Por José Cícero
Nunca me
esqueço do Seu Antonio Siqueira... da sua bodega; do designer de seu belo
balcão de cedro curvado e liso pela ação dos anos. Do seu jeito manso, austero
e fino - o homem mais bem informado daquele lugar num tempo em que até o rádio
era um privilégio para poucos.
Menino curioso
sempre o escutava contando as notícias que ouvia no seu aparelho de válvulas,
para o povo da comunidade. Todos o tinham como um delegado (juiz de paz),
resolvia muitas encrencas entre os matutos com a tenacidade da sua voz embasada
no bom conceito que detinha. Era uma figura singular e respeitado por
todos.
Longe e já
homem feito fiquei profundamente triste quando soube que morrera tragicamente
em Missão Velha num acidente rodoviário. Triste fiquei igualmente quando estes
dias vindo do Juazeiro onde fui escolher um carro resolvi à francesa entrar na
Missão Nova. O pequeno povoado dantes alegre em que vivi parte importante da
minha infância.
Contudo fiquei
desolado quando não avistei o velho prédio da sua bodega (agora totalmente
descaracterizado, tampouco a casa da minha vó), nem o brejo, nem as árvores,
nem a cacimba, nem o engenho, nem a levada-riacho que trazia a água do pé da
serra, nada... apenas a capela ainda está lá quase como no passado agora com um
Santo Antonio (assim como eu) meio desolado pela saudades de um passado que não
voltará jamais.
Missão Nova
agora é apenas uma grande lembrança que nunca me deixará; onde quer que eu vá,
onde quer que eu ande.
E seu Antonio
Siqueira seguramente é parte desta minha história, dentre tantos outros
personagens da velha Missão Nova que não existe mais.
José Cícero -
Aurora, CE
Pesquisador,
Escritor
Conselheiro do
Cariri Cangaço
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/12/a-bodega-de-antonio-sigueira-porjose.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário