Por José João de Souza
No dizer de
Frederico Pernambucano de Mello, o cangaço reflete a reação do sertanejo ao
peso da bota do português e as atrocidades cometidas no processo de
colonização, como: escravidão dos negros, o quase extermínio dos índios, o
monopólio da terra e o trabalho servil, com isso, o empobrecimento da população
e o impedimento do seu desenvolvimento. As pessoas eram relegadas à condição de
objetos, cujo maior dever era servir aos donos de terras. Os problemas das
famílias abastadas eram resolvidos entre si, sem a intervenção do poder do
Estado, mas com a substantiva ajuda de seus fiéis subordinados: policiais,
delegados, juízes e políticos. Contrariar o coronel era algo a que ninguém se
atrevia. É importante registrar também a presença dos jagunços, ou capangas dos
coronéis, aqueles assalariados que trabalhavam como vaqueiros, como
agricultores ou mesmo como assassinos, defendendo com unhas e dentes os
interesses do patrão, de sua família e de sua propriedade.
Diante das relações
semifeudais de produção, da fragilidade das instituições responsáveis pela
ordem, lei e justiça, e da ocorrência de grandes injustiças como, homicídios,
violências sexuais e roubos, além das secas periódicas que vinham agravar a
fome, o analfabetismo e a pobreza extrema. Os sertanejos buscaram fazer justiça
com as próprias mãos, como forma de defesa, um fenômeno social que propagava a
vingança. A própria formação cultural do sertanejo e seu código de honra
permitiam a prática de revides contra as agressões sofridas. Lampião já tinha
consciência política da situação e, sabia lidar muito bem com as estruturas de
mando e de poder da época e ainda tirar proveito dela. A estrutura política do
país mudou pouco, o banditismo político de hoje é uma versão moderna dos
coronéis de antigamente.
Fonte:
facebook
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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