“Pegadas de um
Sertanejo: Vida e memórias de José Saturnino”
Uma biografia
inédita sobre a memória pernambucana ganha destaque por detalhar a epopeica
história de José Alves de Barros, conhecido como Zé Saturnino, arqui-inimigo do
lendário cangaceiro dos sertões nordestinos. Com um formato investigativo, os
pesquisadores e escritores Antônio Neto e José Alves Sobrinho, lançaram o livro Pegadas
de um Sertanejo: Vida e memórias de José Saturnino.
A obra
evidencia a saga sertaneja deste ícone de coragem e perseverança no tempo do
Cangaço, com o intuito de resgatar a verdadeira história de vida e memórias
familiares, de rixas e desafetos com o seu vizinho (Virgolino Ferreira -
Lampião), de sua atividade na polícia, de agricultor e criador de gado, até o
final de sua existência.
O livro conta
com 310 páginas e, nele, os autores revelam fatos e documentos coletados entre
os estados de Pernambuco e Alagoas, a fim de mostrar o outro lado da narrativa
sobre os cangaceiros, através de bilhetes, desabafos e confissões pessoais do
próprio Saturnino. O leitor, ainda, encontrará citações de fontes e a
genealogia da família Alves de Barros, na busca pela veracidade dos
acontecimentos e do conhecimento aprofundado para firmar no contexto histórico
brasileiro a imagem indelével da trajetória deste sertanejo obrigado a lutar
contra as circunstâncias de um tempo violento e conflituoso. “Esta história
precisava ser contada, pois era uma lacuna na memória da nossa cultura, era o
que faltava para completar esta história”, observa Antônio Neto.
Apesar de
evocar um cenário de barbáries e saques em pequenas cidades interioranas,
Lampião sustentou o medo como aliado aos mais fracos da Região, dos quais
cultivou incontáveis inimizades políticas. Mas, nenhuma delas surgiu de uma
jovial amizade entre famílias vizinhas que posteriormente se tornariam rivais,
aonde cultivaram desavenças que perdurou por muitos anos.
A pesquisa
A partir de dados reais e episódios verídicos em documentos da época do cangaço, tais como: fotografias, recortes de jornais, cópias de processos judiciais e arquivos de boletins da polícia militar de Pernambuco, a obra apresenta uma pesquisa minuciosa que durou cinco anos de dedicação plena dos autores, possibilitando o acesso a registros como o primeiro processo envolvendo Virgolino Ferreira e José Saturnino ainda na juventude, depoimentos dos mesmos e de testemunhas, além de dados sobre os ataques do “Rei do Cangaço” e seu bando às fazendas de Saturnino e dos Nogueira.
Antônio Neto e
José Alves Sobrinho são os organizadores da obra
Contemporâneos
ao biografado, Antônio Neto e José Alves Sobrinho ouviram relatos dos moradores
do semiárido pernambucano e do próprio “Saturnino da Pedreira”, localidade que
passaram parte da infância. Porém, recolher informações documentais e
processuais custou curiosidade, esforços e investigação histórica, motivadas
muitas vezes em contrapor registros bibliográficos sobre o debate em questão.
Filhos da mesma região sertaneja onde tudo iniciou, vivenciaram as agruras dos
conflitos existentes naquela época. Contudo, a riqueza de detalhes e imagens
contidas no livro lança um dossiê comentado sobre as memórias de Saturnino,
escapando das falácias fantasiosas sobre os causos de jagunços e cangaceiros,
até mesmo sobre a morte do pai de Lampião.
Por meio de
uma construção textual bem elaborada, onde cada capítulo reporta a uma
realidade de bravura e preservação patrimonial de um cidadão prudente e de
princípios, nos escancara a trajetória do valente José Alves de Barros, que
carrega um marco na História do Brasil, homem do qual nunca sofreu nenhum
ataque mortal por pressentir as ciladas do antigo amigo, Virgulino Lampião.
Toda renda
arrecadada na venda do livro será revertida na edificação da Biblioteca
Comunitária Luiz de Cazuza, que comportará um acervo com cerca de 5.000 títulos
e a versão digitalizada de todos os processos recolhidos para este trabalho
biográfico. Este equipamento cultural, uma iniciativa a ser construído nas
terras da Fazenda Pedreira, município de Serra Talhada, possibilitará o acesso
aos habitantes locais e alunos das escolas da zona rural. Além disto, a criação
do Centro de História e Pesquisa do Vale do Riacho São Domingos, o qual deverá
ter o nome de José Alves de Barros, ganha espaço na engenhosa construção.
Nota: Este anúncio foi publicado no dia 15 de maio de 2015 http://www.cultura.pe.gov.br/canal/literatura/livro-revela-trajetoria-do-maior-inimigo-de-lampiao/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário