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terça-feira, 19 de julho de 2016

FAZER AMOR E NÃO GUERRA

Por Analucia Gomes

O amor de Maria Bonita e Lampião provocou uma revolução no cotidiano dos cangaceiros. Uma sertaneja amoleceu o coração de pedra do Rei do Cangaço. Foi Maria Gomes de Oliveira, a Maria Déa, também conhecida como Maria Bonita à primeira mulher a entrar no cangaço. 

Antes dela, outros bandoleiros chegaram a ter mulher e filhos, mas nenhuma esposa até então havia ousado seguir o companheiro na vida errante no meio da caatinga. 

O primeiro encontro entre os dois foi em 1929, em Malhada de Caiçara (BA), na casa dos pais de Maria, então com 17 anos e sobrinha de um coiteiro de Virgulino. No ano seguinte, a moça largou a família e aderiu ao cangaço, para viver ao lado do homem amado. Quando soube da notícia, o velho mestre de Lampião, Sinhô Pereira, estranhou. 

Ele nunca permitira a presença de mulheres no bando. Imaginava que elas só trariam a discórdia e o ciúme entre seus “cabras”. Depois da chegada de Maria Déa, em 1930, muitos outros cangaceiros seguiram o exemplo do chefe. Mulher cangaceira não cozinhava, não lavava roupa e, como ninguém no cangaço possuía casa, também não tinha outras obrigações domésticas. 

No acampamento, cozinhar e lavar eram tarefa reservada aos homens. Elas também só faziam amor, não faziam a guerra: à exceção de Sila, mulher do cangaceiro Zé Sereno e com Maria Bonita não foi diferente. Desde que passou a ter Maria Bonita a seu lado, Lampião alterou a vida de eterno nômade por momentos cada vez mais alongados de repouso, especialmente em Sergipe. 

A influência de Maria Déa sobre o cangaceiro era visível. “Lampião mostrava-se bem mudado”. Sua agressividade se diluía nos braços de Maria Déa. Lampião e Maria tiveram uma filha, Expedita, nascida em 1932. Pernambucano de Mello. Foto: Expedita Ferreira.

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