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quinta-feira, 23 de abril de 2020

SÓ PARA CONHECIMENTO - A GRIPE ESPANHOLA DE 1918

Por Geraldo Maia do Nascimento

No período de 8 de outubro de 1918 a janeiro de 1919 o Município de Mossoró foi assolado pela Gripe Espanhola, uma pandemia do vírus influenza[1] que se espalhou por quase toda parte do mundo. Foi causada por uma virulência incomum e frequentemente mortal de uma estirpe do vírus Influenza “A” do subtipo H1N1. A gripe espanhola apareceu no final da I Guerra Mundial e, em menos de um ano, matou milhões de pessoas. A epidemia foi tão severa que nos Estados Unidos, onde um quarto da população foi infectada e 675 mil pessoas morreram, a expectativa de vida caiu em 10%. A denominação “gripe espanhola”, segundo alguns autores, surgiu na Inglaterra, em fins de abril de 1918. Duas são as principais hipóteses para essa denominação: a primeira partia do pressuposto errôneo de que a moléstia havia se originado na Espanha e/ou lá fizera o maior número de vítimas. Outra explicação afirmava que a Espanha, país neutro durante a I Guerra Mundial, não censurava as notícias sobre a existência da gripe epidêmica, daí a dedução equivocada de que a enfermidade matava mais naquele país. A primeira notícia do vírus da gripe espanhola no Brasil foi de setembro de 1918, logo depois da chegada de um navio com imigrantes vindos da Espanha. Vários deles apresentavam sintomas da gripe. Outro relato dizia que alguns marinheiros sentiram estranhos sintomas a bordo de um navio ancorado em Recife. O fato é que no início de novembro de 1918 a doença já tinha alcançado vários pontos do Brasil. As cidades portuárias foram as que mais sofreram. No Rio de Janeiro, morreram 17 mil pessoas em dois meses. Os familiares, desesperados, jogavam seus mortos na rua com medo de contrair a doença. As avenidas ficaram cheias de cadáveres e presidiários foram obrigados a trabalhar como coveiros. Os bondes circulavam abarrotados de corpos. Na frente das principais igrejas, milhares de famílias se reuniam para pedir ajuda a Deus. Em São Paulo, foram mais de 8 mil mortos. Entre as vítimas da gripe estava o Presidente da República Rodrigues Alves. Eleito para cargo pela segunda vez, não pode tomar posse e morreu no dia 16 de janeiro de 1919. Os médicos, também alarmados, não sabiam o que receitar e indicavam canja de galinha. O resultado foram saques aos armazéns atrás de frangos. Os jornais afirmavam que o tratamento deveria ser feito à base de cachaça com limão ou uísque com gengibre. No Rio de Janeiro, o sanitarista Carlos Chagas comandou o combate à enfermidade. Em Porto Alegre foi criado um cemitério especialmente para as vítimas da gripe espanhola. Em todo o país foram cerca de 300 mil mortos. Foi a maior epidemia da história, uma pandemia. Ao passo que a I Guerra Mundial, de 1914 a 1918, matou aproximadamente 8 milhões de pessoas, a gripe espanhola foi fatal para mais de 20 milhões de seres humanos de todo mundo. Nada matou tanto em tão pouco tempo. O vírus mutante da gripe assumiu características tão singulares em 1918, que a chamada influenza espanhola, até hoje, apavora quem procura entender o que aconteceu naquele ano. Diante da tragédia Jerônimo Rosado, na qualidade de Presidente da Intendência, mobilizou todos os recursos de assistência disponíveis, quer improvisando isolamento de doentes, quer pessoalmente dirigindo socorros médicos em remédios e alimentos aos pobres abandonados. Graças a esses esforços, a doença ceifou aqui poucas vidas.   [1] Existem três tipos de vírus influenza/gripe que circulam no Brasil: A, B e C. O vírus influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza “A” responsável pelas grandes pandemias.  


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