Por Clerisvaldo B.
Chagas, 24 de julho de 2015 - Crônica Nº 1.457
“24.07.1938.
(Domingo).
Maria Bonita
chora muito, nervosa, recostada a Lampião. Os dois sentiam o fim através das
previsões de um vidente de Umã. Desde 1929 que Lampião tinha pressentimentos.
Os mais
íntimos de Lampião sabiam nas duas margens do rio São Francisco, que Maria
Bonita havia ido a médico em Propriá; não sabiam, porém, qual era a doença.
Depois, também poucos souberam que era somente nervoso e nada mais.
Por aí se vê
que Lampião estivera antes em uma das fazendas de Antônio Caixeiro (SE), aí
convocara o bando inteiro para Angicos (SE), atravessara o rio para Alagoas,
serra de São Francisco (AL) para despistar, depois voltara para Sergipe. AA.
Neste domingo,
dia 24, para ninguém vê, Durval foi abrir, salgar e enxugar a carne, de canoa,
no meio do rio. Depois de pronta, levou-a para Lampião e a ofereceu de
presente. Sem aceitar, o cangaceiro pagou a posta de carne com cem mil reis.
Como o boi inteiro tinha custado noventa e dois mil reis, o rapaz pensou que se
Lampião demorasse mais com um negócio daquele, daria para qualquer um muito
dinheiro (segundo seu depoimento). (Ótima carne, régio pagamento).
As coisas,
carne e as outras encomendas, chegam num jegue com dois caçuás. As encomendas
foram compradas por Erasmo Félix e, Durval teria feito as entregas no domingo à
noite”.
Prossegue
Lampião e seu bando acampados na grota da fazenda Angicos, de propriedade da
família de Durval. O que Virgolino precisava da fazenda, usava para pagar
quando se fosse retirar do coito a exemplo de bodes, cabras e cabritos. Quando
queria complementar seus alimentos ou fazer uso de algum objeto de fora do
coito, usava os coiteiros para compras em Piranhas ou em Pão de Açúcar, cidade
alagoanas.
· Narrativa
baseada no livro: CHAGAS, Clerisvaldo B. FAUSTO, Marcello. Lampião
em Alagoas. Maceió, Grafmarques, 2012.
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