Por Geraldo Maia do Nascimento
Os
primórdios do nosso Carnaval
Continuando a nossa série sobre a memória do carnaval mossoroense, vamos abordar hoje os primórdios da nossa festa de Momo.
Continuando a nossa série sobre a memória do carnaval mossoroense, vamos abordar hoje os primórdios da nossa festa de Momo.
As
primeiras notícias que temos sobre Carnaval em Mossoró é de 1913, quando “um
pequeno grupo de cavalheiros e pouco maior número de crianças” saíram
fantasiados pelas ruas da cidade no domingo de carnaval. Naquele mesmo dia
houve uma festa no Cinema Almeida Castro, onde “a fina flor mossoroense” travou
uma verdadeira batalha de confete, serpentina e lança-perfumes. Na
segunda-feira outros bailes se realizaram. O jornal “O Mossoroense” registrava
“uma soerée familiar na casa do diretor do jornal e, outro ainda, no Polytheama
como remate à festa anual tão cheia de atrativos.” Dessa forma começavam as
comemorações do carnaval em Mossoró.
Em
23 de fevereiro de 1924 o jornal O Mossoroense anunciava: “Vesperal
carnavalesca na residência do Dr. Freire Filho, médico pernambucano que por
vários anos residiu em Mossoró. Sua elegante residência, localizada na Rua do
Triunfo, local onde hoje está instalada a Coletoria de Rendas Estaduais, foi
ricamente decorada para receber a elite mossoroense, que se apresentou
ostentando vistosas fantasias, num ambiente dos mais alegres. Não faltaram
nessa magnífica vesperal que assinalou o inicio da temporada carnavalesca do
ano, os blocos das Violetas e dos Terroristas, formados se senhoritas e rapazes,
bem como as fantasias individuais, ali representando Príncipes Encantados,
Persianas, Cavaleiro da Idade Média, Mosqueteiros, Ciganos, Gato de Botas,
Cinderelas e outros disfarces”.
Nos
anos que se seguiram a festa foi tomando proporções maiores. De 1913 a 1925
vários grêmios recreativos foram se formando nos bairros, cada qual querendo
mostrar o que tinha de mais bonito. Para os jovens daquela época, o carnaval
oferecia um bom pretexto para cortejos, por isso caprichavam no visual antes de
cair na folia.
Como
não existiam ainda clubes sociais na cidade, as festas eram realizadas nas
casas das pessoas. As famílias mais tradicionais decoravam suas casas com temas
coloridos, convidavam os amigos e promoviam suas próprias festas. A folia era
puxada por uma orquestra e entre uma dose e outra de licor, era servido um
cafezinho.
Com
a construção de clubes como o Ypiranga, Associação Cultural e Desportiva
Potiguar – ACDP, Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB, BNB Clube, do
Banco do Nordeste do Brasil e outros, as festas carnavalescas passaram a ser
realizadas nesses espaços. E por essa época os Carnavais já tinham tomado uma
projeção tão grande que começaram a ser realizados festivais. O antigo Clube
Ypiranga foi palco de grandes desfiles de fantasia.
Mas
tinha também o mela-mela. Herança do “entrudo” que foi trazido para o Brasil
por volta do século XVII, por influência dos portugueses das Ilhas da Madeira,
Açores e Cabo Verde. Era uma brincadeira de loucas correrias, onde se jogava
nas pessoas que passavam: farinha, água com limão, colorau, etc. Em meios mais
nobres, esses produtos eram substituídos por confetes e serpentinas.
Os
blocos trabalhavam suas alegorias para superar os concorrentes. Marcaram época
os blocos Hi-Fi, composto pela elite da sociedade mossoroense, Sky, Ciganas
Zingaras, composto exclusivamente por moças da elite, Camafeus de Oxossi,
composto por moradores do Bairro Alto da Conceição, os Falcões, que era formado
por moradores do Bairro Doze Anos, Guizos de Ouro, Gente Bem, Sete Capas, Very
Kar, Cavalheiros de Tio Sam, Tricolor da Folia, Camisas Pretas e Balança, mas
não cai. Havia ainda os Kalapalos, com 30 membros, os Cara-sujas, com 52
integrantes, o Fãs de Amor, com 33 pessoas e os Vassourinhas, com 32 homens
Esses
carnavais remanesceram até a década de 70. Nesse período, a rivalidade
existente entre os Clubes ACDP e Ypiranga era contagiante. Deixaram saudades o
brilho de suas festas.
Geraldo Maia do Nascimento
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Fonte: http://www.blogdogemaia.com
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