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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

COMO “BOSTA SECA” VIROU “VOLTA SECA”

Por: José Bezerra Lima Irmão - Livro Lampião A Raposa das caatingas

Enquanto isso, Lampião continuava suas estripulias pela caatinga, chegando no dia 26 de fevereiro de 1929 a Guloso (Atual Novo Triunfo), um povoado ao norte de Bom Conselho (Cícero Dantas). Arvoredo tinha parentes em Guloso. Muitos moradores eram ligados ao Coronel João Sá. Lampião hospedou-se na casa do próprio Delegado, Antônio Guerra.

O Delegado – na verdade, Subdelegado – era um homem de grandes posses, casado com Dona Maria de Sousa Guerra, filha de um dos maiores fazendeiros da região, o Coronel Saturnino Nilo (Nilo da Abrobeira). Enquanto Lampião e o Delegado conversavam na sala, aguardando o almoço, Ezequiel e outro cangaceiro foram dar uma volta pelos arredores, à procura de cavalos. Nesse giro eles encontraram um moleque pretinho, aparentando uns 10 ou 11 anos de idade, com uma franga debaixo do braço.

- Cumé seu nome, mininu? – Perguntou Ezequiel.

- Antonho – respondeu o rapazinho.

- Cê sabe onde tem cavalo, pur aqui?

- Sei. Me acumpãe qui eu insino.

Em virtude da franguinha que o moleque estava levando, os cangaceiros passaram a trata-lo como “TONHO DA PINTA”.

Quando chegaram a Guloso com o esperto Tonho da Pinta, os outros cangaceiros logo se afeiçoaram a ele. 

Lampião perguntou:

- Mais onde diabo voceis acharo esse minino?

- Nos mato – respondeu Ezequiel. – Ajudou nóis a incontrá os cavalo. Butemo nele o apelido de Tonho da Pinta.

O Delegado interveio:

- Tonho da Pinta?! Apois nóis chama ele é de BOSTA SECA... Apareceu aqui tem poucos dia, ninguém sabe donde veio. É munto prestativo, fais tudo o qui a gente manda.

- Ah, é? Então, Bosta Seca, vá lavá aqueles cavalo – ordenou Lampião – Lave bem lavado.

Bosta Seca num instante lavou os cavalos. Já sabia o nome de cada cangaceiro: Corisco, Virgínio, Arvoredo, Luiz Pedro, Ezequiel e Mariano. Estava entrosado no grupo.

Terminado o trabalho, Lampião deu-lhe 50 mil Réis. Perguntou se já tinha comido. Logo mais Bosta Seca estava almoçando junto com o bando de Virgulino Ferreira. Não calava a boca, dava conta de tudo, sabia da vida de todo mundo.

Alguém sugeriu que levassem o garoto. Lampião não aprovou. A seu ver, o moleque tinha a língua muito solta, não era de confiança. Mas como os cangaceiros insistiram, Lampião perguntou se ele topava acompanha-lo. Bosta Seca ficou em dúvida.

Disse que na Fazenda onde estava morando era tratado como gente da família. Aí o Delegado Antônio Guerra aconselhou:

- Mininu, nun perca uã oportunidade cumo essa. Com o Capitão Virgulino você vai tê um bom futuro!...

Logo mais, quando o bando saiu de Guloso, pela estrada de Antas, Bosta Seca foi junto, na garupa do cavalo de Corisco.

Era o surgimento do cangaceiro Volta Seca que se tornaria pouco tempo depois, um dos mais violentos e sanguinários “cabras” de Lampião.

Fonte de pesquisa: Livro “LAMPIÃO – A RAPOSA DAS CAATINGAS” de José Bezerra Lima Irmão.

Fonte: facebook
Página: Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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