Por João Filho de Paula Pessoa
Nos anos 30 surgiu no sertão do nordeste a figura do Retratista, aquele que
batia retratos, ou seja, o fotógrafo. Estes retratistas vagavam pelos
interiores captando imagens de Famílias, Casais, Fazendas, Igrejas, Eventos e
coisas ou situações que pudessem render algum dinheiro com a venda das fotos e,
quanto mais impactante fosse a foto mais vendia. Com isso, passaram a registrar
as cabeças decaptadas dos cangaceiros pois era venda certa, vendiam às autoridades,
à coronéis, em feiras e principalmente à jornais e periódicos da época. Dentre
estes retratistas estava o alagoano João Damasceno Lisboa, o Joãozinho
Retratista, que não era apenas fotógrafo, mas também artista plástico e
escultor nato, dentre outros talentos. Joãozinho Retratista, com seu talento, inovou
as fotos do cangaço morto, pois ele não batia a foto pura e simplesmente na
forma em que as encontrava, ele fazia uma Arte Plástica com as cabeças,
envolvendo os despojos do falecido, arrumava-as e posicionava-as de forma
artística para o registro. Foi dele a histórica foto das cabeças de Angicos, de
Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, devidamente arrumadas e
posicionadas na escadaria da Igreja de Piranhas, com os objetos, chapéus,
armas, bornais, cantis, cartucheiras, máquinas de costura e demais pertences
emoldurando as cabeças ao centro, criando um inovador e impactante efeito
visual para a época. Joãozinho ficou famoso também como escultor e faleceu em
1990 deixando muitas obras de arte pelo Sertão do Nordeste.
João Filho de Paula
Pessoa, Fortaleza/Ce. 13/01/2020.
http:/blogdomendesemendes.blogspot.com
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