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domingo, 29 de janeiro de 2017

AS CANGACEIRAS, TRAIÇÕES E PENA DE MORTE

Por Paulo George

Lampião era um disciplinador por excelência, apesar de comandar homens rudes e violentos, cada um querendo se mostrar mais valente do que os outros, eram raras as brigas entre eles. Havia muitas discussões por causa de jogo de baralho, mais brigas para valer não eram toleradas pelo capitão.

Com a presença de mulheres no bando um novo item passou a fazer parte do regimento disciplinar: o respeito. Os casais gozavam de privacidade nos acampamentos com direito de barracas isoladas das demais.

As mulheres deviam fidelidade absoluta aos seus homens. Lampião não permitia a mulher infiel ao seu homem, pois sabia que disputa no bando pelas fêmeas teriam consequências incontroláveis, perturbando a harmonia entre seus meninos. 

Houve fatos que marcaram a história das mulheres cangaceiras, foram as tragédias passionais, envolvendo Lídia, Lili e Cristina. Lídia (Lídia Pereira de Souza) mulher de Zé Baiano (José Aleixo Ribeiro da Silva) traiu seu companheiro com o cangaceiro Bem-te-vi e foi morta a pauladas por seu feroz companheiro. Lili (Maria Lídia Xavier) foi primeiro a mulher de Lavandeira (Joao Alves Teixeira). Quando Lavandeira morreu, em 1933, ela ficou com Mané Moreno (Manoel Ribeiro da Silva, primo de Zé Baiano).

Depois, Mané Moreno passou a viver com Áurea, e Lili juntou-se a Moita Braba (José Batista dos Santos), um cabra nascido na Várzea da Ema. Lili era uma mulata clara, cheia de vida, assanhada. Certo dia moita braba pegou ela em pleno ato sexual com o cangaceiro Pó Corante (Martins da Silva). Pó Corante conseguiu fugir pelo mato nu, mais Lili não teve a mesma sorte, morreu na hora, seis tiros.

Cristina de Português (Francelino do Juá) teve um caso com Jitirana que era cabra de Corisco. Jitirana queria ficar com ela, mas Corisco não consentiu. Mandou os cabras levar ela até um certo ponto, onde um coiteiro estava esperando pra ela ir ficar com a família, foi morta no meio do caminho a mando de Corisco. Esse fato ocorreu uma semana antes do acontecido em julho de 1938 no Angico. 

Outro caso grave envolvendo mulheres foi a morte do cangaceiro Antônio de Engrácias, homem de confiança de Lampião, que teria sido assassinado pelo próprio irmão Cirilo de Engrácias  numa bebedeira em um forró, próximo a Várzea da Ema-Ba. Cirilo matou o irmão por ciúmes.

Quando um cangaceiro morria, a companheira teria que ficar com outro dentro do grupo. Caso curioso o de Joana Gomes, que viveu quatro anos com Cirilo de Engrácias, e quando ele morreu, ela se juntou ao cangaceiro Jacaré que morreu também, e por isso, nenhum cangaceiro quis ficar com ela, pois os cabras achavam que ela dava azar. Joana foi expulsa do bando, teve sorte, pois era tempos de Lampião não aceitar ninguém abandonar o grupo, pois um ex-cangaceiro (a) era um arquivo vivo, podia sair falando segredos do bando. Se insistisse em sair, a sentença era a morte, como aconteceu com Rosinha segunda mulher de Mariano. Na morte de Mariano nenhum cabra queria ficar com Rosinha. Ela pediu muito a Lampião para ir ver os pais. Lampião ordenou para ela ir e não demorar muito, pois era um risco cair nas mãos da volante. Rosinha com muitas saudades da família demorou uns dias. Lampião ficou preocupado, e gostava muito de Mariano, e ordenou que Luiz Pedro resolvesse o que fazer com Rosinha. Mandou Elétrico e Luiz Pedro ir buscar ela, marcando outro lugar para o encontro. Rosinha chegando, tentou explicar que seu pai tinha adoecido. Lampião disse:

- Rosa, porque você passou de minhas ordens?

Rosinha trêmula, diz:

- É que meu pai estava doente...!

Lampião:

- Mentira, Rosa! Você sabe que me contam tudo, Luiz Pedro vai com os meninos pegar umas encomendas na fazenda Paus Pretos. Acompanhe eles.

Sem alternativa, Rosinha acompanhou os cabras, e no caminho, muito apreensiva, procurou puxar conversa com eles, mas ninguém lhe dava a atenção. Para eles, uma conversa amigável iria tornar a situação difícil na hora de executar Rosinha.

Ao cruzar um riacho perto das pias das panelas, Pó Corante, amigo do peito de Rosinha, encostou por trás da cabeça dela sua pistola, e desfechou um tiro no ouvido. O corpo foi enterrado lá na beira do riacho. 


Lampião e suas leis...

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