“...porque
Lampião viera ao Juazeiro na boa fé dos tratados.”
GUSTAVO
BARROSO
(“Almas de
Lama e de Aço”)
LAMPIÃO e seus
cabras chegaram ao Juàzeiro do Padre Cícero no dia 4 de Março de 1926, numa
quinta-feira.
O portador da
carta que lhe mandara o deputado federal Floro Bartolomeu da Costa,
convidando-o a apresentar-se no quartel-general dos beatos e cangaceiros, então
convertido em sede dos “patriotas” defensores da legalidade do governo Arthur
Bernardes, foi um rábula, de nome José Ferreira de Menezes Longe.
Há uma outra
versão: de que o padre Cícero, do próprio punho fizera idêntico convite ao
bandoleiro, o que pusera Lampião desconfiado por não conhecer a caligrafia do
padrinho. A intervenção do fazendeiro Né da Carnaúba, garantindo a
autenticidade da carta, apagou a dúvida no espírito de Virgulino.
Outros afirmam
que o padre não aprovou a iniciativa do doutor Floro Bartolomeu, mas opôs
obstáculos, dominado que sempre foi pelo médico baiano.
Sonhava o
padre recuperar Lampião, como fizera, antes, com Sinhô Pereira e Luiz Padre.
Dizem que chegaram mesmo, de uma feita, a escrever cartas aos coronéis Ângelo
da Gia, de Floresta, e João Novais, do Navio, pedindo-lhes que cedessem em suas
fazendas um trato de terra para Lampião cultivar.
Sinhô Pereira e Luiz Padre
Há quem
afirme, também, que ao deixar o Juàzeiro, nessa viagem de 1926, Virgulino
levava no bolso uma carta do reverendo a um amigo do Maranhão ou Goiais,
fazendeiro poderoso, na qual pedia que o acolhesse e o encaminhasse ao trabalho
do campo.
Mas ainda: Que Lampião só atacara Mossoró, após sua permanência no Juàzeiro, porque soubera
que o governo do Ceará não mais estava disposto a permitir sua entrada no vale
do Cariri, sob qualquer pretexto, atitude essa que teria sido aprovada pelo
próprio taumaturgo. Tal proibição calara fundo na alma de Virgulino, a quem se
atribui esta reação:
- Então não
querem nem que eu vejo mais o meu padrinho? Pois bem: eu nunca fui bandido, mas
de agora em diante é que eu vou ser! – e arrasou o Rio Grande do Norte, para
começo de conversa.
Quando chegou
ao Juàzeiro, em 26, já havia desaparecido a maioria dos grandes nomes do
cangaço e do fanatismo dos primeiros tempos da cidade: os beatos da Cruz,
Romualdo, Vicente, Ricardo, Elias e os valentes Mané Côco, Zé Pedro, Mané
Chiquinho, Antônio Calangro, Pedro Pilé, Antônio Vaqueiro, Zé Pinheiro,
Quintino e Canuto Reis.
CONTINUA...
Fonte: Lampião
Autor: Nertan Macêdo
Ano de publicação: 1970
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Acredito mesmo que o único desejo do Padre Cícero era recuperar Lampião.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha