Por Geraldo Maia do Nascimento
Abandonado
pelo grupo de capitalistas que em 1888 o amparava e impossibilitado de tomar
empréstimos para a sua empresa, apelou Chrockatt para os favores do Governo
Federal. E desse modo, a 28 de julho de 1903 partiu a comissão de estudos,
levando consigo o futuro da região e deixando para trás a alma mossoroense
cheia de esperança. Como justificativa para a viabilidade do projeto, contava
principalmente com o fato da região está sendo assolada pela seca e que a
construção da estrada de ferro geraria trabalho para muitos.
E,
após o brilhante opúsculo do deputado Nogueira Brandão sobre a seca da região,
obteve a 1º de dezembro de 1903 aprovação do projeto para a construção da
ferrovia de Mossoró. O projeto aprovado autorizava o governo a contratar com os
engenheiros João Chrockatt de Sá, Pereira de Castro e Matheus Nogueira Brandão,
a construção de uma estrada de ferro, partindo da barra do rio Mossoró e
cortando a região mais flagelada pelas secas nos Estados do Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba e Pernambuco. Os contratantes deveriam entregar a estrada ao
tráfego, com estações, oficinas e todas as demais obras necessárias, dentro do
prazo de 3 anos. O governo pagaria a construção a razão de 35 contos por
quilômetro, em títulos da dívida pública de 5%. Mas o ano de 1904 foi de forte
inverno e com as chuvas o argumento usado para aprovação do projeto se tornava
inútil.
Mas
da intensa propaganda realizada em 1903 resultou a inclusão, no Orçamento Geral
da República, aprovado pela lei nº 1.145 de 31 de dezembro de 1903, da
autorização ao Presidente da República, então Rodrigues Alves, a “adotar o
alvitre que julgasse conveniente, inclusive emissão de títulos da dívida
interna ou externa, não podendo dar garantia de juros nem subvenção, para o fim
de construir no Estado do Rio Grande do Norte uma estrada de ferro que,
partindo do ponto mais conveniente do litoral, fosse ter à região mais assolada
pela seca.”
Em
23 de fevereiro de 1904 o Ministro Lauro Muller baixava as instruções para
estudos e construção de obras contra os efeitos da seca no Rio Grande do Norte,
das quais constava o estudo comparativo dos traçados ferroviários partindo dos
portos de Natal, Mossoró e Macau. Foi criada uma comissão de estudos, encabeçada
pelo engenheiro José Mattoso Sampaio, que chegando a Mossoró no dia 17 de junho
de 1904, passaram a fazer o levantamento dos trajetos sugeridos. O trabalho foi
concluído, mas as obras não foram realizadas.
Em
7 de outubro de 1909 era apresentado na sessão do Senado Federal, pelos
senadores Meira e Sá, Castro Pinto, Tomas Acioly, Ribeiro Gonçalves, Pedro
Borges, Severino Vieira e Gonçalves Ferreira, o projeto nº 41 que “autorizava o
Governo a mandar construir uma Estrada de Ferro partindo do porto de Mossoró,
na vila de Areia Branca e atravessando em linha mais ou menos reta o Estado do
Rio Grande do Norte, nos municípios de Mossoró, Caraúbas, Apodi, Portalegre,
Patu, Pau dos Ferros e Luiz Gomes, penetre no Estado da Paraíba, pelos sertões
do Rio do Peixe, próximo ao Estado do Ceará e termine no sertão de Pernambuco,
à margem do rio São Francisco. Mas Nilo Peçanha, então Presidente da República,
não mandou proceder os estudos.
Essa
batalha, que havia começado em 1870, já se arrastava por quase quarenta anos,
sem que o projeto saísse do papel. E Mossoró teve que esperar ainda alguns anos
para ver o início da Estrada de Ferro de Mossoró. O restante desta história
contaremos na próxima semana.
Geraldo
Maia do Nascimento
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