PRÓLOGO
Apresentando ao publico estas notas de reportagem sobre o bandido “Lampeão”,
não tenho, absolutamente a vaidade de fazer literatura nem figuras de
rhetorica, o que seria expor-me ao ridículo, dada a minha reconhecida falta de
illustração.
Ex-reporter da imprensa indígena, aprendi a observar os factos em todas as suas
minudencias, a fim de tirar delles o maior proveito possível, no exercício de
minha profissão.
Deixando, definitivamente, a redacção de “O Norte”, onde mourejei por oito
annos a fio, tive de acceitar um modesto cargo no funccionalismo publico do
Estado, para o que fixei residência na cidade de Princeza, nos primeiros dias
de março de 1921.
Neste rincão sertanejo, ponto de incursão de “Lampeão” e seus sequazes, mercê
da vizinhança das fronteiras pernambucanas, despertou-se-me a idea de organizar
dados sobre a vida do Rei do Latrocinio, tão em foco, desde alguns annos, nos
annaes da celebridade nordestense.
Para conseguir este desideratum, não vacilei em viajar nas zonas de Pagehú e
Navio, Pernambuco, estudando logares e convivendo com o que de peor existe
naquellas plagas.
Colligidos os informes, porque tanto anciava, regressei radiante.
Ultimamente, vindo a esta capital, concatenei-os no intuito de enfeixal-os em
volume, sob os auspicios do meu eminente amigo, deputado José Pereira Lima, a
mais prestigiosa potencia política do sertão.
Parahyba,
outubro, 1926
ÉRICO
D’ALMEIDA
FONTE: Almeida,
E. – 1926 – Lampeão – sua história. Imprensa Official, 130 pp., [6] ests.,
Parahyba (João Pessoa).
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogodmendesemendes.blogspot.com
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