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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O FOGO DE MEIA NOITE.


Por João Filho de Paula

O Mestiço Antônio Bagaço, conhecido como Meia Noite foi um dos mais valentes e destemido cangaceiro que já existiu, era uma fera e não temia nem mesmo Lampião. Em 1924 se desentendeu com os irmãos de Lampião e rompeu com Lampião e todo seu bando, vagou um pouco na solidão e tentou se reestabelecer numa vida normal junto à seu amor antigo, Zulmira, no Sítio Tataíra em Triunfo. Mas logo a notícia chegou ao Coronel local, que enviou uma tropa de uns quinze homens para dar cabo do afamado cangaceiro, chegaram à noite ao local onde estava Meia Noite, uma pequena casa de farinha vizinha à casa do sítio, e gritaram para ele se entregar, que lhe garantiriam a vida, mas ao terminar o anúncio, o cabra que gritou tombou para trás morto por um tiro certeiro vindo da casa e começou um tiroteio medonho por parte de Meia Noite, de mosquetão pela porta da frente, e de Zulmira, que tanto municiava seu companheiro, como atirava de parabélum por outra porta da casa, empreendendo assim um fogo sem trégua, por toda noite e madrugada à dentro, em que Meia Noite atirava, gritava, xingava e cantava.

O som dos tiros varando pela madrugada chegou na cidade de Patos da Baixa Verde de onde se deslocou uma numerosa tropa de soldados que chegou ao local do combate por volta das quatros horas da manhã.

Diante do grande número de soldados, mais de oitenta, Meia Noite já com pouca munição e a casa se despedaçando pelos tiros, sabia que não resistiria muito mais tempo de combate, pediu então garantia de vida só para sua mulher, pois para ele sua garantia estava em suas mãos, e se garantissem a vida de sua mulher ele saíra da casa para lutar cara a cara. O tenente então deu garantia de vida à Zulmira, que saiu da casa correndo e desapareceu entre a fumaça e a noite, sem ser pegue pelos soldados.

Após, gritou Meia Noite “Te prepara mundiça, que eu vou sair” e saiu mesmo, com sangue nos olhos, atirando, gritando e correndo em meio à fumaça dos tiros, furando o cerco da artilharia no rumo de uma cerca de arame, que ao pular foi atingido por um tiro, caiu de mau jeito, quebrou um braço e continuou correndo e desaparecendo na caatinga nos últimos momentos de noite que ainda restavam, sobrevivendo à esta prova de fogo. 

João Filho de Paula Pessoa/Fortaleza/Ce., 31/08/2020.

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