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segunda-feira, 12 de junho de 2017

VENDEDORES AMBULANTES DAS RUAS DE POMBAL DÉCADA DE 1960. LAMPARINA SEM PAVI.

Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Muito embora "Lamparina Sem Pavi" seja colocada no hall dos loucos das ruas de Pombal, ela não tinha nada de louca. "Lamparina" era uma batalhadora nessa luta pela sobrevivência que perneia as mulheres sertanejas.

"Lamparina sem Pavi" morava na Rua do Guindast, e tinha um filho que também chamávamos pela alcunha de "Lamparina", que ao completar a maioridade foi embora para São Paulo e nunca mais voltou a Pombal. 


Ela era vendedora de água, tapioca e cocada na "pedra da estação", no tempo em que a locomoção entre Pombal e Fortaleza era feita pela linha férrea.

— Água fria e gostosa a dez centavos a caneca. Pague antes de beber e devolva o copo que tem mais gente com sede. Se não beber agora só vai beber a água barrenta de Arruda Câmara,

E seguia de janela em janela, “Lamparina sem Pavi” vendendo água. De repente um moleque a chama pelo apelido, ela disparava tamanhos palavrões que fazia a freguesa desavisada se engasgar com a água que acabara de comprar.

Lamparina era o que chamávamos de "desbocada": Não tinha nem um respeito pelos seus clientes. Qualquer um que recusasse a sua oferta de venda ela o chamava de "fi de rapariga miseravo".


Como não era permitido adentrar os vagões de trem, a venda era feita através das janelas do trem e tinha que ser rapidamente. 

Também a época não existia o copo descartável: a água vendida era paga adiantada e servida no copo de "Lamparina". Cansada de perder copos ao arranque do trem, Lamparina inventou de amarrar o copo que servia água a um cordão. Vez por outra um cliente cortava o cordão e levava o copo de "Lamparina Era ai que se ouvia o grito:

-Seu fi de rapariga miseravo, devolva meu copo seu fi da puta.


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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