Por Luiz Serra
O Engenheiro
carioca Bernardo Sayão já estava na região centro-oeste, em Anápolis, quando
iniciou projeto de colonização desde Getúlio Vargas. Juscelino decidiu pela
implantação de nova capital, contatou Sayão que chegou ao planalto deserto e
fez limpar área de campo para aterrissar um avião. Dias após, desce neste
descampado um bimotor da FAB, C-47, com a comitiva. JK ficou dentro do avião
olhando pela porta aberta da aeronave a imensidão do cerrado. Um assessor
alertou ao presidente: “Aí tem onça!!
Mas, se ouviu uma voz forte vinda do lado de fora. “Pode descer, presidente, eu garanto”.
Era Bernardo Sayão, que estava próximo de um pequeno Jeep Land Rover.
[Episódio me narrado, em 2002, por uma ilustre vizinha que tive na capital: Sra. Lea Sayão, filha e biógrafa do Dr. Sayão.
Capital
iluminada .- drone CNN
Acabou que o
engenheiro Sayão iniciou a planificação da futura cidade, limpeza e preparo
para edificação de rodoviária, nova cidade de apoio (Núcleo Bandeirante),
aeroporto, etc. Mas Brasília ficaria isolada do Norte do país, havia
necessidade de ligação com os estados do Norte e Nordeste. Sayão foi incumbido
de rasgar a floresta amazônica para abrir a Belém-Brasília. Quando a frente de
dois mil trabalhadores estava próximo a Açailândia, Maranhão, despenca um
enorme tronco de jatobá. Sayão ainda consegue empurrar seu topógrafo, mas foi
atingido fatalmente.
Arquitetos
Niemeyer e Lúcio Costa. - Memória JK
“Abrir uma estrada que cortasse o país inteiro de norte a sul era um sonho juvenil de Bernardo Sayão, ele era muito grato a JK pelo comando desse projeto”.
JK
e Sayão, cafezinho com operários, na Cidade Livre - Memoria JK
Ronaldo Costa Couto, jornalista e historiador
Bernardo Sayão
não era empreiteiro particular à época da construção de Brasília, como informou
uma revista semanal. Era vice-governador de Goiás e fazia obras de pontes e
viadutos em lugares esquecidos pelos “civilizados” do Sudeste. Sacrificou a
própria vida ao organizar e realizar a maior estrada em floresta densa do
mundo, ligando Anápolis a Belém.
No canteiro de obras, Sayão com pilotos da FAB - Memória JK
Para tal evento não se cogitava licitação,
visto que até companhias americanas consideravam uma aventura perigosa para um
objetivo quase impossível — os militares, idem. JK confiou e Sayão conseguiu o
impraticável ao concretizar um sonho partilhado. Caso o centro do país
continuasse sem a ligação com os estados do Norte, Brasília seria inviável aos
olhos de todos. O dr. Sayão, avesso a escritórios políticos e salamaleques,
embrenhou-se na mata durante dois anos (de 1957 a 1959), com 2 mil peões e
alguns indígenas, e saiu de lá morto, vitimado pela queda de um enorme jatobá
que tombara antes da hora. A rodovia foi concluída alguns dias depois.
SERRA.LA.,
Correio Braziliense, 13 de janeiro de 2006
Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal
Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal
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