dobrou de tamanho.
Esse
cemitério ficava no mesmo local onde hoje se encontra o Cemitério São
Sebastião, no centro da cidade. Em 1930 a pequena capela existente no cemitério
foi reformada e tem como padroeiro São Sebastião.
Com
o crescimento da cidade o Cemitério de São Sebastião já não atendia mais as
necessidades e um novo cemitério foi construído. Mas desse novo cemitério,
trataremos em outra oportunidade.
Geraldo
Maia do Nascimento
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