Material do acervo do pesquisador Antônio
Corrêa Sobrinho
O SECRETÁRIO
DA SEGURANÇA, SR. URBANO PEDRAL SAMPAIO, CONSIDERA A MORTE DE CORISCO O FIM DO
BANDITISMO NO NORDESTE DO SEU ESTADO.
Um Telegrama
Confirmando um Programa de Ação.
“Corisco”
tombou, finalmente. Feroz, mais perverso, talvez, que “Lampião”, selvagem, mau,
vingativo, e sem aqueles rasgos de heroísmo que caracterizam, às vezes, os
próprios bandidos, “Corisco”, sabe-se agora, era um covarde. Transformara-se em
cangaceiro levado pela própria fraqueza moral. Deixara-se dominar, entretanto,
por uma mulher, e ele, que se acostumara a falar alto e a ver respeitadas as
suas ordens – sempre depois do combate – viu-se, por sua vez, inteiramente
dominado. Ela sim, era a alma danada daquele bando sanguinário, que levava
pelas caatingas a dentro as suas façanhas sinistras. Mais de uma ocasião
“Corisco” quis entregar-se, porém ela não o permitiu. E chegou às próprias
ameaças:
- Eu o matarei, nesse dia...
E, ainda que derrotado pelo próprio medo, Corisco continuou a sua trajetória sinistra. Até que uma bala, bem encaminhada, apagou – como há meses com “Lampião” – essa “lâmpada votiva do ódio”.
Deve-se ao Senhor Urbano Pedral Sampaio, secretário da Segurança da Bahia, grande parte desse tento assinalado na luta contra o cangaço. Graças à eficiente organização das tropas e ao auxílio do governo, vai desaparecendo a “chaga do sertão”.
Na entrevista que se segue, os leitores apreciarão o programa de luta traçado pelas autoridades baianas, descrito pelo Sr. Loureiro Sobrinho, a quem o secretário da Segurança relembrava, há tempos, um episódio íntimo. O Sr. Pedral Sampaio põe em aplicação, na Bahia, o cabedal de mais de vinte anos de experiência como zelosa autoridade carioca, no exercício das mais destacadas funções. O “Globo” dá assim, a palavra ao Sr. Loureiro Sobrinho:
- Poucas horas antes de partir, para assumir o cargo de secretário de Segurança Pública da Bahia, o Dr. Pedral Sampaio em nossa longa intimidade declarou que só aceitara a confiança que lhe dispensara o Sr. Interventor Landulfo Alves, então nomeado, a fim de poder prestar serviços, com a experiência que adquirira em vinte anos na polícia carioca, ao seu estado natal. – Lembrei-lhe naquela oportunidade que não deixasse de despender seus melhores esforços no sentido de extinguir num combate sem tréguas, o jaguncismo, que se apresentava como um dos mais deprimentes aspectos da nossa civilização. Trocamos aí ideias referentes a esse assunto, tendo anotado aquela digna autoridade como um dos pontos essenciais de sua futura ação. Já nem mesmo me recordava desse fato, tendo apenas lido a notícia dos jornais, referente à destruição do bando de Corisco, quando pela manhã recebi o telegrama em questão. Foi para mim grande satisfação, pelo destacado êxito da atividade da polícia baiana, realizando o feito que realmente engrandece o governo do grande estado da Bahia, e, principalmente, porque coube àquele brilhante amigo a tarefa sobremodo patriótica de planejar e proporcionar execução a um capítulo altamente social de seu programa.
Eis os termos do telegrama do doutor Pedral Sampaio:
“Dr. Loureiro Sobrinho.
Rosário, 129 – Rio.
Com a morte “Corisco” e ferimento grave sua companheira está virtualmente extinto banditismo nordeste baiano. Lembre-se que 18 horas, véspera minha partida V. traçou como um dos pontos meu programa extermínio aquela horda.
Abraços. – Pedral.”
Fonte: Jornal
O GLOBO – 28/05/1940
Fonte:
facebook
Página:
Antônio
Corrêa Sobrinho
Grupo:
Lampião,
Cangaço e Nordeste
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