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segunda-feira, 6 de abril de 2015

UM DICIONÁRIO DE CANGACEIROS & JAGUNÇOS

Por Kydelmir Dantas(*)

Há uma versão sobre o conceito do termo dicionário. Dizem que na antiga Grécia um jovem – Narius - resolveu dar significado às palavras conceituando-as, de acordo com o que se entendia sobre aquelas. E quando alguém questionava a outrem sobre ser aquilo mesmo, a resposta vinha sempre desta forma: - Assim disse o Narius!

Os dicionários distinguem-se de acordo com suas finalidades podendo ser mais específicos e tratar dos termos próprios de uma ciência ou arte. Ainda conforme as suas origens, acredita-se que o dicionário tenha se originado na Mesopotâmia por volta de 2.600 a.C.; e com o advento da imprensa, no século XV, alavancou-se a difusão e o uso de novos dicionários. O estilo de dicionário que usamos atualmente foi incorporado no renascimento com o objetivo de traduzir as línguas clássicas para as modernas em função da Bíblia. (wikipédia).


No Brasil, os mais famosos são os de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,  (1910-1989) - Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1975; a 2ª edição revisada e ampliada, 1986); Francisco Caldas Aulete (1823-1878) - Dicionário Caldas Aulete; Antônio Houaiss, (1915-1999),  Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. (primeira edição em 2001); Luís da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro (a primeira edição em 1954, com sucessivas edições até o momento).


Conforme Maria do Socorro Silva Aragão, em A Linguagem Regional, os estudos linguísticos no Nordeste têm se destacado em determinadas áreas, em momentos diferentes (...) De alguns anos para cá tem surgido uma nova onda de estudos dialetais e sociolinguísticos com enfoque no aspecto léxico, mais precisamente na publicação de dicionários, vocabulários e glossários de falares regionais nordestinos (...) Essa tendência atual segue uma tradição começada por Pereira da Costa (1937) com o Vocabulário pernambucano; Leon Clerot (1959), com o Vocabulário de termos populares e gírias da Paraíba; Raimundo Girão (1967) com o Vocabulário Cearense; Horácio de Almeida (1979) com o Dicionário popular paraibano; Raimundo Nonato (1980) com o Calepino Potiguar - gíria riograndense; Tomé Cabral (1982) com o Dicionário de termos e expressões populares; Leonardo Mota (1982) com o Adagiário brasileiro e Florival Seraine (1991) com o Dicionário de termos populares - registrados no Ceará.”

O que o Narius não disse e nem imaginava acontecer era que dentre os vários tipos de dicionários - gerais da língua; etimológicos; de sinônimos e antônimos; analógicos; temáticos; de abreviaturas; bilíngues ou plurilíngues etc. – viessem a compilar dados em outros como propósito de atender diversas finalidades como dúvidas e dificuldades de uma língua, de frases feitas, de provérbios, de gírias e expressões regionais, etc. Com isto, vários já foram impressos, que nem os citados a seguir: Dicionário Tupi-Português / Português-Tupi, do Octaviano Mello (1967); Dicionário de Folclore para Estudantes, Mário Souto Maior & Rúbia Lóssio (2004); Dicionário Nordestinês, Fred Navarro (2009; as 1ª e 2ª edições saiu sob o título Assim falava Lampião - 1998). Maria Maria Gomes e o Adelson Aprígio Filgueira, publicaram o Ôxi! Dicionário de palavras e expressões usadas no Seridó oriental (2014), saído do sertão de Currais Novos, no Rio Grande do Norte.

Agora nos aparece o Professor Renato Luís Bandeira com o seu Dicionário Biográfico de Cangaceiros & Jagunços, com certeza o trabalho mais completo sobre estes homens e mulheres que vararam as caatingas nordestinas em busca dos seus ideais (dentro ou fora-da-lei).  São mais de mil de duzentas biografias (1.127 homens e 91 mulheres) de cangaceiro(a)s e mais de cem jagunços (167) que estiveram ligados ‘as guerras pelo poder’ nos sertões, cariris e agrestes nordestinos, todos garimpados na bibliografia cangaceira da qual o autor encheu a sua biblioteca e levou um bom tempo a pesquisar e compilar estes dados. Afora a iconografia que é mais um ponto positivo no trabalho. Se há alguma discrepância! Os responsáveis são os autores dos inúmeros livros que foram publicados, desde o século XIX (O Cabeleira – Franklin Távora – 1896) até o ano passado (2014). Mas, conforme está neste Dicionário, o autor-organizador Renato Luís, dá os devidos créditos a quem de direito. E ganham todos aqueles -  pesquisadores, estudantes, professores e curiosos - que se dedicam a pesquisar a história e a memória do cangaço no Nordeste do Brasil. Parafraseando Lampeão: Falou direito, cabra!

PARA ADQUIRIR O LIVRO ENTRAR EM CONTATO COM O RENATO BANDEIRA:

renatoluisbandeira@gmail.com

(*) Pesquisador e poeta, de Nova Floresta-PB, radicado em Mossoró-RN; sócio do ICOP, IHGRN, POEMA e da SBEC.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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