Por Clerisvaldo B.
Chagas, 22 de agosto de 2016 - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.564
Meu pai
costumava ilustrar suas lições indiretas e suaves de fé em Deus e dignidade.
Não lia tanto quanto eu, mas aproveitava cem por cento o que havia lido. Não
demorava muito para que a sua novo leitura tivesse um destino certo, pois quase
sempre caía sobre o galego afogueado. E foi assim que ele falou sobre dois
montanhistas em cima da serra, surpreendidos pela nevasca. Ambos trataram de
descer imediatamente, mas iam sentindo cada vez mais dificuldades crescentes. O
tempo piorava. Rogavam a Deus constantemente e deslizavam pela corda. Já
exaustos, sem conseguirem enxergar mais nada, apelaram para Deus novamente. Uma
voz chegou até eles dizendo: “cortem as cordas!”. Um deles não quis cortar as
cordas e morreu congelado. O outro cortou as cordas quando caiu e notou que
estava apenas a um metro do solo. Escapou.
Foto divulgação
Lembrei a
lição assim que fui surpreendido por um fato inédito nas Olimpíadas.
Particularmente escolhi o “meu herói” olímpico pela sua coragem, tirocínio e
dignidade. Sem alternativa na busca do ouro, o jovem Thiago Braz deparou-se com
um possível empate, uma prata ou um nada. Veio-lhe de repente um daqueles
pensamentos históricos de Napoleão Bonaparte: “Aumentem o sarrafo!”. Uma coisa
jamais vista numa Olimpíada, surpreendeu o mundo. E o francês... O francês
campeão que se achava o máximo e desdenhava o brasileiro, morreu duas vezes na
descida inglória.
E nós, tristes
moradores de Deus, vamos seguindo na passividade de sempre; aguardando que os
ladrões indiquem o caminho pátrio em que devemos seguir. Pobre povo brasileiro,
driblado o tempo todo entre a corrupção, a “gang” engravatada e a injustiça.
Onde está a coragem para cortar a corda?
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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