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sábado, 7 de novembro de 2015

MUSEU DO SERTÃO EM MOSSORÓ APRESENTA AOS LEITORES DESTE BLOG CARRO DE BOI

Por Benedito Vasconcelos Mendes

No passado, o carro de boi, ao lado das tropas de burro e jumento, foram os principais veículos de carga no sertão semiárido nordestino, principalmente, para o transporte de carga pesada a longa distância. 

Os tropeiros, com seus burros, jumentos e as vezes, com cavalos, levavam em bruacas, surrões e caçuás pendurados nos paus das cangalhas a produção das fazendas para as feiras semanais das vilas e cidades sertanejas (arroz, feijão, milho, batata doce, jerimum, farinha e goma de mandioca, rapadura e outros produtos). 

As cargas pesadas e de maiores tamanhos, chegadas nos portos, vindas de outros Países em vapores (barcos), como moendas de moer cana-de-açúcar, máquinas de costura, tecidos, querosene, mármore, móveis, ferro, aço e outros materiais) eram transportadas em carro de boi. 


O sal era levado da salina em grande quantidade (cerca de 1.500 quilos) e a grande distância (por mais de 1.000 quilômetros ) em carro de boi, que às vezes, demorava meses para voltar à fazenda de origem. 

Dependendo do peso e das subidas e descidas existentes no caminho, o carreiro, o guieiro e auxiliares utilizavam carro de boi fornido, com mesa, cabeçalho e rodas grandes, com muitas juntas de bois (3, 4, e não raro, 5 parelhas de bois mansos, ou seja, 6, 8 ou 10 bois). 

Nas longas viagens, que demoravam mais de um mês, eles levavam um eixo de miolo de aroeira já pronto, como sobressalente, além de serrote, enxó, marreta, pua, formão e outros apetrechos de carpintaria, para que pudessem consertar uma roda ou mesmo fazer outra peça em plena viagem. 


Os mantimentos (rapadura, queijo de coalho, carne de charque, feijão de corda, paçoca de carne seca, farinha e muitas cabaças d'água), panelas, binga (isqueiro rudimentar) ou fósforo, rede, mudas de roupa, sabão, toalha e a espingarda e munições, para caçar e se defender dos assaltantes, não podiam ser esquecidos. Este veículo simples  de duas rodas era também utilizado nas fazendas para o transporte de madeira  (estacas, mourões, lenha etc.), material de construção, produtos alimentícios e mesmo para o transporte de passageiros da fazenda para a cidade. 

O carro de boi foi introduzido no Brasil pelos colonizadores portugueses e foi muito usado na época colonial, no império e na república, pois ainda hoje é usado em algumas regiões do Nordeste e do Centro-Oeste. É um primitivo e tosco meio de transporte de carga e de passageiros, confeccionado em vários tamanhos, com diversos tipos de madeira, dependendo da região. O diâmetro das rodas e as medidas da mesa ou lastro, determinam a dimensão das outras peças do carro de boi. 

O carapina especializado em fazer carro de boi tinha na memória as medidas de todas as peças. O eixo tinha um formato característico, com 8 faces ( oitavado ) e era feito de madeira dura e resistente ( miolo de aroeira ou baraúna ). A mesa, assoalho ou  lastro era construído de pau-d'arco ou de craibeira. As rodas eram de pau-d'arco, com aros de ferro e o cabeçalho ou cambão, de pau-d'arco, aroeira ou angico. Os aros de ferro eram colocados nas rodas, quente em brasa (incandescente) e depois resfriado com água, para se contrair e ficar justo . Os fueiros, de pau-branco, sabiá ou pereiro. 


A canga era de madeira leve e resistente como o cedro, cumaru e as vezes de pau-d'arco. O espaço reservado para cada boi na canga era limitado pelos canzis, em número de quatro, sendo dois para cada pescoço. Os canzis atravessavam a canga na vertical, de cima para baixo, de modo a formar o espaço para receber o pescoço de cada boi, separadamente. 

Nas parelhas de bois, um boi é unido ao outro pelas pontas dos chifres, pois  as pontas são furadas, para deixar passar a tira de couro cru que vai amarrar um boi ao outro, formando a junta. A canga é colocada nos pescoços dos bois da junta e presa ao cambão ou cabeçalho para puxar o carro. O guieiro usa a vara do ferrão ( vara de madeira com cerca de  dois metros e meio de comprimento com o ferrão de ferro na extremidade) para cutucar os bois. 

O carro de boi emite um som característico chamado gemido, canto ou lamento. O atrito do eixo com os mancais (chumaço e cocão) das rodas produz este som característico que é ampliado pelas ocas das rodas (dois orifícios circulares deixados em cada roda). O carreiro conduzia um chifre de boi com azeite de carrapateira, para lubrificar o eixo e diminuir o atrito e carvão vegetal em pó, para gerar o som característico do carro de boi.

Informação do http://blogdomendesemendes.blogspot.com:

O Museu do Sertão na "Fazenda Rancho Verde" em Mossoró não pertence a nenhum órgão público, é de propriedade do seu criador professor Benedito Vasconcelos Mendes.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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